sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Monte Roraima - Brasil - Uma Escalada ao Mundo Perdido

“O Roraima é a parede mais exótica do Brasil. A montanha é mágica”
"Roraima o lar de Macunaíma, o deus da tempestade"
"O Roraima com os flancos cobertos por neblina, com seus quase 2.800 metros de altitude, sua formação geológica é considerada uma das formações geológicas mais antigas de todo o planeta".
Roraima, Aspectos Geográficos e Socioeconômicos de Roraima | Estado de  roraima, Mapa, BrasilCapitais do Brasil

O estado de Roraima é o menor nos quesitos população e densidade demográfica da nação brasileira. Ele fica localizado na região norte e é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Quem nasce nesse estado é roraimense.

Possui somente 15 municípios e faz fronteira com: Venezuela ao norte e noroeste; Guiana ao leste; estado do Pará ao sudeste; e estado do Amazonas ao sul e oeste.

A palavra Roraima é originada de línguas indígenas e tem três significados: “Monte Verde”, “Mãe dos Ventos” e “Serra do Caju”. Serra Verde - por que representa a paisagem natural e específica da região; Mãe dos Ventos - por causa do clima da região e os índios acreditavam que os ventos que atingiam o sul da Venezuela seriam originário do lugar; Serra do Caju - por conta do grande número de serras e colinas que existem naquela região.


O estado de Roraima fica localizado em uma região periférica da Amazônia Legal, no noroeste da região norte do Brasil. A Floresta Amazônica predomina no estado e existe ainda, uma grande faixa de savana no centro-leste. Fixado no Planalto das Guianas, uma parte ao sul pertence à Planície Amazônica.

MISTERIOSO....LINDO....


Idílico, lendário, amaldiçoado, inatingível, misterioso. Poucos locais congregam tamanha aura de fábula e mistério quanto o Monte Roraima, de 2.739 metros.
















Encravado no extremo norte do Brasil, na fronteira com a Guiana e a Venezuela, o Monte Roraima é uma gigantesca chapada com paredões íngremes de arenito rajado de mais de 500 metros de altura.

O Roraima irrompe abrupto da Floresta Amazônica como as falésias de uma ilha num oceano verde. Quase sempre oculto pela neblina, o topo é açoitado por vendavais...
... O primeiro europeu a avistar o Roraima foi o poeta e explorador inglês sir Walter Raleigh (1552-1618). Em “A descoberta da Guiana” (1596), o relato de sua busca do Eldorado, a lendária cidade de ouro perdida na selva.
Raleigh fala de “uma “montanha de cristal”. Lá em cima, havia uma cachoeira. Penso não existir no mundo catarata tão estranha nem tão maravilhosa ao olhar. Nenhum homem ascendeu ao topo da montanha. O caminho era intransponível”.
Resultado de imagem para OS MISTÉRIOS DO MORRO RORÂIMA
DESLUMBRANTE....
MAGESTOSO... MISTERIOSO...


Localização do Monte Roraima, na tríplice fronteira, entre Brasil, Venezuela e Guiana.
Intransponível é um certo exagero. Quase 300 anos depois, em 1886, o botânico inglês sir Everard im Thurn descobriu um caminho para subir ao topo, pela Venezuela. O primeiro brasileiro a chegar lá em cima foi o marechal Cândido Rondon. Em 1927, ele fincou ali a pedra que demarca a tríplice fronteira entre Brasil, Guiana e Venezuela. Mas a imponência da montanha permaneceu um desafio para os escaladores por mais um século. Só nos anos 1970 uma equipe inglesa conseguiu chegar ao topo pela parede.
Monte Roraima Um Local Sagrado e Ceio de Mistérios no Norte do Brasil














O feito foi repetido apenas duas vezes, por equipes americanas. Um grupo brasileiro também chegou ao topo, em 1991, mas pelo lado nacional, onde a parede é bem mais baixa. Em janeiro, pela primeira vez um trio de escaladores brasileiros conquistou a face mais desafiadora do Roraima.
Há séculos a montanha fascina exploradores. Ela inspirou sir Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, na ambientação de O mundo perdido (1912), romance sobre uma expedição a um platô esquecido na Amazônia, infestado por dinossauros. Para os índios pemons da Venezuela, o monte é Roraimu, o “gigante azul” (de rora, azul, e imü, grande), o lar de Makunaíma, o deus da tempestade.
Em 2007, o fascínio do Roraima levou os desenhistas do estúdio de animação Pixar a viajar pelo topo (em helicópteros) para estudar sua vegetação e relevo. O Roraima foi o modelo do Paraíso das Cachoeiras de Up - Altas aventuras (2009), o cenário inóspito que o rabugento Carl e sua amada, Ellie, sonhavam explorar desde a infância. “O Roraima é a parede mais exótica do Brasil. A montanha é mágica”, diz o paulista Eliseu Frechou, de 41 anos, 26 deles dedicados à escalada em rocha.


Frechou e seus amigos, o fotógrafo Marcio Bruno de Almeida, de 35 anos, e o empresário Fernando Leal, de 50, embarcaram em 9 de janeiro num helicóptero Long Ranger na cidadezinha venezuelana de Santa Elena de Uairén.
 Após uma hora de voo e 130 quilômetros de floresta, já no território da ex-Guiana Inglesa, o helicóptero atingiu a base do maciço rochoso.

O piloto venezuelano, Rafael, flanqueou a falésia à procura de uma clareira. Não havia. Avistou uma brecha na mata e gritou: “É aqui. Pulem que daqui eu não passo”. Os brasileiros jogaram 170 quilos de equipamento - e saltaram. “A gente resolve a vida assim, em 30 segundos. O caminho é sem volta”, diz Frechou.

Em 2008, a equipe havia decolado num helicóptero de Boa Vista, em Roraima, mas não conseguiu pousar. “O piloto deu para trás”, diz Frechou. “A montanha é assustadora. Está sempre coberta de nuvens. Estamos na linha do Equador, tudo a nossa volta é tropical, mas o Roraima está sempre frio e com chuva. Rafael é o cara.” A decisão de voar até a montanha pela Venezuela e escalar pelo lado da Guiana foi estratégica. “A parte brasileira do monte fica num parque nacional, e para chegar nele é preciso passar pela reserva indígena Raposa-Serra do Sol. É preciso pedir permissão à burocracia do governo”, diz Frechou. “Na Guiana não há nada disso. E as paredes são maiores.


O trio viveu 12 dias enganchado na parede do Roraima até atingir o topo, em 22 de janeiro. 

Foram 650 metros de ascensão, sendo 500 metros de rocha vertical.

Eu já escalei no frio e no deserto, mas nunca tinha escalado num lugar tão inóspito e selvagem.

A afirmação não é trivial. Instrutor de escalada, Frechou mora em São Bento do Sapucaí, São Paulo, com a mulher e os três filhos moleques.

De sua janela se vê a Pedra do Baú, uma das paredes mais difíceis do país, onde treina desde adolescente. 

Seu currículo inclui os mais perigosos desafios geológicos verticais do planeta. 


Em 1994, enfrentou em nove dias os 850 metros do El Capitan, no Parque Yosemite, na Califórnia.

Em 1996, foi ao Mali para subir em seis dias - a temperaturas de até 53 graus célsius - os 550 metros do Kaga-Tondo, no Deserto do Saara. Frechou subiu dezenas de paredes no mundo. 

Faltava o Monte Roraima. Para chegar à base da parede, os brasileiros cruzaram 1 quilômetro de pântano com lama pelas canelas.


QUANTO MISTÉRIO... LINDA DEMAIS....

SUA MAGESTADE, MACUNAÍMA...
IMPONENTE... PERTENCE AOS DEUSES....

Aproveitaram a luz da tarde para estudar a parede e, traçando rotas imaginárias no penhasco, escolher a que parecia ser a melhor - ou a única viável. Em 10 de janeiro, o primeiro dia da escalada, acordaram às 4h30, tomaram café, comeram frutas secas e cereais. Às 6 horas estavam na parede. Márcio Bruno liderava. “O começo me aterrorizou um pouco”, diz. “Tinha muita rocha podre.

Passei a corda numa pedra maior que uma bola de basquete. Ela se mexeu. Devia pesar uns 40 quilos. Se tivesse rolado, nos arrastaria parede abaixo.” Frestas e brechas com pedra solta, terra e sujeira - além de escorpiões-negros que infestam toda a parede - eram uma constante.

Apesar da instabilidade da rocha, no fim do dia eles venceram os primeiros 120 metros. Dormiram num platô. No dia 11, a parede deixou de ser vertical para ganhar inclinação negativa. Os homens, agarrados à rocha, viraram lagartixas. Nos três dias seguintes, eles avançaram 200 metros. Paravam quando achavam um platô com espaço para amarrar os equipamentos e a si próprios nos sacos de dormir. Dormiam enganchados à beira do abismo.

Na tarde do quinto dia, o tempo ficou ruim. Começou a chover”, diz Frechou. No sexto dia, eles chegaram a um platô de 4 metros quadrados. E ficaram. “Foram quatro dias amarrados na parede, dormindo um por cima do outro, sem poder se esticar. Prendemos uma lona para nos proteger do vento, mas não havia jeito. A chuva era torrencial. A água escorria pela parede. Ficamos encharcados.” A única boa lembrança daqueles dias foi a comida liofilizada.
 Casas na Pedra - A equipe dorme em barracas presas na rocha do monte que inspirou
o Paraíso das Cachoeiras, de Up - Altas aventuras.
Casas na Pedra - A equipe dorme em barracas presas na rocha do monte que inspirou o Paraíso das Cachoeiras, de Up - Altas aventuras.

Eles ferviam água da chuva e enchiam saquinhos para reidratar o alimento. “Tinha peito de peru, mousse de chocolate e açaí. Era bom para caramba!”, diz Frechou. O tempo era gasto em conversas ao som de iPods com Neil Young, Nathalie Merchant, música eletrônica e trance progressivo. “Irado!

No oitavo dia a chuva parou. “O plástico salvou nossa vida. Passamos mal, mas não adoecemos”, diz Bruno. Com o céu azul, retomaram a subida. Mas, com a rocha ainda úmida, o avanço foi pequeno. A arrancada ao cume começou no dia 19. Os últimos 200 metros de parede foram vencidos em 72 horas.

Às 12h45 de 22 de janeiro, Frechou atingiu o topo. A sua frente, e vários quilômetros além, estendia-se o cimo da chapada. Lá em cima não há árvores, só arbustos, rocha e poças d’água. “Vimos pássaros, um gambá e montes de caranguejeiras do tamanho de laranjas”, diz Frechou.

O Roraima com os flancos cobertos por neblina, com seus quase 2.800 metros de
altitude, sua formação geológica é considerada uma das formações geológicas mais
antigas de todo o planeta. Image by © Martin Harvey/Corbis
As aranhas eram atraídas pelo calor de nossos corpos e pelo sal do suor. Entravam nas roupas, nas botas e meias. Mas não fomos picados.” Para chamar o helicóptero, dispararam o spot, aparelho que enviou um sinal por satélite a Rafael.

http://tantettaus.blogspot.com.br/2014/04/brasil-monte-roraima-uma-escalada-ao.html
[2] O Brasil na Lenda e na Cartografia Antiga Vol. 199 – Gustavo Barroso,  1941, Pág.14,65,73, 79,83,88,97,

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