Segue excelente artigo do CHICO ARAÚJO.
Embora o texto seja de claríssimo, de
fulgurância solar, escrevi alguns lembretes elucidativos
dentro de retângulos e, ao fim, perguntas na cor vermelha.
Na minha opinião, como ex-jornalista e ex-professor universitário, o Brasil vem sendo traido por brasileiros negligentes e venais.
Com 87 anos de idade o que posso fazer
é escrever alertando
os brasileiros mais jovens.
É o modo que, hoje,
ainda posso lutar por nosso país.
Embora o texto seja de claríssimo, de
fulgurância solar, escrevi alguns lembretes elucidativos
dentro de retângulos e, ao fim, perguntas na cor vermelha.
Na minha opinião, como ex-jornalista e ex-professor universitário, o Brasil vem sendo traido por brasileiros negligentes e venais.
Com 87 anos de idade o que posso fazer
é escrever alertando
os brasileiros mais jovens.
É o modo que, hoje,
ainda posso lutar por nosso país.
Um abraço e feliz 2012 (se os corruptos deixarem).
Jorge Brennand.
Jorge Brennand.
Verão de 1969, apartamento de Hanbury-Tenison, Londres. Maio de 2008, Clearence House, residência do Príncipe Charles, Londres. São 39 anos de uma reunião para outra. Aí você pode se perguntar: o que isso tem a ver com a Amazônia? Tudo. O establishment inglês cria nesse primeiro encontro a organização não-governamental (ONG) Survival Internacional. Sua finalidade expressa: criar no Brasil o Parque Ianomami.
Vale dizer:
se intrometer em assuntos internos do Brasil, que só aos brasileiros dizem respeito. O Brasil jamais se meteu em assuntos internos da Inglaterra.
Quatro décadas depois, o príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, reúne autoridades e parlamentares da Amazônia com representantes de instituições financeiras e das indefectíveis ONGs. Discutiram-se ali temas relacionados diretamente com a região: agricultura, meio ambiente, infra-estrutura, finanças, saúde, e educação. Charles é mais ousado. Oferece-se para ser uma espécie de interlocutor privilegiado entre as personalidades brasileiras envolvidas nas questões amazônicas e as lideranças britânicas interessadas na ‘proteção’ da floresta amazônica.
Ali estavam presentes os governadores Ana Júlia Carepa, do Pará; Waldez Góes, do Amapá; e José de Anchieta Júnior, de Roraima. O Acre e o Amazonas foram representados pelos senadores Tião Viana (PT-AC) e Arthur Virgílio (PSDB-AM). O encontro reuniu ainda executivos de grandes empresas, entre as quais Rio Tinto, Shell, Deutsche Bank, Goldmann Sachs, Morgan Stanley e MacDonald's. Também não faltaram osdirigentes do WWF, Greenpeace, Friends of the Earth (Amigos da Terra). Até o líder indígena Almir Suruí esteve por lá.
Para quem não sabe:
Rio Tinto é uma das maiores mineradoras do mundo. Shell uma das maiores produtoras de petróleo do mundo. Interessante, não ?
Sete dias após o encontro, Charles lança sua própria ferramenta de ‘proteção das florestas tropicais do planeta’ (leia-se Amazônia). É um site contra o desmatamento e o aquecimento global. A iniciativa é anunciada um artigo altamente apelativo no jornal britânico The Telegraphe convenientemente intitulado ‘Ajude-me a salvar as florestas tropicais’, no qual Charles explica que o portal faz parte de uma outra iniciativa sua, muito mais abrangente, o Rainforests Project (Projeto Florestas Tropicais).
O Projeto foi delineado por Charles em outubro do ano passado durante um jantar especialmente realizado pelo WWF por ocasião do lançamento de seu mais novo programa, a Iniciativa Amazônica (Amazon Initiative). Em seu discurso, Charles prestou comovente homenagem ao WWF e a seu pai, o príncipe Philip (fundador e presidente emérito da ONG), e deixou claro qual é a orientação do Projeto:
‘Senhoras e senhores, as florestas (tropicais) precisam ser vistas como elas são – gigantescas utilidades globais, provedoras de serviços públicos para a humanidade em vasta escala.’
Ao referir-se aos esforços empreendidos pelo Brasil e outros países para reduzir o desmatamento, Charles afirma que:
‘Nenhum desses países pode resolver sozinho o problema do desmatamento pois, freqüentemente, ele é causado pela demanda de países em desenvolvimento por óleo de palma, carne e soja. O ponto aqui é que todos nós – o mundo todo – estamos juntos nisso e é por isso que, juntos, precisamos garantir que todas as medidas necessárias (para conter o desmatamento) sejam empregadas. E isso é exatamente o que a Iniciativa Amazônica do WWF está determinada a alcançar’. [..]
‘Senhoras e senhores, a Iniciativa Amazônica do WWF é da maior importância possível. Ela precisa do nosso apoio, e é por isso que estou muito satisfeito que o WWF esteja trabalhando em conjunto com o meu próprio Projeto Florestas Tropicais que estou anunciando hoje’. [..]
‘Nós trabalharemos com o setor privado, governos e especialistas ambientais para desenvolver um leque de soluções práticas que podem começar a ser implementadas nos próximos dezoito meses. Isso é importante, pois é nesse período que o G8 e a ONU vão estabelecer as prioridades no durante as negociações (da extensão) do Protocolo de Kyoto.
‘A tarefa é revisar, desenvolver e propor mecanismos, incluindo soluções legislativas e de mercado e outras idéias que reconheçam o valor real dos serviços do carbono e do eco-sistema proporcionados pelas florestas (tropicais) remanescentes’.
‘Financeirização da floresta’
O empresário brasileiro Jorge Pinheiro Machado foi um dos organizadores do convescote. Sua impressão da reunião do príncipe Charles com os governadores da Amazônia é a seguinte: Sua Alteza quer ser interlocutor privilegiado entre as personalidades brasileiras envolvidas nas questões amazônicas e as lideranças britânicas interessadas na ‘proteção’ da floresta amazônica e promover uma espécie de ‘financeirização’ das florestas nativas via remuneração dos ‘serviços ambientais’ que elas prestam à humanidade. A linha de ação do esquema prevê a melhoria da qualidade de vida dos povos da floresta — leia-se índios — para que se transformem em ‘guardiões das florestas’.
Para isso, os ingleses pretendem fazer investimento pesado. Segundo Machado, a comunidade britânica estaria disposta a desembolsar cerca de 10 bilhões de libras esterlinas (mais de R$ 50 bilhões) para remunerar os serviços ambientais prestados pelas florestas. O que se discute agora são as formas de captação desses recursos, se por pagamento de ‘bolsas-floresta’, por aporte direto aos fundos estaduais de meio ambiente, por projetos específicos ou ainda por outros mecanismos financeiros.
A ‘financeirização’ segue o script antigo daqueles que cobiçam a Amazônia: mantê-la despovoada e desconectada do restante do Brasil. Desta vez, porém, as ações acontecem às claras, e não mais à surdina como até bem pouco tempo. A Casa Real britânica faz questão de explicitar que participa direta e abertamente desse processo. Roberto Smeraldi, chefão da Friends of the Earth (Amigos da Terra) no Brasil, deixa isso bem evidente, quando diz:
Alguns dos convidados brasileiros deixaram perplexos os participantes britânicos ao defender iniciativas tidas por eles como pouco compatíveis com o desenvolvimento das populações locais, o foco principal do encontro:
- é o caso do governador Anchieta de Roraima, que afirmou ter ‘apoio de 80% da população indígena’ para promover o cultivo de arroz no leste de seu Estado;
Para quem não sabe:
a partir desse momento os ingleses montaram terrível pressão internacional para conseguir a criação da Reserva Raposa Terra do Sol em área contínua, vizinha a área que haviam tomado do Brasil via rei da Itália - caso Pirara - e expulsar os plantadores de arroz e outros brasileiros que já estavam na região há mais de 100 anos, com títulos legais, tudo sob o manto da proteção do STF-Supremo Tribunal Federal.
- e do secretário executivo do MME, Márcio Zimmermann, que defendeu a realização de grandes projetos para barrar os principais rios da região, como o Madeira, o Xingu e o Tapajós.
Para quem não sabe:
começou aí a campanha internacional contra a construção das hidrelétricas, sendo a mais violenta contra Belo Monte, na qual foi utilizada até artistas da Rede Globo para enganar a opinião pública brasileira. A razão é muito simples: não podem deixar que a região seja efetivamente ocupada pelos brasileiros; ela tem que ficar disponível para a cobiça internacional.
Encontro em Belém
Embasbacados com as gentilezas de Sua Alteza, os políticos brasileiros não fizeram cerimônia. De pronto, e sem uma avaliação profunda das reais intenções da Casa Real britânica, marcaram a segunda etapa do encontro a ser realizada no Brasil — mais precisamente em Belém, lugar do Brasil recorde em trabalho escravo e vice-campeão em desmatamento. Pelo acertado, a reunião seria realizada 90 dias após o encontro com o Príncipe Charles.
As atuações do Príncipe Charles em assuntos da Amazônia sempre foram de imposições sobre o Brasil.
Em abril de 1991 o herdeiro do trono britânico fez uma visita do País. À época, Charles promoveu um seminário de dois dias a bordo do iate real Brittannia, ancorado sintomaticamente no rio Amazonas. Ali estavam David Triper, ministro de Meio Ambiente da Inglaterra; William Reilly, diretor da Agência de Proteção Ambiental dos EUA; Carlo Ripa di Meana, coordenador do Meio Ambiente da Comunidade Européia, eRobert Horton, presidente da British Petroleum.
Para quem não sabe:
a British Petroleum, além de produtora de petróleo, é uma das maiores mineradoras do mundo. Já esteve operando na mineração no Brasil; teve que encerrar suas atividades devido a dispositivo expresso na Constituição de 1988. Paira sobre a empresa a suspeição de estar levando para fora do país minerais radioativos. Uma das princesas inglesas veio inaugurar a sede na empresa no Rio de Janeiro, na rua Voluntários da Pátria, Botafogo, cidade do Rio de Janeiro. Com a promulgação da Constituição de 88 deixpu o Brasil. A British Petroleum é controlada pela Família Real Inglesa.
O então presidente Collor de Mello e seu ministro do Meio Ambiente, José Lutzenberger também estiveram por lá.
Para quem não se lembra:
meses depois, Collor de Mello criou a gigantesca reserva ianomâmi, etnia inventada por antropólogos da Survival International, braço indígena do WWF.
A reserva foi criada pelo então presidente Collor de Mello, em 1991, por pressão da oligarquia inglesa e do presidente George Bush, o pai, que ofereciam a ilusão do Brasil ao ingresso ao clube do chamado Primeiro Mundo.
Resultado: o Brasil não entrou no seleto grupo.
Apenas criou uma espécie de nação, a Ianomami, na região fronteiriça entre o Brasil e a Venezuela. A reserva tem 5 milhões de hectares — eram apenas 2,4 milhões quando criada — e concentra a maior reserva de ouro e diamantes do mundo.
A ampliação da reserva se deu com base nos resultados do levantamento dos recursos minerais da Amazônia executados pelo Projeto Radam-Brasil, de 1975.
Para quem não sabe:
“Esta ampliação permitiu que as grandes reservas de minerais nobres (ouro, estanho, nióbio e materiais radioativos) detectados pelo Radam-Brasil ficassem dentro da reserva”.
Alerta do coronel Hiram Reis e Silva, no artigo Amazônia, cobiça e ingenuidade. O artigo de Silva está no site do Cosif — Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional. Vale a pena ler.
Sempre por perto
Coincidência ou não, o Príncipe Charles sempre está por perto toda vez que esquenta a disputa em torno das reservas indígenas de Roraima, particularmente a Raposa-Serra do Sol.
Foi assim em 2000 quando ocorreram as primeiras reações contra a criação da reserva em área contínua. À época, Charles visitava a vizinha Guiana onde participou pessoalmente da inauguração da reserva ambiental de Iwokrama.
A reserva, com 400 mil hectares, situa-se na região do rio Rupunini, que já foi território brasileiro.
A reserva, com 400 mil hectares, situa-se na região do rio Rupunini, que já foi território brasileiro.
Para quem não sabe:
essa é a região que foi roubada do Brasil pela Inglaterra, mediante o “arbitramento” fajuto do rei da Itália. O caso “Pirara”.
Seis meses antes, o secretário do Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido, Paul Taylor, e o secretário da embaixada britânica no Brasil, John Pearson, estiveram em Roraima para ‘conhecer de perto a realidade indígena’ do Estado. Desde o ano passado, o governo da Guiana resolveu se auto-transformar em ‘protetorado verde’ sob a administração britânica, tendo Iwokrama como modelo.
ADITIVO AO ARTIGO - Responda, se puder:
1. Só haviam cerca de 2.700 índios no lado brasileiro e foi criada uma reserva (Ianomani) de área contínua maior que Portugal. Por qual razão Collor não seguiua orientação dos militares brasileiros, que eram contra a Reserva Ianomani em área contínua e sim em “ilhas”, dando para os índios as áreas onde eles realmente ocupavam ? Será que existiu grana na parada ? Ou foi patente negligência ?
2. Nas vésperas do STF–Supremo Tribunal Federal aprovar a Reserva Raposa Terra do Sol em área contínua, o príncipe Charles veio fazer uma “visita” à Amazônia brasileira. Será que foi apenas uma visita de “cortesia” ou veio tratar de “negócios” ?
3. E a FUNAI, apenas uma FUNDAÇÃO, teria poderes constitucionais para, em atos isolados – sem a aprovação do Congresso Nacional -, demarcar reservas indígenas e criar condições objetivas que permitam a subtração territórios brasileiros ?
4. Partindo da posição que não tenha existido suborno em nenhum dos casos que envolveram “reservas” indígenas até agora, os atos consumados podem ser entendidos como de traição ao Brasil ?
5. E a posição do Brasil na ONU, aprovando a “OIT – Convenção 169 de 7/6/1989” e a “Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas” - os Estados Unidos, o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália se recusaram a aprovar essas resoluções, sob a argumentação que violavam a legislação interna de seus países -, com textos que criam condições objetivas para a subtração de territórios atualmente brasileiros foram atos de traição ao Brasil ?
5 comentários:
Caros Cel. Soriano Neto e Sr. Chico Araújo,
Muito grato pela transmissão desta excelente síntese da interface entre, de um lado, a criação de reservas indígenas e ambientais, e, de outro lado, a intervenção em nosso País da oligarquia financeira britânica, representada por algumas das maiores mineradoras mundiais e da família real britânica, esta integrante destacada da dita oligarquia.
Esse processo é a continuação de outro, caracterizado pela desnacionalização da economia brasileira e pelo conseqüente controle das eleições por parte de empresas transnacionais e banqueiros. A desnacionalização - que fez o Brasil, inclusive, abandonar, a promissora indústria de capital nacional, que crescera muito bem, especialmente no Estado de São Paulo - , foi impulsionada especialmente desde 1954, a partir da conspiração e do golpe que derrubaram o presidente Getulio Vargas.
A quinta-coluna já era forte nesses tempos, contando também com conglomerados da mídia, alguns dos quais, desde então, se tornaram ainda mais monopolistas da comunicação social, ao longo destes quase sessenta anos.
Em consequência de tudo isso, as estruturas e instituições econômicas, culturais e políticas estão sob controle das potências imperiais, diretamente e também através das empresas transnacionais, ONGs etc.
Portanto, para que se mantenha a unidade nacional - que está sendo destruída, começando essa destruição logo com a fabulosa Amazônia - será necessário que o povo seja mobilizado para se erguerem no País novas instituições e poderes públicos sob critérios fundamentalmente diversos dos subjacentes à atual estrutura de poder.
Há anos, eu já afirmara que a reconquista da Amazônia depende da reconquista de Brasília (capital política), de São Paulo, RJ, MG e outros, os centros econômicos e financeiros do País.
Abraços,
Adriano Benayon
Apresento no link abaixo, o texto colocado pelo nobre Coronel Manoel Soriano Neto, A AMEAÇA SEPARATISTA NO BRASIL:
http://niobiomineriobrasileiro.blogspot.com/2012/01/ameaca-separatista-no-brasil.html
A questão do Pirara foi um contencioso entre o Brasil e os ingleses, quando estes últimos roubaram-nos parte estratégica de nosso território, vedando nosso acesso ao mar do Caribe. Os estrategistas ingleses usaram a questão indigena para nos roubar
19 630 km² de nosso território.
Desde esta época que os ingleses continuam a interferir em nossas questôes nacionais, usando a mesma fórmula: a questão indígena. A Ong inglesa Survival International comanda a questão indígena brasileira com maestria. O governo brasileiro é refém desta ong. Nada se faz no Brasil na questão indígena sem passar por esta turma de safados ingleses. Na prática, 13% de nosso território, reservados aos brasileiros indíos são governados politicamente por esta ong inglesa. Se na questão do Pirara roubaram-nos o acesso ao mar do caribe, na questão indígena roubaram-nos 13% de nosso território e pior, as maiores jazidas minerais do planeta, que não podem ser exploradas pois estão sob judice internacional (traduzindo: estão sob judice inglesa). Portanto, desde a questão do Pirara que os ingleses achincalham a nossa soberania territorial. Está na hora dos brasileiros virarem o jogo: já que os ingleses roubam a nossa autoridade sobre nosso território há séculos.
Basta um governo de homens sérios e comprometidos com povo para resolver esta questão com uma canetada apenas. Anulação de todas as reservas e estudo minucioso feito pelo exército para acomodar os índios ou uma integração dos mesmos a sociedade. Só que isso é impossível com a atual classe política que temos. Só as forças armadas podem salvar o Brasil.
Grata Caio pelo seu comentário acabo de postar sobre Eliezer Batista que resumo:
Como “dono” da Vale, o pai de Eike Batista morou na União Soviética e na Alemanha?
Inacreditável: presidentes da República e até no regime militar não cobravam nada dele, do dono eterno da Vale o Sr. Eliezer Batista. Voltava, não precisava reassumir, retomava a rotina diária, sem o menor constrangimento e obrigaram a Cia Vale do Rio Doce reduzir, maquiar os seus lucros contabilmente, para definitivamente doá-la. (A QUEM?)
http://niobiomineriobrasileiro.blogspot.com.br/2017/01/como-dono-da-vale-o-pai-de-eike-batista.html
Saudações,
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