Mostrando postagens com marcador Adriano Benayon. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Adriano Benayon. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Nióbio do Brasil Saque das Jazidas


Está em nosso país a quase totalidade das jazidas conhecidas no Planeta do nióbio, minério essencial para as indústrias aeronáutica e aeroespacial, para a indústria nuclear, inclusive armas e seus mísseis. A atual tecnologia faz o nióbio, graças à sua superioridade substituir metais, como molibdênio, vanádio, níquel, cromo, cobre e titânio, em diversas outros setores industriais.
2. Embora a maioria das pessoas nem saiba o que é nióbio ou para que serve, esse mineral mostra emblematicamente, como o País, extremamente rico em recursos naturais, permanece pobre, além de perder, sem volta, esses recursos, e de se estar desindustrializando, sobre tudo nos setores de maior conteúdo tecnológico.
3. A primarização da economia brasileira é fato confirmado até nas estatísticas oficiais. O Brasil está cada vez mais importando produtos de elevado valor agregado e exportando, com pouco ou nenhum valor agregado, seus valiosos recursos naturais.
4. Isso acarreta baixos níveis salariais no País e também a gestação de crises nas contas externas, cujo equilíbrio sempre dependeu de grandes saldos (que agora estão definhando) no balanço das mercadorias, para compensar o déficit crônico nas contas de “serviços” e de “rendas” do Balanço de Pagamento.
5. O que está por acontecer de novo já ocorreu antes, quando a oligarquia financeira mundial atirou o Brasil na crise da dívida externa de 1982/1987. Os prejuízos decorrentes dessa crise foram grandemente acrescidos com o privilegiamento do “serviço da dívida” no Orçamento Federal, instituído por meio de fraude, no texto da Constituição de 1988. Esse “serviço” já acarretou despesa, desde então, de 6 trilhões (sim, trilhões) de reais, com a dívida pública externa e interna, esta derivada daquela.
6. Tudo isso concorreu para agravamento da situação gerada pelo defeito original do modelo: ter, desde 1954, favorecido os investimentos diretos estrangeiros com subsídios e vantagens maiores que os utilizáveis por empresas de capital nacional. Estas foram sendo eliminadas em função da política econômica governamental. As que restaram tornaram-se caudatárias das transnacionais e de interesses situados no exterior. Vê-se, pois, a conexão entre os grandes vetores de empobrecimento e de primarização da economia nacional
7. O niobio é tão indispensável quanto o petróleo para as economias avançadas e provavelmente ainda mais do que ele. Além disso, do lado da oferta, é como se o Brasil pesasse mais do que todos os países da OPEP juntos, pois alguns importantes produtores não fazem parte dela.
Números
8. Cerca de 98% das reservas da Terra estão no Brasil. Delas, pois, depende o consumo mundial do nióbio. A produção, cresceu de 25,8 mil tons. em 1997 para 44,5 mil tons., em 2006. Chegou a quase 82 mil tons. em 2007, caindo para 60,7 mil tons., em 2008, com a depressão econômica (dados do Departamento Nacional de Produção Mineral). Estima-se atualmente 70 mil toneladas/ano. Mas a estatística oficial das exportações brasileiras aponta apenas 515 toneladas do minério bruto, incluindo “nióbio, tântalo ou vanádio e seus concentrados”!
9. Fontes dignas de atenção indicam que o minério de nióbio bruto era comprado no garimpo a 400 reais/quilo, cerca de U$ 255,00/quilo (à taxa de câmbio atual e atualizada a inflação do dólar).
10. Ora, se o Brasil exportasse o minério de nióbio a esse preço, o valor anual seria US$ 15.300.000.000 (quinze bilhões, trezentos milhões de dólares). Se confrontarmos essa cifra com a estatística oficial, ficaremos abismados ao ver que nela consta o total de US$ 16,3 milhões (0,1% daquele valor), e o peso de 515 toneladas ( menos de 1% do consumo mundial). Observadores respeitáveis consideram que o prejuízo pode chegar a US$ 100 bilhões anuais.
11. Mesmo que o nióbio puro seja cotado a somente US$ 180 por quilo, como indica o site chemicool.com, ainda assim, o valor nas exportações brasileiras do minério bruto correspondia a apenas 1/10 disso. O nióbio não é comercializado nem cotado através das bolsas de mercadorias, como a London Metal Exchange, mas, sim, por transações intra-companhias.
12. Há, ademais, um item, ligas de ferro-nióbio, em que o total oficial das exportações alcança US$ 1,6 bilhão, valor mais de 100 vezes superior à da exportação do nióbio e de minérios a ele associados, em bruto. O mais notável é que o nióbio entra com somente 0,1% na composição das ligas de ferro-nióbio. Vê-se, assim, o enorme valor que o nióbio agrega num mero insumo industrial, de valor ínfimo em relação aos produtos finais das indústrias altamente tecnológicas que o usam como matéria-prima.
13. Note-se também que a quantidade oficialmente exportada do ferro-nióbio em 2010 foi 66.947 toneladas. O nióbio entrando com 0,1% implicaria terem saído apenas 67 toneladas de nióbio, fração ínfima da produção mundial quase toda no Brasil e do consumo mundial realizado nas principais potências industriais e militares.
Campanha nacional
14. As discrepâncias e absurdos são enormes e têm de ser elucidados e corrigidos. Para isso, há que expô-los em grande campanha nacional, que leve a acabar não só com o saqueio do nióbio, mas também com a extração descontrolada de metais estratégicos e preciosos, sem qualquer proveito para o País, o qual, ainda por cima, fica com as dívidas aumentadas.
15. O desenvolvimento dessa campanha deverá também fazer o povo entender que a roubalheira dos recursos minerais só poderá cessar se forem substituídas as atuais estruturas de poder.
* Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”

segunda-feira, 11 de abril de 2011

ABRINDO A CAIXA PRETA DO NIÓBIO


Colunistas - Adriano Benayon
O nióbio, material estratégico inestimável - que sai do Brasil incrivelmente subfaturado e também clandestinamente - é um dos exemplos mais notáveis de como o Brasil está entregando seus recursos naturais às grandes empresas transnacionais estrangeiras, ao mesmo tempo em que seu povo paga juros e impostos absurdamente altos e fica mais pobre. Estão em nosso País 98% das jazidas conhecidas no Planeta desse minério, essencial para as indústrias aeronáutica e aeroespacial, para a indústria nuclear, inclusive armas e seus mísseis e muitas outras indústrias.

O nióbio é tão indispensável quanto o petróleo para as economias avançadas. Se o Brasil exercer sua soberania, terá posição no nióbio muito mais forte do que todos os países da OPEP juntos, que não totalizam sequer 50% da produção mundial de petróleo. O consumo global do nióbio tem crescido vertiginosamente: 25,8 mil toneladas em 1997, e cerca de 90 mil toneladas, em 2009, nas estatísticas do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que só registram o declarado pelas empresas.Segundo o DNPM, o Brasil só produz e exporta o óxido de nióbio e ligas de ferro-nióbio.

A receita total dessas exportações é de 1,6 bilhão, na base de US$ 23 por quilo.


ABRINDO A CAIXA PRETA DO NIÓBIO
niobioNós do Instituto Mãos Limpas somos um grupo já com 300 membros e cerca de 700 apoiadores, focado no combate à corrupção. Chegamos à conclusão que a corrupção está profundamente enraizada no próprio sistema político, subordinado a interesses privados concentradores.

O povo não entende por que está tão massacrado. A classe média não sabe por que é obrigada a dar mais da metade do que ganha para pagar tributos. Nem por que os preços da eletricidade, do gás, do telefone se elevaram absurdamente, nem por que paga pedágios altíssimos para usar estradas construídas com dinheiro público, na verdade, dinheiro nosso.

Os grandes banqueiros mandam no Banco Central. Este faz a União Federal pagar os juros mais altos do mundo nos títulos do Tesouro, que realimentam a dívida pública acumulada pela capitalização dos próprios juros.

Os juros são aumentados com a desculpa mentirosa de que isso reduziria a inflação. A verdade é que os preços sobem porque os donos dos mercados são poucos e determinam os preços. Então, a única e falsa saída que o sistema busca é cortar a procura. Mas não é possível reduzi-la muito, principalmente no caso dos serviços públicos privatizados

Esse descalabro provém de a economia brasileira se ter desnacionalizado, inclusive porque a política governamental subsidia as empresas multinacionais e prejudica as de capital nacional. Ademais, a crise da dívida serviu de pretexto para as privatizações, as quais agravaram ainda mais os defeitos estruturais da economia.

O Brasil está caminhando para nova crise. O que está por acontecer de novo já ocorreu, quando a oligarquia financeira mundial atirou o Brasil na crise da dívida externa de 1982/1987. Na sequencia, o “serviço da dívida” foi privilegiado no Orçamento Federal, por meio de um dispositivo inserido fraudulentamente, no texto da Constituição de 1988, sem sequer ter sido discutido.

Esse “serviço” já acarretou despesa, desde então, de 6 trilhões (sim, trilhões) de reais, com a dívida pública externa e interna, esta derivada daquela.

Ora, a dívida externa cresce com os déficits acumulados nas transações com o exterior. E esses déficits se acumulam, entre outras coisas, porque os fabulosos recursos naturais do Brasil não são valorizados na exportação, nem utilizados pela indústria nacional. Isso está ligado à desindustrialização do País e a ficar ele sem tecnologias próprias.

Um dos exemplos mais notáveis disso tudo, se não o maior, é o do nióbio, material estratégico inestimável, que sai do Brasil incrivelmente subfaturado e também clandestinamente.

Estão em nosso País 98% das jazidas conhecidas no Planeta desse minério, essencial para as indústrias aeronáutica e aeroespacial, para a indústria nuclear, inclusive armas e seus mísseis e muitas outras indústrias.

O nióbio é tão indispensável quanto o petróleo para as economias avançadas. Se o Brasil exercer sua soberania, terá posição no nióbio muito mais forte do que todos os países da OPEP juntos, que não totalizam sequer 50% da produção mundial de petróleo.

O consumo global do nióbio tem crescido vertiginosamente: 25,8 mil toneladas em 1997, e cerca de 90 mil toneladas, em 2009, nas estatísticas do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que só registram o declarado pelas empresas.

Segundo o DNPM, o Brasil só produz e exporta o óxido de nióbio e ligas de ferro-nióbio. A receita total dessas exportações é de 1,6 bilhão, na base de US$ 23 por quilo.

Considerando que os preços efetivos no exterior variam de US$ 180 a US$ 350, tem-se uma idéia de como o País está sendo lesado. Calculando U$ 255,00 por quilo, na quantidade de 2010, o valor anual teria alcançado US$ 15.300.000.000 (quinze bilhões e trezentos milhões de dólares).

Outro indicador de como o nióbio é precioso está no fato de ele entrar com só 0,1% do peso das ligas de ferro-nióbio e dar a esse insumo industrial qualidade muito superior às chapas de ferro. Isso ressalta também como o nióbio, na realidade, é subfaturado de modo incrível, uma vez que nos US$ 23 por quilo está incluído também o ferro que compõe a quase totalidade do peso das ligas.

Esses absurdos decorrem de as empresas produtoras e exportadoras no Brasil serem ligadas a grupos estrangeiros que são os importadores, realizando os lucros no exterior. Por ter tido sua economia desnacionalizada, o Brasil não fabrica os produtos finais de altíssimo valor agregado baseados no nióbio. Se o fizesse estaria ganhando quantia equivalente a mais de vinte vezes os US$ 15,3 bilhões mencionados acima.

De fato, o País só exporta insumos, e ainda por cima, a preços que nem de longe compensam a extração do minério e a perda de jazidas. Ou seja, o que deveria ser fonte de estupendos ganhos, resulta somente em prejuízos.

Justifica-se, portanto, plenamente, grande campanha nacional para esclarecimento dos brasileiros acerca do presente estado de coisas, uma campanha capaz de conduzir à reversão do lastimável quadro de saqueio dos recursos naturais do País.