Ilhas, abrigos para fugir das inundações;
Ilhas artificiais na Amazônia, cálculos avançados de engenharia;
Ilhas, legado dos antigos povos indígenas
Vestígios datam de até mil anos antes de Cristo;
Ilhas artificiais na Amazônia estão localizadas em reservas indígenas;
A calamidade não é nova. Já aconteceu outros anos e até com maior intensidade em decorrência do extraordinário índice pluviométrico que caracteriza a região.
Nada de aquecimento global e outras teorias que aplicadas ao caso são bobagens risíveis.
Enquanto essa desgraça atingia a uma vasta população já acostumada ao fenômeno, o blog Mar sem fim publicava uma descoberta arqueológica que, como diz esse blog, revela o quanto a Amazônia ainda é desconhecida e pouco pesquisada.
O fato pode ser espantoso para quem não acompanha blogs como nosso, ou outros seriamente interessados nas riquezas da Amazônia, não só naturais mas históricas e culturais.
Mas acontece que pesquisadores estão desvendando na Amazônia obras de engenharia comparáveis às pirâmides do Egito.
Sim comparáveis pela sua dimensão e conhecimentos de engenharia!
Pelo contrário, tudo leva a supor que são remotos descendentes de civilizações decaídas que existiram antes de espanhóis e portugueses chegarem.
Mais, foram erguidas nos períodos pré-colonial e colonial, no mínimo. Possivelmente, até muito antes disso, segundo acredita o arqueólogo Márcio Amaral, escreve Mar sem fim.
As ilhas artificiais quebram o mito de as populações indígenas serem extremamente limitadas em seus conhecimentos antes da chegada dos europeus.
“As evidências corroboram a teoria de que a Amazônia era densamente povoada. E formada por sociedades organizadas e muito complexas, antes da colonização”, diz Amaral.
Amazônia Pré-colonial - Boa Esperança
https://www.youtube.com/watch?v=Grco2G1lkVg
Essas ilhas artificiais são apenas uma parte de um total de 250 sítios arqueológicos registrados em um quadrilátero de 180 mil quilômetros.
Desses, 65 mil quilômetros estão associados à distribuição das ilhas.
Elas são morros na realidade erigidos por civilizações multisseculares em várzeas para sobre eles construírem as aldeias abrigadas na época das cheias, aliás como a atual, acrescentamos nós.
Segundo a dinâmica de área, uma várzea costuma inundar ao menos seis meses do ano.
Cada uma tem entre seis e sete metros de altura acima do nível da várzea e a extensão varia de um a três hectares.
As ilhas artificiais são conhecidas pelos ribeirinhos como “aterrados”, que também as identificam como “construção de índio”.
Próximo a um aterrado sempre existe uma depressão, com dimensões em torno de 25 por 50 metros. São conhecidas pelos ribeirinhos como “cavados”.
Era desses locais que os saía a terra para a construção. “Ainda hoje tem muita gente que mora nos aterrados”, diz Amaral.
“Foi uma resposta complexa das antigas civilizações para sobreviver na época das cheias. E que não envolve apenas o método construtivo.”
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construídas por indígenas ao longo de 4 anos. 'Aterrado 21'. Imagem, Márcio Amaral
“Uma das maiores ilhas artificiais tem largura de cerca de 220 metros na base e no topo mede 45 metros.”
Isso foi calculado para uma melhor distribuição do peso da terra, afirma Amaral, a fim de que as ilhas se sustentassem.
O próprio volume de terra movimentado já mostra a necessidade de muitas pessoas atuando com muita organização.
“Construir estruturas com essas dimensões, com milhares de toneladas de terra, e sem maquinário, é realmente surpreendente”, acrescenta.
As ilhas artificiais foram posicionadas em locais estratégicos, próximos a muitos recursos necessários à sobrevivência, como a oferta de proteína animal.
“Elas foram construídas ao lado de bocas de paranás e lagos. Locais com fauna rica e diversificada, com muitos peixes, quelônios e jacarés.”
O conhecimento dos ribeirinhos também indica, segundo Amaral, a existência de currais de quelônios (tartarugas e afins) nessas áreas.
Vegetação típica das ilhas artificiais é bem diferente
da encontrada nas várzeas.
“A cultura de plantação era diversificada, mostrando
conhecimento botânico e um tratamento de engenharia genética na escolha dos
alimentos cultivados.
“As mulheres, responsáveis pelas plantações, sabiam
escolher quais alimentos cultivar, do açaí ao abacaxi, mais doce, a mandioca,
com maior valor energético, até as ervas e plantas medicinais.
“Elas conseguiram transformar e multiplicar a
variedade genética. Esses povos modificaram a paisagem, manejaram os recursos e
desenvolveram estratégias de sobrevivência de acordo com o ambiente em que viviam.
“Esse foi um legado que deixaram para toda a Amazônia,
que precisa ser resgatado.”
É uma surpresa admirável. A mata amazônica não é mera
espontaneidade. É fruto de povos inteligentes, que sistematizavam seus
conhecimentos, organizavam a produção alimentar e transformavam a selva.
Se hoje eles fizessem esse trabalho seriam condenados
pela ONU, ONGs, Pastorais da CNBB, etc., etc. por atentarem conta a pureza da
mata.
Entre os milhares de insumos e vestígios desse
conhecimento, está ainda o denominado “pão de índio”.
É um material orgânico, que indica técnica tradicional de armazenamento de alimentos de origem vegetal.
Foto: Júlia de Freitas
Existem ainda
muitos ossos de peixes e mamíferos, que comprovam a diversificação da
alimentação à base de proteína animal nas ilhas artificiais.
E dezenas de
fragmentos de cerâmicas, além de sementes carbonizadas, entre outros vestígios.
Das cerâmicas,
foram encontrados fragmentos da Hachurada Zonada, estilo que, acredita-se,
tenha surgido por volta do ano mil antes de Cristo, continuamos reproduzindo
Mar sem fim.
Outras, contudo, são do estilo corrugado. Ele é caracterizado por “rugas” nas peças e vasos. Esse estilo, datado dos séculos XV e XVI, é comum a grupos tupis.
Foto: Alexandre Rodrigues Ferreira
Na área onde
estão as ilhas viviam os omáguas, povo indígena do tronco tupi. “Acredita-se
que os omáguas são ascendentes dos atuais kambebas, etnia amazônica com
aproximadamente 1.500 indivíduos em território brasileiro.”
Além dos
vestígios arqueológicos, há documentos sobre esses povos. São relatos em
formato de crônicas feitos por portugueses e espanhóis que navegaram pela
Amazônia, entre os séculos XVI e XIX.
O pesquisador
do Instituto Mamirauá lembra que construções similares foram descobertas na
Ilha do Marajó, Pará, e em Llanos de Mojos, Bolívia.
Segundo o
arqueólogo, as descobertas derrubam o mito de que poucas civilizações antigas
eram capazes de desenvolvimentos considerados sofisticados para determinadas
épocas.
“Não foi apenas
nos Andes ou no Egito, com suas pirâmides, como muitos pensam. Há um sistema de
vida que teve sucesso ao longo de 13.000 anos aqui no país”.
“Há registros
dos omáguas morando em ilhas que datam do século XVI, no mínimo. Por isso,
essas ilhas podem ser historicamente associadas a eles.
“Mas, com base
nessa data relativa, acreditamos que essas construções possam ser ainda mais
antigas. Que essa data possa recuar bastante.”
Esses estudos, diz Amaral, foram iniciados em 2015. “Antes, algumas ilhas artificiais já tinham sido registradas na região, mas as investigações começaram nessa data, em abril.”
no coração da Amazônia brasileira. Instituto Mamirauá
O trabalho é
realizado na época da seca, quando a logística de deslocamento pela área
amazônica é viável. São viagens que levam dias de navegação ou a pé.
O mapeamento
das ilhas artificiais precisa de verbas e um trabalho que pode levar entre
cinco a dez anos. Mas faltam recursos.
“Estamos
reunindo as informações já coletadas para publicar artigos científicos. Mas
precisamos de investimento para continuar e dar maior precisão à pesquisa.”
O Instituto
Mamirauá é supervisionado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações. Está localizado em Tefé, a cerca de 550 quilômetros de Manaus.
A ideia ainda é
investir para resgatar as informações passadas oralmente de geração para
geração, típica das civilizações antigas. Foi dessa forma que os pesquisadores
chegaram às ilhas artificiais.
“A arqueologia precisa se voltar para quem mora nessas áreas porque essas pessoas são as conhecedoras. E têm uma tradição oral que a gente consegue rastrear até há quatro, cinco gerações.”
A momentosa
matéria de Mar sem fim recebeu vários comentários, dentre os quais destacamos o
assinado por Cleiton.
Ele testemunha
desde o Tocantins: “Meu pai passou grande parte da sua vida morando em uma
dessas ilhas artificiais!
“Na época ele
trabalhava na coleta do látex para produção da borracha! Local chamado de
aterro dos índios! Sacabum e lago grande! Próximo a São Paulo de Olivença!
“Inclusive meu
pai levou os arqueólogos até essas ilhas artificiais onde ele viveu!”
Uma confirmação
viva dessa realidade que fala da grandeza que aguarda à Amazônia nos anos
vindouros, superadas as demagogias, mecanizações imprudentes, ignorâncias e
ideologias abstratas ou fanáticas. E que emocionou ao responsável de Mar sem
fim.
A verdadeira história da Amazônia está para ser escrita, e nada permite acreditar que seu rosto final tenha algo a ver com as mistificações da Teologia da Libertação e do comuno-missionarismo que tudo faz para que essa história verdadeira venha à luz.
Parte 2: continuação do
posta anterior: Ilhas artificiais na Amazônia exigiram uma engenharia
comparável às pirâmides do Egito
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