terça-feira, 18 de outubro de 2011

Mineração de urânio em Caetité Bahia água contaminada câncer na população

Resultado de imagem para câncer em Caetité, Bahia, onde funciona a Unidade de Concentrado de Urânio das Indústrias Nucleares do Brasil (URA-INB).
O "Relatório da Missão Caetité: Violações de Direitos Humanos no Ciclo do Nuclear", produzido pela Relatoria Nacional para o Direito Humano ao Meio Ambiente da Plataforma Dhesca Brasil (Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais), será apresentado nesta quinta (6), às 10h, durante uma audiência pública sobre os impactos da mineração de urânio, agendada pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal. O estudo aponta inúmeras violações decorrentes da mineração de urânio em Caetité, Bahia, onde funciona a Unidade de Concentrado de Urânio das Indústrias Nucleares do Brasil (URA-INB).

Após investigação, que durou mais de dois anos, o relatório revela danos causados pela atividade mineradora à saúde, ao meio ambiente e à economia. A socióloga Marijane Lisboa, Relatora para o Direito Humano ao Meio Ambiente, explica que depoimentos, estudos, denúncias e reuniões com autoridades públicas e comunidades atingidas embasaram a pesquisa e tornaram possível constatar as contradições que envolvem a exploração de urânio. Tudo isso levou a Relatoria a questionar o investimento do Brasil no Ciclo do Nuclear, para o qual Caetité tem cumprido papel indispensável, pois o município, distante 750 Km da capital baiana, é responsável pela mineração e transformação do urânio mineral em concentrado de urânio, a principal matéria prima do combustível nuclear.


Dentre as ações realizadas pela Relatoria, destacam-se as visitas às diversas comunidades da região ao entorno da mina, como a de Juazeiro, distante 8 km do centro da exploração. Lá, estudo independente realizado através do Greenpeace, em 2008, havia identificado que a água de poços apresentava sete vezes maior concentração de urânio do que o limite permitido pela Organização Mundial de Saúde, denúncia confirmada por exames realizados pelo Instituto de Gestão das Águas e Clima da Bahia (Inga-BA) e pela Secretaria de Saúde do Estado (SESAB), que culminou com a suspensão do consumo de água em três poços, em novembro de 2009.


A desinterdição posterior dos poços, em circunstâncias pouco claras, é uma das razões que preocupam a população local e levou-a a solicitar à Plataforma Dhesca a realização do relatório. O documento final aborda outras questões sobre os quais as Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) sistematicamente se recusam a explicar de forma satisfatória, como: os moradores de Caetité têm maior propensão a desenvolverem cânceres pela exposição ao urânio? A água usada pelos moradores está contaminada? Apesar dos vazamentos, por que os órgãos públicos permanecem concedendo licenças ambientais? Por qual motivo as nascentes e poços artesianos usados pelas comunidades secaram? Quais os efeitos do gás radônio?


Durante a audiência, Marijane Lisboa irá expor os principais resultados da pesquisa, bem como as recomendações que a Relatoria apresenta ao Estado Brasileiro para que os direitos das comunidades sejam garantidos. Representantes das comunidades atingidas e de movimentos sociais estarão presentes, como a integrante da Associação Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça Cidadania, Zoraide Vilasboas, que falará dos impactos sofridos pela população local. Também foi convidado a participar da audiência o Presidente da INB, Alfredo Tranjan Filho.


No ano em que o mundo lembra os 25 anos da tragédia em Chernobyl e vivencia os impactos de mais um acidente nuclear, desta vez em Fukushima, no Japão, o debate em torno da energia nuclear permeará a audiência pública, que ocorrerá no plenário nº 8 do Anexo II da Câmara dos Deputados.
http://www.bahiatododia.com.br/index.php?artigo=6664 | 05/10/2011 | 12h55 - 

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