quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Nióbio não tributado, expropriado, faz dos Moreira Salles a família mais rica do Brasil e políticos corruptos em sua captura!

https://www.youtube.com/watch?v=2FErP2FKRqo

Após adquirir gradualmente a fatia da Molycorp, a família produz hoje 85 por cento do nióbio no mundo:
Família Moreira Salles. CBMM Nióbio em Araxá-MG.

Nióbio: hoje, o metal é usado em um décimo de toda a produção de aço mundial, em automóveis, oleodutos e turbinas de avião


São Paulo - Em 1965, o Almirante Arthur W. Radford, da Marinha americana, convenceu Walther Moreira Salles, banqueiro brasileiro que já havia sido embaixador nos EUA, a colocar dinheiro em um empreendimento para produção de nióbio.

Na época, não havia mercado nem uso comercial para o metal em pó -– somente estudos sugerindo que pequenas quantidades dele poderiam tornar o aço mais resistente e flexível.

Radford era membro do conselho da mineradora Molycorp Inc., que havia adquirido direitos sobre depósitos de nióbio em Minas Gerais e precisava de outro investidor para explorar a mina.

Moreira Salles decidiu comprar uma participação majoritária na operação e a aposta deu certo. Hoje, o metal é usado em um décimo de toda a produção de aço mundial, em automóveis, oleodutos e turbinas de avião. Após adquirir gradualmente a fatia da Molycorp, a família produz hoje 85 por cento do nióbio no mundo.

O domínio desse mercado ajudou a fazer dos herdeiros de Walther Moreira Salles a família mais rica do Brasil. Os seus quatro filhos -- Fernando, Pedro, João e Walter – têm uma fortuna combinada de US$ 27 bilhões, de acordo com o Índice Bloomberg de Bilionários. Os irmãos não aparecem hoje em nenhum outro ranking internacional de fortunas.

“Nós criamos o mercado todo”, disse em entrevista em seu escritório em São Paulo Tadeu Carneiro, presidente da Cia. Brasileira de Metalurgia & Mineração, a empresa de nióbio da família.

Sobre a mesa dele há um pedaço da liga lustrosa e pesada do metal produzida e vendida pela CBMM. “Hoje você vê como essa empresa é fantástica –- seu valor, os dividendos –-, mas nós começamos do zero, quando o nióbio era só um sonho de laboratório.”

A CBMM gera lucro anual superior a US$ 600 milhões, conforme os resultados financeiros divulgados publicamente. A companhia está avaliada em pelo menos US$ 13 bilhões, cálculo com base na venda de uma fatia de 30 por cento pela família a um grupo de siderúrgicas asiáticas por US$ 3,9 bilhões em 2011.

Estima-se que os irmãos dividem igualmente os 70 por cento restantes, segundo o ranking da Bloomberg.

A fortuna da família na operação de nióbio vale mais do que a participação deles de US$ 7,1 bilhões no Itaú Unibanco Holding SA, o maior banco da América Latina por valor de mercado, ao qual o nome da família é frequentemente associado.

Por meio da holding Cia. E. Johnston, cujo controle é dividido igualmente entre os quatro irmãos, eles possuem 33,5 por cento do veículo Itaú Unibanco Participações SA, que por sua vez controla 51 por cento das ações com direito a voto do Itaú, de acordo com documentos submetidos às comissões de valores mobiliários dos EUA e do Brasil.

Carteira de ativos

Os dividendos da CBMM são sem dúvida um bom negócio, frequentemente superando 50 por cento do lucro líquido anual, de acordo com resultados publicados pela empresa no Diário Oficial de Minas Gerais.

Com base numa análise desses pagamentos, do dinheiro distribuído pelo Itaú Unibanco, de impostos e do desempenho do mercado, a família Moreira Salles provavelmente é dona de uma carteira de ativos com potencial de investimento de quase US$ 11 bilhões, segundo o ranking.

Os irmãos Moreira Salles não quiseram fazer comentários sobre sua fortuna, de acordo com um porta-voz que pediu para não ter o nome publicado.

Juntos, eles são mais ricos do que os herdeiros do Grupo Votorantim, liderado por Antônio Ermírio de Moraes, que têm um patrimônio combinado de US$ 26 bilhões. A pessoa mais rica do Brasil continua sendo o investidor da Anheuser-Busch InBev NV, Jorge Paulo Lemann, com uma fortuna de US$ 20,6 bilhões.

A CBMM foi pioneira na tecnologia que faz com que o nióbio fortaleça o aço em escala industrial, disse Carneiro.

O presidente da empresa foi no passado um dos muitos estudantes que receberam bolsas de doutorado da companhia para explorar os usos do elemento, que foi descoberto no século 19. Após a formatura, os bolsistas iam trabalhar na CBMM, aplicando o que aprenderam.

Processo secreto

Atualmente, as técnicas da CBMM são guardadas a sete chaves, a ponto de as siderúrgicas asiáticas que compraram participação na empresa –- grupo que inclui a chinesa Baosteel Group Corp. e a japonesa Nippon Steel & Sumitomo Metal Corp. –- nunca terem recebido permissão para fazer avaliações técnicas.

“A CBMM não é uma mineradora, é uma empresa de tecnologia”, disse Carneiro. O metal não é raro, segundo ele. “Raro é o mercado.”

O processo é tão complexo e intensivo em capital que existem apenas quatro minas de nióbio em operação no mundo todo, apesar dos 300 depósitos conhecidos.

São necessários diversos estágios de refino para transformar uma terra granulada marrom com teor de nióbio de apenas 3 por cento numa liga de ferro com pureza de 66 por cento, que é o produto comprado pelas siderúrgicas globais.

A CBMM processa 750 toneladas por hora nas instalações em Araxá, a cerca de 360 km de Belo Horizonte.

Em média, são necessários somente 200 gramas de liga de nióbio para fortalecer uma tonelada de aço, permitindo que as siderúrgicas produzam automóveis mais leves e eficientes e pontes e edifícios mais robustos. O produto é responsável por 90 por cento da receita da CBMM.

"Partícula de Deus"

A companhia realiza um processo separado para produzir um pó branco concentrado de nióbio que é usado em lentes de câmeras e turbinas de avião.

O pó também está presente nos imãs supercondutores do maior acelerador de partículas do mundo -- o Grande Colisor de Hádrons, ou LHC, instalado nos arredores de Genebra – que físicos usaram para tentar observar a partícula teórica elementar conhecida como Bóson de Higgs, também chamada “Partícula de Deus”.

“Dá um trabalho louco vender nióbio”, disse Carneiro. Segundo ele, a CBMM passou mais de duas décadas tentando convencer a China, líder mundial na produção de aço, a comprar o metal. A aceitação veio finalmente em 2000. A China hoje compra um quarto da produção da CBMM.

Sem ações na bolsa

É a visão e o planejamento de longo prazo que explicam porque a empresa não tem planos de lançar ações na bolsa, uma operação que a colocaria sob a pressão dos investidores por resultados no curto prazo, disse Carneiro.

Outro motivo para não vender ações é que a CBMM não precisa de dinheiro, disse ele. Sua margem de lucro de 37 por cento faz dela uma das 10 mais lucrativas mineradoras com valor de mercado de pelo menos US$ 1 bilhão, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A receita ficou em R$ 3,8 bilhões em 2012, afirmou Carneiro.

O mais velho dos irmãos Moreira Salles, Fernando, de 66 anos, é o presidente do conselho da empresa e está envolvido de perto na sua gestão, segundo Carneiro. Pedro, 53 anos, que sofre de distrofia muscular, preside o conselho do Itaú Unibanco e integra o conselho da CBMM.

As raízes da família no setor bancário remontam a 1924, quando João Moreira Salles, que tocava uma casa de secos e molhados em Minas Gerais, decidiu abrir a Casa Bancária Moreira Salles e passou a financiar a expansão de cafezais nas décadas de 1930 e 1940.

Chanel No. 5

Após a morte de João, seu filho Walther foi ampliando gradualmente a instituição financeira até transformá-la no gigante conhecido como Unibanco. O banco já era um dos maiores do Brasil em 2008, quando foi comprado pelo Itaú, controlado pelas famílias Villela e Setúbal.

Os dois outros filhos de Walther Moreira Salles fizeram carreira no mundo das artes, dando continuidade a outra tradição familiar. Walter Salles, 56 anos, dirigiu os filmes “Na Estrada”, com base no livro de Jack Kerouac, e “Diários de Motocicleta”, sobre a juventude de Che Guevara. João, 50, dirige documentários e é fundador e publisher da revista Piauí.

O pai deles era parte do jet set internacional de seu tempo. A primeira esposa, Helene Tourtois, mãe de Fernando, era filha do inventor do perfume Chanel No. 5. O mordomo argentino Santiago Badariotti, que participou da criação dos irmãos, tinha gosto por poesia, latim e piano, e acabou se tornando personagem de um dos documentários de João.

Rockefeller, Jagger

Em sua mansão no Rio de Janeiro, Walther recebia convidados como Henry Ford II, Nelson Rockefeller, Aristotle Onassis e Mick Jagger. Ao longo dos anos, Walther doou quadros de Picasso, Bellini e Raphael ao Museu de Arte de São Paulo. Mais tarde ele transformou sua casa na sede do Instituto Moreira Salles, fundado em 1992 para patrocinar a cultura no Brasil. João é hoje o chairman do instituto.

Durante todo o tempo, a atividade bancária foi o centro da vida de Walther Moreira Salles. Em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo no ano passado, seu filho Pedro disse: “O banco era o seu quinto filho, um negócio que ele criou do zero.”

sábado, 13 de julho de 2013

NIÓBIO fazendo milagre em Araxá

Enquanto o Brasil lamentava o PIB baixo de 2012, a mineradora CBMM teve um ano ótimo. Cada um dos 1.800 funcionários ganhou nove salários de bônus. 
A extração do Minério Nióbio
O nióbio de Araxá fica na superfície. Os "mineiros" da CBMM, assim, jamais ficarão presos em túneis escuros em caso de acidentes. A exploração do nióbio da CBMM consiste em retirar a terra de uma enorme área de 4 quilômetros de largura por 4 de comprimento e levá-la para uma espécie de peneirão. É quando o nióbio, de cor azulada, é separado da terra comum para depois ser vendido para os clientes. Michele Loureiro, de 
Máquina da CBMM em processo de reaproveitamento de rejeitos

É o milagre do Nióbio
O contrabando da mina de Araxá para o exterior que produz em alta concentração o metal altamente estratégico para o planeta, o nióbio, com o agravante de que o Brasil ainda esta pagando para ser roubado.  Todos os presidentes nos últimos trinta anos, nunca responderam as indagações sobre o o minério nióbio. Tão pouco, quando o político Eneas denunciou na Câmara Federal nos anos 90 a sua expropriação. Por que os presidentes não respondem as indagações da sociedade brasileira sobre o assunto?

Em 2012, a CBMM faturou 4 bilhões de reais, 17% mais que no ano anterior. Sua margem de lucro é de 50%. Se não vale tanto, a participação acionária do clã na mineradora chega muito perto. Há dois anos, os Moreira Salles venderam participações minoritárias na CBMM para empresas chinesas e japonesas. A transação avaliou a mineradora em 26,9 bilhões de reais. A participação de 70% dos Moreira Salles na montanha de nióbio vale, portanto, quase 19 bilhões de reais.  

embaixador Walther Moreira Salles (Unibanco-CBMM) com Oswaldo Aranha e Amaral Peixoto em 1959.
(*) Em 1964, por razões pessoais, o presidente Costa e Silva decidiu cassar o embaixador (boa visão) e perguntou a opinião do então ministro Delfim Netto (justo para quem!). A resposta de Delfim!: “Teremos apenas problemas com toda a imprensa internacional, com os banqueiros estrangeiros e com os governos dos Estados Unidos e da França.” Costa e Silva (morte misteriosa!) desistiu da ideia. Naquele momento, o presidente linha-dura descobria o que muitos já sabiam: o embaixador estava acima do bem e do mal. Moreira Salles construiu em torno de si uma reputação de integridade inabalável. No mundo dos negócios, era um cavalheiro cuja palavra era uma só. Quem negociava com ele dormia tranqüilo. Jamais seria passado para trás. Na década de 60, foi sócio de Nelson Rockefeller nas incursões do bilionário americano pelo mundo dos negócios no País. A principal delas foi a criação do fundo Crescinco, que pavimentou a estrada para o desenvolvimento do mercado brasileiro de capitais. O Brasil entrava na roda financeira internacional pela porta da frente. David Rockefeller, fundador e presidente honorário da Comissão Trilateral, escreveu: "Alguns até acreditam que são parte de uma cabala secreta trabalhando contra os melhores interesses dos Estados Unidos, caracterizando a minha família e eu como 'internacionalistas' e de conspirar com outros ao redor do mundo para construir uma estrutura mais integrada política e econômica global - mundial, se você quiser. Se essa é a acusação, então sou culpado, e estou orgulhoso dele. http://www.newswithviews.com/Monteith/stanley100.htm#_ftn1

Nióbio, Metal Estratégico -com Dr. Adriano Benayon


sexta-feira, 7 de junho de 2013

O desmatamento da Amazônia, sob controle

PARABÉNS a todos aqueles que foram  qualificados pelo  Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e pelo Centro de de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), para defendermos a nossa linda AMAZÔNIA (BRASIL).

A todos os bravos soldados da Amazônia. A melhor escola de guerra na selva do mundo.


"A SELVA NOS UNE, AMAZÔNIA NÓS PERTENCE"  -    
"BRASIL ACIMA DE TUDO"   


6/6/2013 14:52
Por Redação, com DW - de Brasília
Governo considera o desmatamento da Amazônia, maior fonte de emissão brasileira
Governo considera o desmatamento da Amazônia, maior fonte de emissão brasileira

Governo considera o desmatamento da Amazônia, maior fonte de emissão brasileira, sob controle. Dados de 2012 apontam queda recorde da destruição da floresta. Para ambientalistas, número deve subir neste ano.
Enquanto negociadores-chefes de 192 países se reúnem em Bonn, na Alemanha, para fechar os últimos ajustes antes da Conferência do Clima, o governo brasileiro anuncia um novo plano para combater os efeitos das mudanças climáticas, em Brasília. As medidas foram apresentadas na quarta-feira durante o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
Após considerar a maior fonte de emissão de gases do efeito estufa no Brasil o desmatamento na Amazônia sob controle, a presidente Dilma Rousseff estabeleceu novas prioriedades, como o setor energético. “Temos que enfrentar o fato de que, se continuarmos a fazer hidrelétricas a fio d’água, se continuarmos a ter a fórmula e também a arquitetura da energia renovável como temos neste momento, haverá uma tendência inexorável de aumento das térmicas na nossa matriz”, disse.
Quando não há água o suficiente para gerar eletricidade nas centrais hidrelétricas, as térmicas precisam entrar em ação. Essas usinas são movidas na maioria dos casos a carvão e óleo e são, portanto, mais poluentes. Em seu discurso, Dilma, no entanto, não disse diretamente qual ação será adotada.
Outras medidas para forçar a queda das emissões incluem mudanças no uso da terra, outra grande fonte de emissão no país. O Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) acaba de liberar R$ 4,5 bilhões para produtores investirem em práticas como plantio direto, alternância de culturas e integração lavoura-pecuária-floresta.
A administração federal também deu início à terceira fase do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, o PPCDAM, criado em 2004, ainda quando Marina Silva estava à frente do Ministério do Meio Ambiente. O programa é visto como a grande força motriz por trás da queda da destruição da Floresta Amazônica.
Menor desmatamento da história
Dados consolidados apresentados nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, apontam que o desmatamento na Amazônia foi de 4.571 quilômetros quadrados em 2012. A notícia, celebrada pela cúpula do govern,o não é necessariamente nova. Em novembro do ano passado, a estimativa já fora divulgada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O único fato novo é que o dado consolidado corrigiu em 2% para baixo a área de floresta destruída. Foi o menor corte da floresta desde 1988, época em que o monitoramento via satélite começou a operar. Ainda assim, as árvores eliminadas em 2012 poderiam ocupar praticamente todo o Distrito Federal.
Os números significam uma redução de 84% em relação a 2004. “O Brasil já atingiu 76% da meta voluntária de desmatamento”, ressaltou Izabella Teixeira, referindo-se ao compromisso de diminuir em 80%, até 2020, a destruição da floresta em comparação a 2005. “Também já cumprimos 62% da meta de redução das nossas emissões.”
Elogios de Merkel, crítica de ambientalistas
As ações do Brasil, segundo Izabella, foram elogiadas por Angela Merkel, chefe do governo alemão. “A chanceler alemã sinaliza a contribuição do Brasil como a maior contribuição no combate às mudanças climáticas por meio da redução do desmatamento”, disse a ministra.
A declaração de Merkel foi feita no último diálogo de Petersberg, na Alemanha, em maio último, reunião que marca o início não oficial das negociações climáticas.
- Queremos ver o desmatamento chegar a zero. Porém, os sinais que vêm da Amazônia mostram que ele está crescendo novamento este ano – alerta o Greenpeace.
Dados divulgados essa semana pelo Inpe e SOS Mata Atlântica não foram citados pela ministra: o desmatamento da Mata Atlântica, considerado o bioma mais ameaçado do país, aumentou 29% no último ano em relação ao período entre 2010 e 2011.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

A CIA na Amazônia

 Houve várias tentativas de aproveitamento da Amazônia para atender objetivos de outros países, sendo dos mais próximos, na década de 60, o projeto do Lago Amazônico do Hudson Institute/Hermann Khan, com inundação de grande área para propiciar pesca e, integração das bacias hidrográficas, peremptoriamente rejeitado. Seria para dificultar a exploração de recursos minerais? Reserva para o futuro e servir a potências estrangeiras?

E hoje, com as grandes reservas indígenas? Na fronteira, como a dos yanomamis, em território brasileiro e na Venezuela. Para lembrar, são mais de 9,6 milhões de hectares, o dobro da Suíça. Na Venezuela, 8, 2 milhões de hectares. Para servir a quem?


A CIA e os lagos artificiais na Amazônia

Lúcio Flávio Pinto

Um sistema de grandes lagos artificiais construídos na Amazônia foi o grande tema que atraiu a atenção geral para a região e a projetou novamente no mundo, na metade dos anos 1960, com ardor semelhante ao das hidrelétricas, hoje. A ideia foi apresentada pelo Hudson Institute, de Nova York, criado e dirigido pelo primeiro futurólogo do mundo, Herman Kahn, com peso proporcional ao tamanho do seu QI (o coeficiente de inteligência, que tanto glamour possuía na época).

Como o Hudson prestava serviços à CIA, a central de inteligência dos Estados Unidos, o projeto foi visto como um instrumento a serviço dos interesses imperialistas dos EUA na Amazônia. Por isso provocou discussões e reações de amplo espetro geopolítico. O mesmo desvario do empreendimento era repetido por seus críticos. Dentre eles, houve quem interpretasse o enorme lago a ser formado pelo represamento do rio Amazonas em seu trecho mais estreito, em Óbidos, como área de permanência da VII frota americana, que circulava pelo Atlântico sem pouso certo.

Neste depoimento inédito, que me enviou, o historiador David Gueiros Vieira apresenta uma explicação original. Foi o então embaixador do Brasil nos EUA, o famoso economista, ex-seminarista e futuro ministro Roberto Campos que pedira por encomenda ao Hudson um estudo sobre o aproveitamento do Amazonas. A tarefa foi delegada a Roberto Panero, que nem era engenheiro, por não ter concluído o curso de formação, mas tinha ideias megalomaníacas e delirantes.

O projeto não visaria exatamente o Brasil, mas o Peru. Devia permitir transportar os minérios peruanos até os Estados Unidos, que deles tirariam proveito. Passaria pela Colômbia, beneficiando a terra natal da esposa de Panero, que era, aliás, seu único contato com a América do Sul.

Na versão de Gueiros, foi uma loucura acidental. Roberto Campos tinha um propósito e o Hudson lhe entregou algo não só inviável como inaceitável. Com a reação crítica no Brasil, Campos ocultou sua responsabilidade pela encomenda e a empreitada foi esquecida e arquivada.

No entanto, mesmo que como livre exercício de imaginação arbitrária, o exame sobre a concepção de um sistema de grandes lagos pode ser útil ainda hoje. A barragem, com dois quilômetros de extensão sobre o leito do rio Amazonas, e 100 metros de profundidade, provavelmente seria irrealizável pela engenharia. Mesmo que fosse possível executá-la, seus efeitos seriam desastrosos, ao inundar uma área que iria de Óbidos a Manaus. Não só impactos ambientais e sociais, mas até sobre o equilíbrio do planeta, segundo alguns cálculos sobre aquela incrível massa aquática que surgiria nessa vasta área.

Como abordagem para a geração de energia, a barragem de Óbidos tinha um elemento importante. A represa era de baixa queda, justamente o contrário da opção seguida pelo governo brasileiro quando decidiu construir Tucuruí, a primeira grande hidrelétrica na Amazônia. Sendo de alta queda, provocou uma grande elevação do nível das águas do rio Tocantins a montante, inundando terras e florestas às suas margens e assim formando o segundo maior lago artificial do Brasil, com três mil quilômetros quadrados.

O grande lago do Hudson também apresentava, em tese, uma abordagem inteligente da Amazônia: através das águas e não, como faria o governo na passagem dos anos 1960 para a década seguinte, rasgando a floresta de terra firme por estradas de rodagem, um dos erros mais graves já praticados contra a região.

Um raciocínio futurista sugeria que, inundada, a planície terciária atravessada pelo Amazonas poderia vir a ser explorada através de lâmina d’água para a extração de petróleo, método muito mais eficiente e barato do que o acesso por terra. E o que mais interessava então, os minérios, podiam ser atingidos, nos espinhaços das formações geológicas mais antigas, também por água, através de grandes navios.

Para isso, porém, não seria preciso provocar inundações artificiais. Bastava seguir o caminho certo, indicado pela natureza, das múltiplas drenagens naturais, só as alterando quando o plano original da acomodação dos milênios de criação e recriação da natureza pudesse ser respeitado.

David Gueiros Vieira, que já foi diretor do Museu Goeldi e é autor de vários livros e artigos, sobretudo sobre o protestantismo, sua religião, se mostrou impressionado com o mapa que viu na sala de Robert Panero, ao visitá-lo. Era o melhor mapa que já vira sobre o Brasil, produzido pela Usaf, a força aérea americana. Todos os acidentes geográficos estavam ali registrados. Panero deve ter estudado esse mapa à exaustão, mas à distância. Sobre um referencial abstrato, ainda que na mais perfeita reconstituição, concebeu uma ideia da realidade que nada tinha a ver com a realidade mesma. Como Gueiros narra, é estultice sobre estultice, a partir de uma base cartográfica de tanta qualidade.

Assim é que têm surgido muitas das concepções sobre a Amazônia, edificadas sobre bases abstratas, sem o enchimento do saber que se origina da visão, percepção e raciocínio no local, in situ. Não só para ver a geografia em sua matriz real e viva, mas perceber a história que passou a existir quando o homem começou a interagir com ela. História que tem sido perdida ou desperdiçada com a mesma leviandade da apresentação do plano dos grandes lagos pelo Hudson.

Para que a história não se perca, publico o testemunho de David Gueiros Vieira, enviado de Brasília.

Em 1967, os jornais no Brasil noticiaram com alarde, que um grande “think tank” [tanque de pensamento, no sentido literal] americano “ligado à CIA”, estava propondo a criação de sete grandes lagos na Amazônia, que praticamente acabariam com a mesma. Afirmavam que isso seria um complô, para destruir a grande fonte de riquezas que o Brasil ainda possuía, tendo em meta manter o país na dependência dos Estados Unidos da América.

O histerismo antiamericano da imprensa esquerdista chegou a um alto nível, só comparável à outra mirabolante acusação, que estava sendo feita na época, de que os americanos estavam planejando “esterilizar” todas as mulheres no Amazonas. Era alegado que isso acabaria com a população brasileira naquela área, que seria então invadida pelos ianques! Essa acusação da “esterilização” já foi assunto de pequeno artigo meu, no qual demonstro a origem da mesma, bem como seu significado.

Em 1968, ainda estudante de pós-graduação, nos Estados Unidos, fui trabalhar para Joseph Ward & Associates - firma de geólogos e engenheiros de solo - em Caldwell, New Jersey, como chefe do escritório e relações públicas da mesma. O vice-presidente da firma, que pessoalmente me contratara - meu amigo Roy Eugene Hunt - informado sobre a proposta do Hudson Institute, me convidou a ir com ele, a ver de que maneira a firma Joseph Ward poderia se habilitar no planejamento e execução daquele grande projeto.

Afirmava que os solos amazônicos são frágeis, e que os lagos propostos enfrentariam os maiores problemas de solo do mundo. Fui convidado a ir nessa visita por ser brasileiro, bem como relações públicas da Joseph Ward. Fomos entrevistar o próprio Robert Panero, autor da proposta.

O Hudson Institute está localizado às margens do Rio Hudson, no estado de Nova Iorque. É uma área belíssima, bem arborizada e com residências belas e bem montadas.

Robert Panero era um cidadão mais ou menos da minha idade, na casa dos trinta anos. Seu escritório tinha um mapa do Brasil enorme, que ocupava uma parede inteira. Mostrava “milimetricamente” todos os acidentes geográficos do país. Esse mapa fora mapa cedido pela Força Aérea americana, assim nos informou Panero. Eu jamais vira tal coisa, e me assombrei com ela. Sem dúvida tal mapa já está totalmente ultrapassado, com todos os recursos de imagem de satélite disponíveis hoje em dia.

Panero estava zangadíssimo com a reação da imprensa brasileira ao seu plano. Afirmou que o mesmo fora solicitado pela própria embaixada do Brasil, em Washington, que pedira a Herman Khan, fundador e presidente do Hudson Institute, um plano para o desenvolvimento do Amazonas. No entanto, em vista da reação antagônica da imprensa brasileira, o embaixador Roberto Campos “se amedrontara” - palavras de Panero - e ficara bem caladinho, tendo o Hudson Institute e Panero assumido a paternidade da criança. O embaixador Roberto Campos vinha sendo massacrado pela imprensa brasileira, que o apelidava de “Bobby Fields”, por sua posição amigável aos Estados Unidos.

Robert Panero então nos explicou que seu pai fora engenheiro “barragista”, e que ele crescera num ambiente de construção de barragens. Ficava patente a razão da sua tendência de escolher barragens, como solução para todos os problemas dos rios. Mais ainda, nos informou que não era engenheiro registrado, pois não terminara o curso de engenharia.

Ficou também patente que Panero via a América do Sul como um só país, sem distinguir nacionalidades distintas, rivalidades regionais, ou planos individuais de cada país para a utilização de seus próprios recursos. Os lagos amazônicos propostos, como nos foram explicados por Panero, seriam de grande benefício para a região andina, tão pródiga em minerais, e especialmente o Peru.

Esses recursos minerais andinos seriam transportados por essa via hídrica, em direção à Colômbia, e de lá para a Europa e Estados Unidos. O grande planejador nos informou que sua mulher era colombiana, e que a mesma estava “muito feliz” com o plano criado, pois o mesmo beneficiaria enormemente a Colômbia!

Deixamos de perguntar: “E o Brasil? Onde fica nisso?” Ora o Brasil! O Brasil deveria ser pródigo, e doar seu grande rio e território amazônico para o bem comum, assim parecia dizer Panero. Se não falava isso, sem dúvida alguma pensava dessa maneira. Mais ainda, esse plano não tomava conhecimento dos problemas do meio ambiente, dos quais até então pouco se falava no mundo.

Outrossim, não tomava conhecimento das centenas de vilas, bem como das pequenas e grandes cidades amazônicas que seriam inundadas - inclusive Santarém, e possivelmente Manaus. A população que teria de ser removida, daquela área dos sete grandes lagos propostos, foi depois calculada em 750 mil pessoas, cálculo esse muito aquém da realidade.

Para onde iria a população ribeirinha, deslocada pelos lagos? Quem pagaria pelos gastos de compensação das propriedades inundadas? E a destruição da flora e fauna do Amazonas, grande parte dela ainda ser explorada e conhecida, naquele momento? E os índios arredios, e os aculturados, que seria deles? Ficou patente, pelo menos para mim, que Robert Panero era um planejador inconsequente.

Tempos mais tarde, Robert Panero tendo deixado o Hudson Institute - sob que circunstância não se sabe - criou sua própria firma de planejamento. Entre seus novos projetos, houve um, para a cidade de Nova Iorque, que predicava a destruição do Central Park, a belíssima e única área verde de Manhattan. Propôs que se construíssem ali edifícios de apartamentos de alto luxo. Com os lucros dos mesmos, a região do gueto negro do Harlem seria derrubada; assim, novos e modernos edifícios seriam construídos para aquela população destituída. Esse plano, evidentemente, não foi aceito pela cidade de Nova Iorque.

Na Europa, Robert Panero formulou várias propostas, inclusive a criação de ilhas artificiais entre a Inglaterra e os Países Baixos, sobre as quais seriam construídas pontes, criando uma rodovia de comunicação entre a Inglaterra e o continente. Enfim, seus planos mirabolantes foram muitos, dos quais poucos foram aproveitados, se é algum deles de fato chegou a ser adotado. Basta digitar “Robert Panero, Hudson Institute”, no Google, para encontrar a história dos lagos amazônicos, e toda uma listagem dos planos mirabolantes desse senhor.

Enfim: ao contrário do que se argumentava no Brazil - e ainda se fala nisso, em certos lugares - o plano dos “Grandes Lagos Amazônicos”, na minha opinião, não foi um complô da CIA, para destruir o Amazonas e a economia do Brasil. Foi proposta de um planejador desvairado, funcionário do Hudson Institute, que a pedido do embaixador brasileiro em Washington criara esse plano para o “desenvolvimento da Amazônia”.

Sem dúvida, longe estaria o embaixador brasileiro de aprovar tal plano, nem mesmo saberia ele que seu pedido de auxílio, endereçado ao grande e prestigioso Hudson Institute, um dos primeiros “think tanks” daquela época, resultaria em um plano tão louco, tão desvairado, e tão contra os interesses do próprio Brasil.

Jornal Pessoal / Luis Nassif Online

https://jornalggn.com.br/brasil/a-cia-e-os-lagos-artificiais-na-amazonia/

quarta-feira, 10 de abril de 2013

'Monopólio' brasileiro do nióbio gera cobiça mundial, controvérsia e mitos

Com 98% das reservas, Brasil não tem política específica para o mineral. Exportações cresceram 110% em 10 anos

Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo


Um metal raro no mundo, mas abundante no Brasil, considerado fundamental para a indústria de alta tecnologia e cuja demanda tem aumentado nos últimos anos, tem sido objeto de controvérsia e de uma série de suspeitas e informações desencontradas que se multiplicam na internet – alimentando teorias conspiratórias e mitos sobre a dimensão da sua importância para a economia mundial e do seu potencial para elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Trata-se do nióbio, elemento químico usado como liga na produção de aços especiais e um dos metais mais resistentes à corrosão e a temperaturas extremas. Quando adicionado na proporção de gramas por tonelada de aço, confere maior tenacidade e leveza. O nióbio é atualmente empregado em automóveis, turbinas de avião, gasodutos, em tomógrafos de ressonância magnética, na indústria aeroespacial, bélica e nuclear, além de outras inúmeras aplicações como lentes óticas, lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos e até piercings.
Abaixo, o G1 explica a polêmica sobre o mineral, em reportagem produzida por sugestão de leitores (se você também quer sugerir uma reportagem, entre em contato pela páginahttp://falecomog1.com.br/.)
Arte Nióbio - anglo american (Foto: Editoria de Arte/G1)
O mineral existe no solo de diversos países, mas 98% das reservas conhecidas no mundo estão no Brasil. O país responde atualmente por mais de 90% do volume do metal comercializado no planeta, seguido pelo Canadá e Austrália. No país, as reservas são da ordem de 842.460.000 toneladas e as maiores jazidas se encontram nos estados de Minas Gerais (75% do total), Amazonas (21%) e em Goiás (3%).
Segundo relatório do Plano Nacional de Mineração 2030, o Brasil explora atualmente 55 substâncias minerais, respondendo por mais de 4% da produção global, e é líder mundial apenas na produção do nióbio. No caso do ferro e do manganês, por exemplo, em que o país também ocupa posição de destaque, a participação na produção global não ultrapassa os 20%.
Tal vantagem competitiva em relação ao nióbio desperta cobiça e preocupação por parte das grandes siderúrgicas e maiores potências econômicas, que costumam incluir o nióbio nas listas de metais com oferta crítica ou ameaçada. É isso também que alimenta teorias de que o Brasil vende seu nióbio “a preço de banana”; que as reservas nacionais estão sendo “dilapidadas”; e que o país está “perdendo bilhões” ao não controlar o preço do produto.
A chamada “questão do nióbio” não é um assunto novo. Um dos seus porta-vozes mais ilustres foi o deputado federal Enéas Carneiro, morto em 2007, que alardeava que só a riqueza do mineral seria o suficiente para lastrear toda a riqueza do país. O nióbio já chegou a ser relacionado até com o mensalão, após o empresário Marcos Valério afirmar na CPI dos Correios, em 2005, que o Banco Rural conversou com José Dirceu sobre a exploração de uma mina de nióbio na Amazônia.
Em 2010, um documento secreto do Departamento de Estado americano, vazado pelo site WikiLeaks, incluiu as minas brasileiras de nióbio na lista de locais cujos recursos e infraestrutura são considerados estratégicos e imprescindíveis aos EUA . Mais recentemente, o nióbio voltou a ganhar os holofotes em razão da venda bilionária de uma fatia da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), maior produtora mundial de nióbio, para companhias asiáticas. Em 2011, um grupo de empresas chinesas, japonesas e sul coreana fechou a compra de 30% do capital da mineradora com sede em Araxá (MG) por US$ 4 bilhões.
Independente do debate muitas vezes ideológico por trás da questão e dos mitos que cercam o mineral (veja quadro abaixo), o fato é que o quase ‘monopólio’ da oferta ainda não resultou numa política específica para o nióbio no Brasil ou programa voltado para o desenvolvimento de uma cadeia industrial que vise agregar valor a este insumo que praticamente só o país oferece.
Nióbio - mitos e fatos (Foto: Editoria de Arte / G1)
mitos nióbio 1 (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: Trata-se de um mineral nobre e encontrado em poucos países, mas o preço está muito distante do valor do ouro. Segundo estatísticas oficiais, a liga ferro-nióbio foi comercializada em 2012 pelo preço médio de US$ 26.500 a tonelada. Já cotação média da onça do ouro (31,10 gramas) foi de US$ 1.718.
mitos nióbio 2 (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: O Brasil é o maior produtor mundial, respondendo por mais de 90% da oferta, seguido pelo Canadá e Austrália. O país detém mais de 98% das reservas conhecidas de nióbio no mundo, mas o mineral também é encontrado em países como Egito, Congo, Groelândia, Rússia, Finlândia e Estados Unidos.
mitos nióbio 3 (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: Sua utilização garante alta performance em setores relacionados à siderurgia, sobretudo na produção de aços de alta resistência. Hoje, o nióbio já pode ser considerado um insumo essencial para indústria aeroespacial, de óleo e gás, naval e automotiva. Mas não se trata de uma fonte de energia primária ou de alto nível de consumo como o petróleo.
mitos nióbio 4 (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: O metal possui uma série de vantagens competitivas na produção de aços mais leves e ligas especiais. Quando adicionado na proporção de gramas por tonelada, confere maior resistência ao aço. Hoje é empregado em automóveis, turbinas de avião, gasodutos, tomógrafos entre outras aplicações. O nióbio possui, entretanto, concorrentes equivalentes como o vanádio, o tântalo e o titânio.
mitos nióbio 5 (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: O quase monopólio brasileiro da produção desperta a cobiça e a preocupação de outros países, pois ninguém gosta de depender de um único fornecedor. Documento do Departamento de Estado americano, vazado em 2010 pelo WikiLeaks, inclui as minas brasileiras na lista de locais considerados estratégicos para a sobrevivência dos EUA. Em 2011, um grupo de companhias chinesas, japonesas e sul coreanas adquiriram por US$ 4 bilhões 30% do capital da brasileira CBMM.
mitos nióbio 6 (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: O preço médio de exportação de ferro-nióbio subiu de US$ 13 o quilo em 2001 para US$ 32 em 2008. Em 2012, a média ficou em US$ 26,5 o quilo. Como os preços não são negociados em bolsas e como as produtoras possuem subsidiárias em outros países, existem suspeitas não comprovadas de subfaturamento. Segundo as empresas e especialistas, uma grande alta no preço poderia incentivar a substituição do nióbio por produtos concorrentes e até uma corrida pela abertura de novas minas.
mitos nióbio 7 (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: Somente a CBMM, em Araxá, explora jazidas com durabilidade estimada em mais de 200 anos, considerando a demanda atual. As reservas conhecidas no país são da ordem de 842.460.000 toneladas e, segundo o governo, não existe previsão de início de produção em outras áreas do país com reservas lavráveis conhecidas como Amazonas e Rondônia.
mitos nióbio 8 (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: apesar do nióbio ser encontrado em regiões de fronteira, onde ocorrem pequenos garimpos, em razão das difíceis condições de produção e transporte para os países consumidores o governo considera infundadas as suspeitas de contrabando.
mitos nióbio 9 (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: O fato de possuir mais de 98% das reservas conhecidas deve garantir ao Brasil por muitos anos praticamente o monopólio da oferta, mas, apesar do crescimento da intensidade de uso do nióbio e das inúmeras possibilidades de aplicações, a relevância e valorização do mineral ainda não se compara ao ouro ou ao petróleo.
mitos nióbio (Foto: Editoria de Arte/G1)
FATO: O governo não prevê qualquer abordagem específica para o nióbio dentro das discussões sobre o novo marco regulatório da mineração. A oferta de nióbio está praticamente toda nas mãos das duas gigantes privadas que operam no país, sem a articulação de uma política de desenvolvimento de um parque industrial nacional consumidor de nióbio. Por outro lado, as exportações de ferro-nióbio contribuem para o superávit da balança e o metal é hoje o 3º item mais importante da pauta mineral de exportação.

Governo nega que riqueza seja negligenciada
Embora seja enquadrado pelo governo federal como um mineral estratégico, o Ministério de Minas e Energia (MME) informa que não há previsão de “uma abordagem específica para o nióbio” dentro das discussões sobre o novo Marco Regulatório da Mineração, que deverá ser encaminhado em breve para o Congresso Nacional.
O Brasil detém praticamente todo o nióbio do planeta, mas este potencial é desaproveitado"
Monica Bruckmann, professora do Departamento de Ciência Política da UFRJ
“O Brasil detém praticamente todo o nióbio do planeta, mas este potencial é desaproveitado”, afirma a pesquisadora Monica Bruckmann, professora do Departamento de Ciência Política da UFRJ e assessoria da Secretaria-Geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). “O que se esperaria é que o Brasil tivesse uma estratégia muito bem definida por se tratar de uma matéria-prima fundamental para as indústrias de tecnologia de ponta e que pode ser vista como uma fortaleza para a produção de energias limpas e para o próprio desenvolvimento industrial do país”, emenda.
Para o pesquisador Roberto Galery, professor da faculdade de engenharia de minas da UFMG, o Brasil deveria usar o nióbio como um trunfo para atrair mais investimentos e transferência de tecnologia. “Se o Brasil parasse de produzir ou vender nióbio hoje, isso geraria certamente um caos”, afirma.
O governo rechaça, entretanto, as críticas de que o país estaria negligenciando esta riqueza. “O atual nível de produção de nióbio no Brasil somente foi viável devido aos investimentos no desenvolvimento de tecnologia nacional de produção e na estrutura do mercado para o uso desse metal”, afirmou o MME, em resposta encaminhada ao G1.
“Consideramos que o país tem aproveitado adequadamente o nióbio extraído do seu subsolo, se considerarmos que o minério é convertido em ferro-liga e exportado com um maior valor agregado, por outro lado, na medida em que o parque siderúrgico brasileiro se desenvolver, a utilização de nióbio para a produção de aço poderá aumentar”, acrescentou o ministério.
Desde a década de 70, não há comercialização do minério bruto ou do concentrado de nióbio (pirocloro) no mercado interno ou externo. O metal é vendido, sobretudo, na forma da liga ferro-nióbio (FeNb STD, com 66% de teor de nióbio e 30% de ferro), obtida a partir de diversas etapas de processamento. Segundo o governo, as exportações de ferro-liga de nióbio atingiram em 2012 aproximadamente 71 mil toneladas, no valor de US$ 1,8 bilhões.
Somente dois produtores no Brasil
Toda a produção brasileira de nióbio está concentrada nas mãos de duas empresas: a CBMM, controlada pelo grupo Moreira Salles – fundadores do Unibanco – e a Mineração Catalão de Goiás, controlada pela britânica Anglo American.
Vista aérea das instalações da CBMM, em Araxá, e da Anglo, em Catalão (Foto: Divulgação )Vista aérea das instalações da CBMM, em Araxá, e
da Anglo American, em Catalão (Foto: Divulgação )
A CBMM é a empresa líder do mercado de nióbio, respondendo por cerca de 80% da produção mundial. Em seguida, estão a canadense Iamgold, com participação de cerca de 10%, e a Anglo American, com 8%, que só possui operação de nióbio no Brasil.
O comércio global de nióbio se deve em grande parte aos esforços e pioneirismo destas companhias no processamento do mineral. “Com as descobertas de significativas reservas de pirocloro no Brasil e no Canadá, e com a sua viabilidade técnica, principalmente pelos esforços tecnológicos e comerciais da CBMM, houve uma transformação radical nos aspectos de preços e disponibilidade dessa matéria-prima para a obtenção de nióbio, o que foi fundamental para a conquista do mercado mundial pelo Brasil”, afirma o ministério.
A CBMM informa estar presente hoje em todos os países produtores de aço, com destaque para a China, Japão, Estados Unidos, Coreia, Índia, Alemanha, Rússia e Inglaterra. “O programa de desenvolvimento de mercado da CBMM tem 50 anos. Nesse período, a companhia adquiriu legitimidade para desenvolver tecnologia do nióbio com os usuários finais e clientes diretos”, afirmou a empresa em mensagem enviada ao G1.
Em 2012, a companhia informou ter registrado lucro líquido de R$ 1,454 bilhão, uma alta de 18% na comparação com o ano anterior, segundo balanço publicado em jornais de Minas Gerais. O mercado internacional foi responsável por 95% do faturamento total da empresa no ano passado, quando o montante chegou a R$ 3,898 bilhões.
Procurada pelo G1, a empresa não atendeu ao pedido de entrevista com um porta-voz e de visita às suas instalações, se limitando a responder a perguntas encaminhadas por e-mail. 
“A CBMM comercializa produtos de nióbio acabados e, portanto, não é exclusivamente mineradora. A etapa de mineração é a primeira de 15 etapas em seus processos produtivos que contam com tecnologia própria totalmente desenvolvida por ela no Brasil. O desenvolvimento tecnológico de processos, produtos e aplicações da CBMM é reconhecido internacionalmente. A empresa possui mais de 100 projetos com clientes e usuários finais", informou a companhia.
nióbio gráfico (Foto: Editoria de Arte/G1)
Crescimento da demanda por nióbio
Segundo o diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Tunes, o aumento da demanda se deve, sobretudo, à conquista de novos clientes no mundo. “Essas empresas sempre tiveram um comportamento no sentido de criar mercados e nos últimos 10 anos atuaram fortemente na Europa e na China”, afirma o especialista.
Tunes explica que o nióbio possui concorrentes no mercado de insumos para ligas especiais como o tântalo, o vanádio e titânio, e que a farta oferta brasileira é o que vem garantindo a o aumento do consumo e da penetração do nióbio na indústria mundial. “O fato do nióbio ser praticamente um monopólio traz uma limitação de mercado, pois ninguém gosta de ficar na mão de um único produtor. Mas o mundo hoje já está mais confiante que tenha suprimento garantido”, afirma.
A demanda mundial por nióbio tem crescido nos últimos anos a uma taxa de 10% ao ano. O maior salto ocorreu a partir de 2004, puxado principalmente pelo aumento do apetite chinês por aço.
As estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que o volume de ferro-nióbio exportado cresceu 110% em 10 anos, passando de 33.688 toneladas em 2003 para 70.948 em 2012. O maior pico foi registrado em 2008, quando as vendas somaram 72.771 toneladas.
3º mineral mais exportado
Segundo o Ibram, o nióbio respondeu por 4,68% das exportações minerais brasileiras em 2012. O nióbio tem sido nos últimos anos o 3º item mais importante da pauta mineral de exportação, ficando atrás apenas do minério de ferro e do ouro, cujas exportações no ano passado somaram, respectivamente, US$ 30,9 bilhões (80,06%) e US$ 2,3 bilhões (6,06%).
Em 2012, a produção total de nióbio no país foi de 61 mil toneladas – mas em 2007 chegou a quase 82 mil toneladas. O Ibram prevê que até 2015 a produção anual chegará a 100 mil toneladas.
A Anglo American estima um crescimento de 6% ao ano no mercado de nióbio. Já a CBMM afirma que o objetivo da companhia é aumentar a demanda em 50% até 2020.
Embora o consumo de ferro-nióbio esteja diretamente relacionado ao mercado siderúrgico, a demanda pelo produto tem crescido a um ritmo superior ao da produção de aço. Levantamento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) mostra que entre 2002 e 2007 a taxa média de crescimento do consumo de ferro-nióbio foi de 15% ao ano, ao passo que o crescimento médio da indústria siderúrgica foi de 2% ao ano.
“A intensidade do uso vem crescendo na siderurgia o que faz com que o aumento da demanda por nióbio seja muito mais pronunciado”, afirma Ruben Fernandes, presidente da unidade de negócios Nióbio e Fosfato da Anglo American.
Nióbio é extraído a céu aberto na mina da Anglo American em Catalão (GO) (Foto: Divulgação)Nióbio é extraído a céu aberto na mina da Anglo American em Catalão (GO) (Foto: Divulgação)
Preocupação com a sustentabilidade abre mercados
As empresas apostam numa maior adesão ao produto no mundo, especialmente devido à demanda por matérias-primas mais eficientes e à preocupação com a sustentabilidade. O ferro-nióbio pode ajudar, por exemplo, a produzir estruturas e veículos mais leves, que consomem menos energia e combustível.
A indústria chinesa, por exemplo, é um dos setores que ainda usam aço com uma porção pequena de nióbio, diferentemente do que já ocorre em mercados como EUA, Europa e Japão, onde as siderúrgicas costumam fazer adições de 80 a 100 gramas do minério por tonelada de aço. Na China, esse índice de uso é de cerca de 25 gramas por tonelada de aço.
“A China e diversos outros países começam a enxergar os benefícios do uso do nióbio em obras de infraestrutura, para a construção de estruturas mais leves, que não se degradam no tempo e com um impacto ambiental menos intenso”, diz o executivo da Anglo American.
Consideramos que o país tem aproveitado adequadamente o nióbio extraído do seu subsolo, se considerarmos que o minério é convertido em ferro-liga e exportado com um maior valor agregado, por outro lado, na medida em que o parque siderúrgico brasileiro se desenvolver, a utilização de nióbio para a produção de aço poderá aumentar"
Ministério de Minas e Energia
As empresas que atuam no Brasil afirmam possuir capacidades instaladas para atender ao atual ritmo de crescimento da demanda mundial. A CBMM avalia que suas reservas em Araxá são suficientes para garantir a produção de nióbio por mais de 200 anos.
A Anglo estima em 40 anos o tempo de vida útil de suas jazidas e anunciou neste ano que irá investir US$ 325 milhões até 2016 na ampliação da capacidade de produção da sua planta em Catalão (GO), com o objetivo de elevar a produção anual do patamar de 4.400 toneladas de nióbio para 6.500 toneladas.
Política de preços
É diante desta perspectiva de aumento da demanda mundial e de concentração de mercado que os críticos do atual modelo de exploração do nióbio cobram uma maior atuação do governo federal, defendendo o controle do preço de comercialização do produto e em alguns casos até mesmo a estatização da produção.
“Quem consome nióbio são empresas transnacionais superespecializadas. É de se imaginar, portanto, que exista uma enorme pressão de fora para ter um produto que eles precisam a um preço acessível”, avalia o pesquisador Roberto Galery, professor da faculdade de engenharia de minas da UFMG.
Para Adriano Benayon, economista e autor do livro “Globalização versus Desenvolvimento”, com a produção restrita a dois grupos econômicos no Brasil é “evidente” que o interesse é exportar o nióbio do Brasil “ao menor preço possível”.
Pelos cálculos do pesquisador, autor de vários dos artigos sobre nióbio que circulam na internet, o Brasil poderia ganhar até 50 vezes mais o que recebe atualmente com as exportações de ferro-nióbio, caso ditasse o preço do produto no mercado mundial e aumentasse o consumo interno do mineral.
“A nacionalização impõe-se, porque ao Brasil importa valorizar o produto externamente e investir, com os recursos da exportação valorizada, em empresas para produzir com crescente incorporação de tecnologia e crescente valor agregado bens que elevem a qualidade dos empregos e o quantum da renda nacional”, argumenta Benayon.
'Não há uma diretriz política para estatização, diz ministério
Questionado pelo G1 sobre o tema, o MME afirmou que “não há uma diretriz política para estatização de minas de qualquer bem mineral”.
Metal é comercializado na forma de liga ferro-nióbio, obtida a partir de diversas etapas de processamento (Foto: CBMM/Divulgação)Metal retirado do solo e é comercializado na forma
de liga ferro-nióbio (Foto: CBMM/Divulgação)
“Quanto às vendas de reservas, considerado aqui como futuras aquisições, as mesmas são estabelecidas entre empresas privadas, sem a intervenção direta do governo federal”, acrescentou o ministério.
As estatísticas oficiais apontam para uma relativa estabilidade nos preços do nióbio nos últimos anos. O último grande salto ocorreu em 2007, quando o preço médio de exportação da liga ferro-nióbio subiu de US$ 13 para US$ 22 o quilo, chegando a US$ 33 em 2008, devido, principalmente, ao aumento da demanda. Em 2012, o preço médio ficou em cerca de US$ 27 o quilo, segundo dados do MDIC.
Como os preços são negociados diretamente entre o comprador e o vendedor, e não em bolsas, os valores de cada venda acabam sendo confidenciais, o que costuma levantar suspeitas de subfaturamento.
“Para saber o preço efetivo e os ganhos reais das empresas que controlam o mercado, precisar-se-ia confrontar não os preços de importação, mas sim os preços de venda no mercado desses países [compradores], praticados pelas empresas importadoras do mesmo grupo das exportadoras”, diz Benayon.
Segundo as empresas, tais suspeitas não têm fundamento. “Nossa carteira de pedidos vai diretamente para o cliente final. Não vendemos para nenhuma das subsidiárias da Anglo, vendemos para as siderúrgicas que aplicam o nióbio nos seus aços. Não temos nenhuma operação de venda de nióbio fora do Brasil”, afirma Fernandes, da Anglo American. “Apesar de não estar listado em bolsa, o preço do nióbio obedece a clássica lei de oferta e demanda”, emenda.
Margem de lucro alta
Os números e valores da receita da comercialização de nióbio informados nos balanços da Anglo American e da Iamgold – ambas de capital aberto – apontam que o preço médio do quilo de ferro-nióbio chegou a US$ 40 em 2012.
Não há nada insubstituível no mundo, o que há é economicidade no processo. Se o preço do nióbio brasileiro for elevado, outras jazidas no mundo todo entrarão em produção. Foi isso o que aconteceu recentemente com as terras raras na China"
Elmer Salomão, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM)
Segundo a Anglo American, a divisão de nióbio respondeu por uma receita de US$ 173 milhões em 2012 e gerou para a companhia um lucro operacional de US$ 81 milhões. Embora a exploração de nióbio tenha gerado uma margem de lucro superior a 40%, o mineral respondeu por apenas uma fração dos ganhos totais da companhia, que possui um amplo portifólio e registrou lucro global de US$ 6,2 bilhões no ano passado.
Já a canadense Iamgold reportou ter obtido em 2012 uma receita de US$ 190,5 milhões com a exploração de nióbio e uma margem de lucro de US$ 15 por quilo de nióbio vendido.
“O nióbio é bem competitivo, está bem posicionado, mas a rentabilidade depende muito do teor de nióbio contido no concentrado que é retirado da mina. O teor do nosso concorrente é muito maior. Já o dos novos projetos que estão sendo estudados no mundo tem teor muito menor”, explica o executivo da Anglo.
Atualmente estão sendo desenvolvidos novos projetos de exploração de nióbio no Canadá, no Quênia e em Nebrasca, nos Estados Unidos, que hoje importa 100% do nióbio que consome.
No Brasil, embora existam reservas conhecidas na região de fronteira e em áreas de reservas indígenas no Amazonas e em Roraima, o governo informa que não existe previsão de produção em novas minas ou novas concessões. “O nióbio de São Gabriel da Cachoeira (AM) carece ainda de tecnologia para permitir a sua extração com viabilidade econômica”, informou o ministério.
Consequências de uma eventual intervenção 
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM), Elmer Prata Salomão, alerta que uma eventual intervenção governamental na oferta ou no preço do nióbio representaria um grande tiro pela culatra.
Segundo Salomão, o fator determinante para o 'monopólio' brasileiro no nióbio é o custo de produção "praticamente imbatível". "Não há nada insubstituível no mundo, o que há é economicidade no processo. Se o preço do nióbio brasileiro for elevado, outras jazidas no mundo todo entrarão em produção. Foi isso o que aconteceu recentemente com as terras raras na China”, diz o especialista.
Anglo anunciou investimentos de US$ 325 milhões para ampliar vida útil de mina em Catalão (Foto: Anglo American/Divulgação)Anglo anunciou investimentos de US$ 325 milhões
para ampliar produção em Catalão
(Foto: Divulgação)
Ele lembra que o gigante asiático anunciou em 2011 uma redução de mais de 10% no volume de exportação de terras raras com o objetivo de atrair mais indústrias de tecnologia como fabricantes de tela de LCD para o país. “A China resolveu contingenciar e elevar o preço de terras raras e o que acontece é que já existem quase 50 projetos na área em fase de pesquisa e desenvolvimento no mundo”, afirma.
O diretor do Ibram também acredita que a elevação do preço do nióbio estimularia a busca por produtos substitutos. “A ambição de ganhar mais acaba sempre facilitando a entrada de concorrentes”, afirma Tunes. Ele explica que o nióbio apresenta hoje melhor vantagem em relação aos outros elementos químicos não apenas por suas propriedades, mas também por ser um metal com oferta abundante.
Nióbio gerou R$ 5,29 milhões em royalties em 2012
Segundo o governo, o controle da produção e venda de nióbio é feito atualmente pelo DNPM. O governo informa, entretanto, que o órgão não possui a competência de fiscalizar a produção e comercialização do ferro-liga de nióbio.
Segundo o DNPM, a exploração de nióbio garantiu em 2012 um recolhimento de CFEM (Compensação Financeira sobre a Exploração Mineral) de R$ 5,29 milhões – valor que foi distribuído entre União e estados e municípios produtores.
Pela legislação atual, a CFEM varia de 0,2% até 3% e incide sobre o valor do faturamento líquido obtido por ocasião da venda do produto mineral. No caso de minerais como o nióbio a alíquota é de 2%. O DNPM explica que como no caso do nióbio não ocorre a venda do mineral bruto, é considerado como valor para efeito do cálculo da CFEM a soma das despesas diretas e indiretas ocorridas antes da transformação da matéria-prima em ferro-nióbio. Ou seja, o valor arrecadado com a CFEM pouco reflete a valorização do ferro-nióbio no mercado mundial.
A China e diversos outros países começam a enxergar os benefícios do uso do nióbio em obras de infraestrutura, para a construção de estruturas mais leves, que não se degradam no tempo e com um impacto ambiental menos intenso"
Ruben Fernandes, Anglo American Brasil
A revisão das alíquotas dos royalties da mineração está entre os pontos que devem ser abordados pelo novo Código de Mineração, em discussão no governo. Está prevista a criação da Agência Nacional de Mineração, substituindo o DNPM, e Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM), de forma a regulamentar os leilões de áreas públicas, nos mesmo moldes utilizados para o petróleo.
Embora não esteja prevista uma abordagem específica para o nióbio no novo marco regulatório, o MME reconhece que a legislação mineral vigente ainda “não possui instrumentos necessários para uma abordagem específica para minerais estratégicos”.
“O governo federal avalia que o país já possui a tecnologia necessária para a produção de ferro-nióbio, porém, é necessário que se avalie a capacidade de o parque industrial brasileiro possuir os demais fatores necessários para transferência de tecnologia de produção de manufaturados que contenham nióbio”, acrescentou o ministério.
Para Salomão, da ABPM, o setor mineral tem contribuído para os investimentos no país e para o superávit da balança comercial e não deve utilizado como combustível ideológico para políticas intervencionistas.
“Se o Brasil não está aproveitando hoje suas riquezas minerais como deveria é porque não tem uma política industrial nesse sentido”, afirma. “O que não podemos fazer é guardar toneladas de minério sem saber se no futuro isso será tecnologicamente utilizado ou não. Somos obrigados a aproveitar os nossos recursos minerais justamente devido à revolução tecnológica. A idade da pedra não acabou por causa da pedra, mas porque a pedra foi substituída por outra coisa”, conclui.