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domingo, 28 de dezembro de 2008

ONG BRITÂNICA NEGA COMPRA DA AMAZÔNIA, QUANTO CINISMO!

ONG BRITÂNICA FICOU CHOCADA COM A DENÚNCIA. QUANTO CINISMO!...

A dona da Amazônia
Resultado de imagem para Ana Paula Junqueira a socialite
a socialite brasileira, Ana Paula Junqueira;
Vou sempre ao Fórum Mundial de Davos e ultimamente passo um bom tempo em Nova York por causa da ONU”, afirma. Não votei na Dilma e me arrependi, e tento vaga na Câmara de SP como vereadora agora pelo PMDB(!!!)
                                                    

Márcia de Goldschmidt-Rothschild. e Ana Paula Junqueira socialites inseparáveis.
Márcia Marcelino nasceu numa família humilde e começou a trabalhar aos nove anos como babá. Mesmo sem condições financeiras, estudou muito e por isso conseguiu uma proposta de emprego, e foi morar em Paris em meados da década de 1980 onde trabalhava com o agenciamento de artistas brasileiros que iam atuar na França. Seis anos depois morando e trabalhando na capital francesa, retornou ao Brasil, conheceu o barão suíço Cyril von Rudolf Maximilian Goldschmidt-Rothschild. Eles ficaram juntos alguns anos, até que se casaram, e Márcia passou a assinar como Márcia de Goldschmidt-Rothschild. O casal viveu na Suíça por alguns anos, e voltaram a morar no Brasil. A união gerou um filho, James Von Goldschmidt-Rothschild, nascido na Cidade de São Paulo, em 1994. Após alguns anos juntos, divorciaram-se.,abaixo, as confusões do barão e quando se fala em Rothschild, todo o cuidado é pouco.


ONG BRITÂNICA NEGA COMPRA DA AMAZÔNIA

France Presse
A organização de proteção do meio ambiente Cool Earth, com sede em Londres, disse ter ficado "chocada", nesta terça-feira, depois que a imprensa brasileira divulgou informações sobre a abertura de uma investigação a respeito de suas atividades na Amazônia.


"Estamos chocados, porque não possuímos nenhuma terra na Amazônia. Financiamos diferentes projetos por intermédio de parceiros", explicou à AFP Matthew Owen, diretor da Cool Earth, acrescentando que não recebeu "nenhuma notificação" de investigação no Brasil.


O jornal "O Globo" publicou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) abriu uma investigação sobre um dos fundadores da Cool Earth, o empresário Johan Eliasch, que possui dupla cidadania (britânica e sueca).


Ele teria dito que se poderia comprar toda a Amazônia por 50 bilhões de dólares. "Eliasch realizou, entre 2006 e 2007, reuniões com empresários e propôs que comprassem terras na Amazônia, chegando a afirmar que seriam necessários 'apenas' 50 bilhões de dólares para adquirir toda a floresta",informou "O Globo", citando relatório da Abin.
http://schirrmann.blogspot.com/2008_05_05_archive.html
ELE PODE COMPRAR A AMAZÔNIA?
Quem é o milionário Sueco Johan Eliasch que entrou na mira do serviço secreto brasileiro por ter adquirido áreas de floresta Amazônica para preservação (?)

Eamonn McCabeReprodução
O DONO DE TERRAS Johan Eliasch diz ter investido na Amazônia por causa do aquecimento global!!!. Para a Abin, ele aproveitou lacunas na lei
União e usurpação:
Ana Paula Junqueira e o milionário sueco Johan Eliasch, com quem vive há cinco anos, trouxeram o príncipe de Londres Andrew Albert Christian Edward, quarto na linha de sucessão ao trono britânico. E foi a cicerone informal do filho de Elizabeth II.  para o Brasil no avião do casal e ofereceram a ele um magnífico jantar com direito a pista de dança. Lindas mulheres – muitas delas desacompanhadas – estavam ansiosas em conhecer de perto, na festa, aquele que já foi o príncipe mais bonito do Reino Unido. Corre a notícia de que algumas trocaram os papéis de assentos reservados para arranjar uma posição melhor junto 
ao convidado. “Andrew é meu amigo há muito tempo. Ele levou uma imagem superboa do Brasil”, conta Ana Paula, após o riso cristalino que a acompanha em sua agitada vida social.
Ela também tem chamado a atenção da imprensa – daqui e do Exterior – pela extensa propriedade que o marido arrematou no coração do Amazonas. É uma área maior do que Londres, cidade onde Johan Eliasch cresceu e consolidou sua fortuna estimada em 355 milhões de libras, o equivalente a R$ 1,44 bilhão. Segundo Ana Paula, que deve se casar oficialmente com o empresário no final do ano, são mais de 140 mil hectares divididos em duas fazendas localizadas a cerca de uma hora de avião de Manaus. “Para falar a verdade, é difícil encontrar algo parecido com aquilo. É uma imensidão verde. Quando você olha, são 360 graus de florestas”, revela. Nesse terreno situado entre Manicoré e Itacoatiara, Ana Paula é a própria rainha. A socialite visita as famílias que vivem nos arredores, planeja fazer um documentário da região.

A velha paranoia brasileira de que a soberania brasileira na Amazônia está sob ameaça de potências estrangeiras e de ONGs ambientalistas acaba de ganhar um rosto. É o do milionário sueco Johan Eliasch, conselheiro para assuntos de meio ambiente do primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown. Em outubro de 2005, Eliasch comprou 160.000 hectares de terras de florestas na região norte do país, uma área maior que a da cidade de São Paulo. Em seguida, criou a ONG Cool Earth (Esfrie a Terra), que tenta angariar doações para adquirir e conservar florestas na Amazônia. Numa palestra para seguradoras, Eliasch disse que US$ 50 bilhões seriam o bastante para preservar toda a Amazônia. Eliasch jamais levantou tal quantia e não há ilegalidade na posse de terras por estrangeiros na Amazônia, mas sua declaração atraiu para ele e suas terras os olhares da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o serviço secreto do governo brasileiro.
Num relatório de investigação, a Abin acusa Eliasch de ter comprado as áreas de floresta aproveitando-se de “lacunas do Direito brasileiro”. Não há nenhum registro fundiário em nome de Eliasch ou de sua ONG no Brasil. Mas registradas em nome de empresas nacionais como Floream e Empresa Florestal da Amazônia, todas as áreas estão, na verdade, sob a gestão de Eliasch. O relatório dos arapongas segue o mesmo tom das ácidas declarações recentes do presidente Lula contra editoriais de jornais como The New York Times, que questionaram se a preservação da Amazônia não é um assunto global. De acordo com o relatório da Abin, “tanto a compra de terras quanto a fundação da ONG partem do mesmo pressuposto de que países em desenvolvimento necessitam de intervenções externas para conservar as florestas tropicais”.
Eliasch nega ter pretendido em qualquer momento ferir a soberania nacional. “A Floresta Amazônica brasileira pertence aos brasileiros”, disse a ÉPOCA. Aos 46 anos, Eliasch é dono da companhia de materiais esportivos Head e é a 214a pessoa mais rica da Grã-Bretanha, segundo a lista do jornal britânico Sunday Times. Separado e pai de dois filhos adolescentes, ele mantém há seis anos um relacionamento com a socialite brasileira Ana Paula Junqueira. Os dois se conheceram num jantar de aniversário da modelo Naomi Campbell em Saint-Tropez, balneário no sul da França freqüentado por milionários de todo o mundo. De lá para cá, o casal se divide entre temporadas em Saint-Tropez, onde mantém uma casa e um confortável catamarã, Londres e São Paulo, outros locais de domicílio. O casamento com Ana Paula Junqueira foi um dos motivos que levaram Eliasch a investir 8 milhões de libras (cerca de R$ 26 milhões) na compra de terras na Amazônia. Outro motivo foi a perspectiva sombria de um mundo sem neve por causa dos efeitos do aquecimento global. Num texto intitulado “Por que eu decidi lutar contra as mudanças climáticas”, Eliasch lembra como, há 40 anos, durante os invernos em Estocolmo, na Suécia, gostava de ir para a escola deslizando de esqui na densa neve que cobria as ruas. “Hoje, um garoto sueco pode ser considerado um menino de sorte se tiver neve o bastante para esquiar durante uma semana no inverno”, escreveu.
Seu engajamento na luta contra o aquecimento global tem também um interesse econômico: evitar um esfriamento nos próprios negócios. “A Head vende esquis e a cada ano há menos neve nas montanhas européias”, diz a mulher, Ana Paula Junqueira. Eliasch nasceu rico, mas sua fortuna atual (avaliada em 400 milhões de libras ou R$ 1,3 bilhão) se deve ao próprio esforço. Antes de morrer, seu avô, um industrial da construção civil, determinou que o neto só teria direito à herança aos 50 anos. Eliasch fez curso de Administração na Suécia e, na década de 80, radicou-se em Londres, onde criou alguns fundos de investimentos. Em 1996, comprou a Head, então uma empresa à beira da falência, com prejuízo estimado em US$ 65 milhões. Doze anos depois, a empresa alcançou a receita de mais de US$ 600 milhões. “Ele trabalha das 8 horas à meia-noite, incluindo os fins de semana”, afirma Ana Paula. (tadinho né?)

Reprodução
Quando comprou as terras na Amazônia, de uma madeireira que fazia manejo florestal e estava à beira da falência, Eliasch imaginava que poderia repetir a história de sucesso da Head. “Tivemos três reuniões, em todas ele falava sobre tentar salvar a empresa”, afirma o engenheiro ambiental Alberto Guerreiro, um dos executivos da madeireira. “Ele não entendia quase nada do assunto, mas nós dávamos relatórios de mais de cem páginas para ele ler e no dia seguinte ele já tinha lido tudo e tinha novas perguntas.” Em 2006, Eliasch concluiu que não seria viável manter a madeireira e demitiu cerca de 800 trabalhadores. Comunicou a decisão ao então secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Virgílio Viana. “Eu o interpelei, disse que aquilo causaria desemprego, traria problemas”, diz Viana. “Mas ele estava decidido. Acho que tinha percebido que a fama que conseguiria com a idéia de preservação da floresta compensava mais do que seguir o plano de manejo da madeireira.” Em março de 2007, com a madeireira fechada, Eliasch foi o cicerone do príncipe Andrew, quarto na linha de sucessão do trono inglês e seu amigo de uma década, numa excursão pelo Rio Madeira, no Amazonas, em que mostrou suas áreas de preservação.

A história de Eliasch não gerou só as investigações da Abin. Na quinta-feira passada, o governo federal anunciou que fará uma revisão nas normas jurídicas para dificultar a compra de terras por estrangeiros. Hoje, 55% das propriedades registradas em nome de estrangeiros estão na Amazônia. Em 1998, uma decisão da Advocacia-Geral da União liberou empresas brasileiras controladas por capital estrangeiro da necessidade de pedir autorização para adquirir imóveis. O governo Lula quer agora criar controles mais rígidos. “É preciso estabelecer regras urgentes, porque há uma disputa mundial pelas nossas terras”, diz Rolf Hackbart, presidente do Incra.
“O papel do governo deve ser monitorar, fiscalizar e dirigir a ação desses grupos que querem investir, sejam brasileiros ou não”, diz Danilo Igliori, professor da Universidade Cambridge, na Inglaterra. “Mas o governo não tem dinheiro para investir na área e faz sentido que o mundo pague para preservar a floresta.” Eliasch parece não ser o exemplo mais adequado a seguir, porque seu projeto, segundo os especialistas, carece de sustentação técnica. Mas satanizar estrangeiros que querem investir na Amazônia também não é a melhor forma de manter a floresta em pé.
Mariana Sanches - 30/05/2008 - atualizado em 02/07/2008  17:29 - Revista Época
http://www.ef.adv.br/reportagem-001 - as trapalhadas do barão
https://www.terra.com.br/istoegente/edicoes/560/artigo175531-2.htm

RIO BRANCO- RORAIMA NA AMAZÔNIA E A COBIÇA INTERNACIONAL

Texto: Aimberê Freitas

A antiga denominação do Estado de Roraima, era Território Federal de Roraima ou, mais antigo ainda, Território Federal do Rio Branco. O principal e mais importante curso d’água de Roraima é o rio Branco. Por ele chegaram os primeiros colonizadores portugueses.
O vale do rio Branco sempre foi muito cobiçado por ingleses e holandeses, que aqui estiveram, através da Guiana, em busca de índios. Os espanhóis pelo território da atual Venezuela chegaram a invadir o norte do rio Branco, mais precisamente o rio Uraricoera. Coube aos portugueses derrotar e expulsar a todos esses invasores e estabelecer a soberania de Portugal e depois do Brasil nesta região.
A construção do Forte São Joaquim na confluência dos rios Uraricoera e Tacutu, em 1775, foi um marco decisivo na conquista do rio Branco para os domínios portugueses. Apesar do descobrimento do Brasil ter ocorrido em 1500, o que é hoje o Estado de Roraima só foi descoberto 200 anos depois e conquistado mais tarde ainda. A presença permanente do colonizador Português só ocorreu, de fato, após a construção do Forte São Joaquim.
Os primeiros colonizadores a chegar ao rio Branco foram: Capitão Francisco Ferreira e o Padre carmelita Jerônimo Coelho. Estes vieram com o propósito de aprisionar índios e recolher ovos de tartaruga para fazer manteiga. Depois deles, vieram Lourenço Belfort e Cristóvão Aires Botelho, que foram os primeiros a ultrapassar a cachoeira do Bem-Querer. Outro que subiu o rio Branco, foi José Miguel Aires também com o objetivo de aprisionar índios para vendê-los com escravos em Belém e São Luiz do Maranhão.
Nicolau Horstman foi um holandês que partiu de Paramaribo, capital da colônia holandesa na América do Sul, atingiu o rio Negro e depois o rio Branco em 1741 para fomentar o comércio de escravos índios pelos rios Tacutu e Jauaperí até àquela colônia. Os espanhóis, vindos do rio Orinoco entre 1771 e 1773, invadiram o rio Uraricoera, atravessando a cordilheira de Pacaraima, o que parecia impossível para os portugueses na época. Fundaram três povoações: Santa Rosa, Santa Bárbara e São João Bautista de Cada Cada. Foram, no entanto expulsos pelos portugueses.
A decisão para construir o Forte de São Joaquim, hoje praticamente destruído, foi tomada para que a partir do Forte, os portugueses pudessem enfrentar a cobiça internacional e assegurar a soberania de Portugal sobre as terras do vale do rio Branco. Após a inauguração do Forte, os portugueses partiram para a criação de povoados reunido os próprios índios da região. Foram criados: Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio (no rio Uraricoera), São Felipe (no rio Tacutu) e Nossa Senhora do Carmo e Santa Bárbara (no rio Branco).
Acostumados à liberdade, os índios não se sujeitaram às condições impostas pelos portugueses aos povoados. Anos depois, 1789, o comandante Manoel da Gama Lobo D’almada, para garantir a presença do homem, dito civilizado, nos campos naturais do Rio Branco (lavrado), que eram considerados excelentes para a criação de gado, partiu para a implatação da fazenda São Bento, no Uraricoera, depois aa fazenda de São José, no Tacutu e, por fim, na fazenda São Marcos, em 1799, esta fazenda ainda hoje existe, pertence aos índios e está localizada em frente ao local onde existia o Forte São Joaquim.
O gado era criado nos campos sem nenhum controle. Havia muita desorganização e com isso os animais se espalharam por todos os lugares. Servindo, inclusive, para que houvesse o aprisionamento de parte desses animais por particulares para a formação de outras fazendas. Serviu, também, para possibilitar aos índios, uma nova ocupação: a de vaqueiros. Os índios macuxi são reconhecidos, na região como excelentes vaqueiros.
Em 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, a região ficou abandonada e sentiu muito. Enquanto o Rio de Janeiro crescia com a chegada da família real, a criação da Casa da Moeda, da Academia real de Belas Artes, a Biblioteca Nacional, o Teatro Real e a Escola de Medicina do Rio e de Salvador, o Forte São Joaquim era esquecido.
Quem mais atentou contra a soberania portuguesa na região e quem deu mais trabalho aos soldados do forte São Joaquim foram os ingleses. Entre 1810 e 1811, militares ingleses penetraram em território luso brasileiro. Foram no entanto recebidos com cordialidade pelo comando do forte mas impedidos de prosseguirem com o seu trabalho de penetração.
Um alemão de nome Robert Sechomburgk. Trabalhando para a Inglaterra foi o o estrangeiro que mais prejuízos deu ao Brasil. Este alemão, em 1835, a título de fazer um levantamento da geografia física do interior a Guiana , chegou até o forte São Joaquim, portanto no centro do Vale do Rio Branco. Ali foi recebido com cortesia, sem que os portugueses desconfiassem de sua ação naquele lugar. Sechomburgk regressou a Londres, mas em 1837, voltou à Guiana e continuou seus estudos geográficos. Em seus relatórios à Londres Sechomburgk, mandava dizer que a soberania lusitana na região era fraca, precária, quase inexistente. Sugeriu, inclusive, que Inglaterra deveria ocupar esses espaços “vazios” mandando demarcá-los para os domínios de sua majestade inglesa e até de ocupá-los em caráter permanente.
Esses relatórios causaram um impacto positivo na corte inglesa. A opinião pública britânica apoiou e assim o missionário inglês, protestante, Thomas Youd, foi mandado para a região. Este instalou-se na região do Pirara e passou a catequizar os índios para a religião e para o domínio inglês. A bandeira inglesa passou a ser hasteada em território brasileiro. Yound ensinou o idioma inglês aos índios. Foi necessário que o Comandante do Forte Capitão Ambrósio Aires e o Frei José dos Santos Inocentes, cumprindo ordens do Presidente da Província do Pará, General Soares de Andréia, fossem até a presença do audacioso missionário e o intimidasse a deixar o território onde estava instalado, pois ali era território brasileiro. Youd deixou a região mais levou consigo os índios já catequizados.
No entanto, Robert Schomburgk, em 1840, como resultado dos seus estudos geográficos, desenhou uma carta (mapa) e a remeteu a Londres. Nesta carta ele mostrava que a região do Tacutu, do Maú até do Surumu era ocupada por tribos independentes “. Baseado nessa sua conclusão, Schomburgk indicou a Londres uma nova fronteira entre as terras brasileiras e as terras da colônia inglesa na América do Sul. Esta nova fronteira tinha como limites o rio Cotingo e o rio Surumu.Por sua vez o Brasil, que tinha proclamado sua independência de Portugal há poucos anos, tinha como sua fronteira com a Guiana, o divisor de águas do rio Tacutu com o Essequibo, ou seja o rio Tacutu o seus afluentes da margem direita. E assim considerava porque a doutrina na época era de que quem dominava um rio, era o dono de toda a sua bacia em toda a extensão. E o rio Tacutu com seus afluentes é um formador do rio Branco, conquistando e dominado pelos portugueses a partir do rio Negro. Não havia dúvida quanto a isto a não ser nos relatos mentirosos do alemão Robert Schmburgk à Londres. O Forte São Joaquim era o mais importante testemunho deste domínio português, uma vez que estava erguido na margem esquerda do próprio rio Tacutu.
A opinião pública inglesa, impressionada pelos relatos de Schomburgk, passou a exigir que o governo inglês acatasse as sugestões do alemão e passasse a demarcar a região pelos rios Contingo e Surumu. Definindo, assim, a nova fronteira entre o Brasil e a Guiana. Devido ao descaso da família real com o norte brasileiro e apesar da existência do Forte, a presença brasileira na fronteira era fraca. E até a independência do Brasil (1822) contribuiu para essa fragilidade de ocupação. Mesmo assim, o governo do Pará, a quem a região estava subordinada administrativamente, protestou em Belém perante o cônsul inglês e o governo do Brasil protestou em Londres através do Embaixador brasileiro. Diante dos protestos, o governo britânico, que já havia iniciado a demarcação da área, mandou retirar os marcos: divisórios já colocados no rio Cotingo e no Surumu, mas não desistiu de conquistar a região.
O governo brasileiro titubeou ao encaminhar, em 1842, uma recomendação ao governo britânico, sugerindo a neutralização da área do Rupunini, objetivo da disputa entre o Brasil e a Inglaterra. A Inglaterra, de imediato concordou com a neutralização mas não recuou dos seus direitos. Assim o governo inglês só aceitou esta neutralização incluindo a região do Cotingo e do Mau. A disputa diplomática entre o Brasil e a Inglaterra pela área do Tacutu incluindo o Rupunini, o Cotingo e o Mau se estendeu até 1898 quando o Brasil acatou a proposta inglesa de submeter a questão ao governo da Itália que atuaria como árbitro.
O governo brasileiro indicou Joaquim Nabuco, grande jurista pernambucano para acompanhar o julgamento que seria feito pelo Rei Vitório Emanuel III, da Itália, defendendo as propostas brasileiras. Nabuco dedicou-se com afinco à causa, estudando-a e mostrando com bons argumentos a supremacia brasileira na região. Sua obra, sobre o rio Branco e seus formadores e afluentes e especialmente sobre esta questão da fronteira entre Brasil e Inglaterra é muito grande e profunda. São 18 volumes que impressionam quanto ao conteúdo e quanto aos argumentos.
Mas, apesar dos esforços da diplomacia brasileira através de Joaquim Nabuco, do Barão do Rio Branco e do governo do Pará através de Antonio Ladislau Monteiro Baena, em 1904. Sua Majestade o Reio Dom Vitório Emanuel III, da Itália, deu a palavra final, retirando 19.630km2 do território brasileiro, pertencente ao Estado de Roraima, e entregou-os à Inglaterra (Guiana),definindo, assim os limites entre o Brasil e aquele país pelos rios Tacutu e Mau. É certo, também que se não fossem os argumentos e a defesa de Joaquim Nabuco, teríamos perdido muito mais terreno e a fronteira seria pelo Cotingo e Surumu. O Brasil e Roraima, em particular, muito devem a Joaquim Nabuco.

A colonização do Rio Branco
A colonização do rio Branco atual Estado de Roraima pode ser dividida em quatro períodos distintos:
Da “descoberta” do rio Branco (1750) até o início do século XIX (1800);
Do início do século XIX (1800) até a criação do município de Boa Vista (1890); até a criação do Território Federal do Rio Branco (depois Roraima e da criação do Território Federal aos dias atuais.
Da “descoberta” do rio Branco (1750) ao início do século XIX
Os fatos mais importantes que marcam este período da história de Roraima são:
A construção do Forte São Joaquim;
A criação das povoações de N. S. do Carmo N. S. da Conceição, S. Felipe, Santa Bárbara e Santa Isabel, que não prosperam devido a revolta dos índios com os métodos impostos pelos portugueses aos moradores desses povoados;
A introdução do gado bovino e eqüino nos campos gerais (lavrados) de Roraima por Lobo D’Almada.
A revolta de 1790. Esta foi tão grande e tão violenta que ficou conhecida como a revolta da praia de sangue, tantos foram os índios e os soldados mortos que tingiram águas do rio Branco de sangue.
Do início do século XIX à criação do município de Boa Vista
Nesse período a violência dos colonizadores foi a mais radical que se tem notícia. A revolta da praia de sangue ajudou a manter o clima de luta nos anos seguintes;
A seca de 1877 que assolou o nordeste brasileiro, trouxe para a região de Roraima os primeiros nordestinos que aqui se fixaram. Estes trataram de consolidar a criação de gado bovino. Surgindo, daí, na verdade, os primeiros fazendeiros;
A decadência definitiva dos povoados criados pelos portugueses sob a administração do Forte São Joaquim e a própria decadência deste. Seus comandantes passaram a ter cada vez menos força a ponto de que o seu último comandante ter sido um homem austero, íntegro e dedicado mas que tinha a patente de Cabo e não Capitão ou Major.
Da criação do município de Boa Vista (1890) à criação do Território Federal (1943)
Quando o município de Boa Vista foi criado, sua população era de um pouco mais de mil pessoas. Os dados de 1887 informam que, naquele ano, Boa Vista contava com 1 mil habitantes considerados apenas os brancos e os mamelucos, fora os índios. O Estado do Amazonas, ao qual pertencia o município de Boa Vista não tinha recursos para desenvolver o vale do rio Branco como desejava. Nem o gado que crescia e se desenvolvia nos lavrados de Roraima e que servia, inclusive, para o abastecimento de Manaus, conseguia estimular os governantes amazonenses. O município foi criado no governo de Augusto Ximeno de Villeroy que entendeu ser a criação do município um ato importante para o desenvolvimento da região.
Outro governador amazonense que voltou suas atenções para o vale do rio Branco, foi Eduardo Ribeiro, que contratou o cidadão Sebastião Diniz para abrir uma picada de Manaus a Boa Vista para que, por ela, fosse construída uma estrada ligando a capital do Amazonas aos campos gerais do rio Branco, que pudesse servir para o transporte do gado da região para o matadouro de Manaus.
Da criação do Território Federal aos nossos dias
Com a criação do Território Federal, em 1943 esta região passou a ter um tratamento melhor, uma vez que seus problemas passaram ao domínio do Governo Federal. O centro das decisões sobre o rio Branco deixou de ser o Palácio Rio Negro, em Manaus para ser o Palácio do Catete no Rio de Janeiro (até a inauguração de Brasília em 1960) e depois o Palácio do Planalto em Brasília. Na estrutura de governo idealizada para o Território Federal foi instituída a Divisão de Produção, Terras e Colonização – DPTC. Esta tinha como objetivos: realizar pesquisas e levantamentos sobre os recursos naturais do Território, cadastrar as terras, organizar colônias agrícolas e estimular o aproveitamento dos recursos naturais existentes.
Nos primeiros anos da vida do Território Federal as iniciativas para a ocupação do espaço com atividades agro-pastoris, foram tímidas. Mas dentre estas podemos destacar: a construção de 52 casas residenciais no centro de Boa Vista (entre as ruas José Magalhães, Benjamim Constant e Avenida Getúlio Vargas); construção dos Grupos Escolares Lobo D’Almada, Osvaldo Cruz, Prof. Diomedes e Afrânio Peixoto; instalação do Curso Normal Regional Monteiro Lobato, (com o objetivo de formar professores para o ensino regular) e o Ginásio Euclides da Cunha; constituição da Legião Azul (homens que usavam uniformes azuis de mescla) para fazer o desmatamento da estrada de Mucajaí a Caracaraí; criação das três primeiras colônias agrícolas de Roraima (Coronel Mota no Taiano, Braz de Aguiar, no Cantá e Fernando Costa em Mucajaí.
Para que essas colônias fossem criadas e prosperassem, o governo do Território trouxe do Maranhão muitos colonos. Para estes, o governo fornecia: passagem, hospedagem no período de adaptação, 25 hectares de terras, ferramentas agrícolas, mosqueteiros, remédios, assistência médica e assistência técnica permanente, sementes e mudas. Nos últimos anos da existência do Território Federal (o Estado foi considerado implantado com a posse do primeiro Governador eleito, em 1.º de janeiro de 1991), o governo federal abriu a BR-174 e a BR-210 e ao longo dessas rodovias implantou inúmeros projetos de colonização. Em 1982 eram 42 colônias agrícolas em fase de implantação.
Além das BRs como espinhas de peixe, perpendiculares às estradas penetrando na selva, foram abertas as chamadas Estradas Vicinais para multiplicar o número de lotes e possibilitar que mais famílias fossem assentadas. Para esses novos projetos de colonização foram trazidos colonos do nordeste (especialmente do Maranhão) e também do sul do país.

O Território Federal
O primeiro Território Federal brasileiro foi o do Acre, em 1903. Em 1943, o Presidente Getúlio Vargas criou cinco Territórios Federais: Rio Branco (depois Roraima) Guaporé (depois Rondônia), Amapá, Iguassú e Ponta Porã. Os dois últimos foram extintos em 1946. O objetivo da criação dos Territórios Federais era o de ocupar os espaços vazios do território nacional e em especial na Amazônia. A criação dos Territórios Federais brasileiros ocorreu em plena II Guerra Mundial. Tem-se, como certo, que foi a idéia da segurança nacional o que impulsionou o ato da criação.
O Território Federal do Rio Branco, apesar de ter sido criado em 13 de setembro de 1943, somente em abril de 1944 conheceu o seu primeiro Governador. Este chegou a Boa Vista em junho daquele ano. O Presidente Getúlio Vargas foi o criador dos Territórios Federais, mas ele foi deposto do seu cardo em 1944. Seu sucessor, Eurico Gaspar Dutra não demonstrou o mesmo entusiasmo que Getúlio, quanto aos territórios. Podemos dividir a história administrativa de Roraima, em três períodos distintos:
De 1943 a 1964.
Nesse período, Roraima teve 15 governadores titulares entre militares (maioria) e civis. O senador Vitorino Freire, do Maranhão, indicou direta ou indiretamente, 10 desses governadores, numa prova de sua influência política junto ao governo federal. Cada governador, no entanto ficou pouco tempo (média de 16 meses). Nesse curto espaço de tempo, aliado ao desconhecimento do Território, o governante quase nada podia realizar. Assim de 1943 a 1964, o Território Federal de Roraima foi mal administrado e não alcançou o desenvolvimento esperado.
Governadores de 1943 a 1964.
Capitão Ene Garcez dos Reis
Tenente Coronel Felix Valois de Araújo
Capitão Clóvis Nova da Costa
Dr. Miguel Ximenes de Melo
Professor Jerocílio Queiroz
Coronel Belarmino Neves Galvão
Senhor Aquilino da Mota Duarte
Dr. José Luiz de Araújo Neto
Tenente Coronel Auris Coelho e Silva
General Médice Ademar Soares da Rocha
Capitão Jos~e Maia Barbosa
Hélio Magalhães de Araújo
Dr. Djacir Cavalcante de Arruda
General Clóvis Nova da Costa
Dr. Francisco de Assis Albuquerque

De 1964 a 1985.
Nesse período de 21 anos, Roraima teve 8 governadores que administraram com poderes militares, uma vez que o Brasil foi conduzido nesta fase de sua vida republicana, pelo chamado governo revolucionário militar ou como querem alguns, ditadura militar.
Os oito governadores foram:
Tenente Coronel Dilermando Cunha da Rocha
Tenente Coronel Hélio da Costa Campos
Major Walmor Leal Dalein
Tenente Coronel Hélio da Costa Campos
Coronel Fernando Ramos Pereira
Brigadeiro Ottomar de Souza Pinto
Brigadeiro Vicente de Magalhães Morais
General Arídio Martins de Magalhães

De 1985 a 1990. Após o Governo Militar com a redemocratização do país e após a eleição indireta de Tancredo Neves para a Presidência da República, o Território Federal de Roraima passou novamente a ser governador por pessoas indicadas por políticos.
Neste período, foram indicados para governar Roraima:
Getúlio Alberto de Souza Cruz
Roberto Pinheiro Klein
Romero Jucá Filho
Rubens Vilar de Carvalho


Governadores do Estado
Com a constituição promulgada em 5 de outubro de 1988, o Território Federal de Roraima foi transformado em Estado membro da Federação. Sua implantação de acordo com a Lei, ocorreu com a posse do primeiro Governador, em 1.º de janeiro de 1991.
O primeiro Governador do Estado de Roraima foi o Brigadeiro, Ottomar de Souza Pinto, que governou de 1.º de janeiro de 1991 a 31 de dezembro de 1994. O segundo Governador do Estado, foi Neudo Ribeiro Campos, roraimense e engenheiro civil. Tomou posse no dia 1.º de janeiro de 1995, sendo reeleito em 1998.
Em abril de 2002, Neudo Campos deixou o cargo para concorrer a Senador da República. Em seu lugar, tomou posse o vice-governador, Flamarion Portela, que na disputa pelo governo, nas eleições de 2002, venceu o candidato Ottomar de Souza Pinto. Tomou posse em 1 de janeiro de 2003, para mais um mandato de quatro anos.


O Estado de Roraima
O antigo Território Federal de Roraima foi transformado no atual Estado de Roraima, pelo Art 14 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Brasieleira, promulgada em 1998. Assim, antigo Território Federal existiu de 13 de setembro de 1943 até 5 de outubro de 1988.
O período de 5 de outubro de 1988 a 31 de dezembro de 1990 é considerado de transição do Território Federal para o Estado. Logo após a posse de Ottomar Pinto, pôde nomear os seus auxiliares (secretários de estado), através da Medida Provisória criou as seguintes Secretarias:

Secretaria de Estado da Administração
Secretaria de Estado da Fazenda
Secretaria de Estado do Planejamento
Secretaria de Estado da Educação
Secretaria de Estado da Saúde
Secretaria de Estado do Trabalho e Bem Estar Social
Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
Secretaria de Estado de Obras e Serviços Públicos
Secretaria de Estado da Segurança Pública e
Secretaria de Estado de Interior e Justiça

Mais:
O Gabinete Civil
Gabinete Militar
Procuradoria Geral do Estado

Estes três últimos são pertencentes a chamada Governadoria do estado (acrescidos da Vice-Governadoria e da Polícia Militar)
Em junho de 1991, a Secretaria de Estado de Interior e Justiça teve sua denominação alterada para Secretaria de Meio Ambiente, Interior e Justiça (Semaijus). Esta, finalmente, extinta em 1995. Mas o Estado, para ser considerado implantado, precisa ter os três poderes funcionando; Executivo, Judiciário e Legislativo. Sem o funcionamento desses três poderes ou poderes ou mesmo de um deles não se considera que o Estado esteja, democraticamente implantado.
O poder Legislativo, constituído pela Assembléia Legislativa, foi eleito em 1990 na mesma eleição do governador. Foram eleitos 24 deputados estaduais. Estes, igualmente, tomaram posse no dia 1.º de janeiro de 1991 e após sua posse, reunidos, empossaram o governador. O primeiro presidente do Poder Legislativo roraimense foi o Deputado, Flávio Chaves.
No início dos seus trabalhos, a Assembléia Legislativa não tinha onde se reunir. A princípio funcionou em três salas improvisadas cedidas pelo Bando do Estado de Roraima, sem o mínimo de condições necessárias ao pleno desenvolvimento dos seus trabalhos. Posteriormente, e visando a melhoria do seu desempenho passou a funcionar no Palácio da Justiça (atual Fórum Sobral Pinto), com auditório amplo e melhores condições de trabalho. Depois de 8 meses de sua existência, pôde finalmente, o poder legislativo se instalar no atual Palácio “Antonio Martins”, onde se encontra.
Roraima: nossa terra
Quando os primeiros colonizadores chegaram a Roraima (vale do rio Branco) a população da região era exclusivamente indígena. Os índios, de acordo com teoria aceita por muitos estudiosos, são originários do continente asiático e penetraram no continente americano pelo Estreito de Bering. A penetração dessas pessoas levou muitos anos para se concretizar. Os primeiros homens que por aqui chegaram, tinham uma vida cuja alimentação era baseada na pesca e na coleta de mariscos. Viviam junto ao mar há, aproximadamente 15.000 anos.
Dos primeiros homens que chegaram à América do Sul, há sinais encontrados no litoral do Oceano Pacífico e também no litoral do Atlântico. Na medida que novas levas de pessoas iam chegando, havia um pequeno deslocamento em direção à floresta (para coleta de frutos silvestres e para caça). Entre os caminhos iniciais das penetrações está a costa venezuelana onde, a partir daí, chegaram à costa da Guiana e do Amapá e penetravam no continente pelo rio Orinoco .Seguindo por essas rotas e pela costa do Pacífico também, palmilhavam a Amazônia e de resto, todo o continente sul-americano, como indicam os achados arqueológicos nas nascentes do rio Amazonas (datados de 7.563 a.c) e os da costa do salgado do Pará (de3.000 a.c).
Na região do vale do rio Branco, esses povos chegaram pelo Caribe e pelo rio Orinoco. Infelizmente ainda não foi encontrado, em Roraima, vestígios arqueológicos com os quais se possa conhecer a data provável da chegada dos primeiros povos a esta região. Há estimativas, no entanto, de que esses povos primitivos devam ter chegado ao vale do rio Branco por volta de 3.000 a 4.000 a.c. Desses povos primeiros derivam os índios que os colonizadores europeus encontraram quando aqui chegaram em 1.500.
O primeiro europeu a percorrer o rio Amazonas foi o espanhol Francisco Orelha em 1539. Ele percorreu o grande rio de sua cabeceira a sua foz. Pedro Teixeira foi o primeiro português a percorrer o rio Amazonas e o rio Negro no início do século XVII.Foi ele quem trocou o nome de rio Queçoene, como era conhecido pelos índios, para rio Branco. A partir daí foram registradas inúmeras entradas de colonizadores, exploradores e cientistas no vale do rio Branco. Os colonizadores europeus tratavam, principalmente de conquistar os índios. Estes repudiavam essas conquistas e por isso eram maltratados, presos e escravizados.
A Lei do colonizador institui a chamada Guerra Jsta que era quando o índio se recusava a aceitar as imposições do colonizador. Partindo dessa recusa, segundo a Lei, era Justo aprisioná-los, escravizá-los e até matá-los. Quem realizava essa Guerra Justa, eram as Tropas de Resgate (resgatavam índios para vendê-los como escravos em Belém e São Luiz do Maranhão). Essas guerras contribuíram para as baixas (mortes) entre os índios, para a diminuição da população indígena e para a Revolta Geral das tribos.
A Região sul do Estado
A ocupação da região sul do Estado de Roraima é recente. Até o início da década de 70 só era conhecida a parte situada às margens do rio Branco. A abertura da estrada Manaus-Boa Vista (inaugurada em 1977) e da Perimetral Norte, possibilitou o assentamento de famílias nas colônias ao longo destas estradas bem como das vicinais abertas. A estrada Manaus-Boa Vista tem uma longa história. Desde o ano de 1847 que o governo do Estado do Amazonas tentava construí-la. Mas só em 1893 foi que o cidadão Sebastião Diniz, contratado pelo governo amazonense, conseguiu abrir um picada de Manaus a Boa Vista numa extensão de 815 km, cruzando nove rios e 734 igarapés grandes e pequenos. Deixou-a livre de arbustos e árvores que não excedesse a 50 cm de circunferência.
Da abertura dessa picada até 1977, quando a estrada foi inaugurada pelo Vice-Presidente da República, Adalberto Pereira dos Santos, decorreram 84 anos. A execução final da obra coube ao Sexto Batalhão de Engenharia de Construção 6.º BEC, sediado em Boa Vista. O trecho de Caracaraí ao Novo Paraíso (112km) é comum à Perimetral Norte e à Manaus-Boa Vista. Em Novo Paraíso as duas estradas se separam e seguem direções diferentes: a Maunaus-Boa Vista segue a direção norte/sul (até Manaus) e a Perimetral Norte segue a direção nordeste (até o Estado do Pará). A abertura dessas estradas e mais recente da RR-170 que liga Novo Paraíso ao Cantá e à Boa Vista, passando pelas Confianças I, II e III, possibilitou o descobrimento das potencialidades da região sul do Estado de Roraima.
Para ocupar esta região, eminentemente de florestas, foram trazidos colonos do Maranhão, em sua maioria e também do Paraná e do Rio Grande do Sul. Esta região hoje abrange prósperos municípios como Caroebe, São João da Baliza, São Luiz do Anauá e Rorainópolis, além de Caracaraí que desenvolve o baixo rio Branco. A região sul do Estado de Roraima escoa sua produção para Boa Vista, mas muitos preferem Manaus. Existem pessoas, nesta região, que não se interessam em viajar à capital do Estado, dado sua ligação estreita com Manaus.
Nesta região iniciou-se a produção de mel de abelha no Estado. Hoje Roraima é auto-suficiente na produção de mel de abelha e o excedente é comercializado com o Estado do Amazonas. Nessa região está concentrada a pecuária mais racional e econômica que utiliza, como pasto, o capim plantado. Após a derrubada e a queima da floresta, é feito o plantio do arroz e do milho e depois o agricultor planta o capim para formar o pasto. Este sistema é muito mais trabalhoso que o sistema tradicional da criação do gado no pasto natural (no lavrado), mas seus resultados são melhores economicamente. Os mais assim criados atingem o peso de abete mais cedo e as vacas dão mais leite. A região sul do Estado é bem diferente da região norte. Possi características próprias. Foi com a ocupação dessa região que ocorreu a exploração demográfica de Roraima a partir da década de 70.

A economia de Roraima
A economia de Roraima está baseada na produção agropecuária e na mineração. Na agropecuária, o comércio de bois vivos destinado ao abate em Manaus foi, até a década de 70 a base econômica de maior destaque. Através das boieiras (barcos grandes que transportavam os animais dos portos das fazendas), até a cidade de Manaus. Daquela cidade traziam gêneros alimentícios e bens de consumo para os fazendeiros e para o comércio de Boa Vista. Durante anos foram comercializados com Manaus uma média anual de 8 mil bois.
Este comércio acabou devido a dois fatores: o primeiro foi o crescimento populacional do Estado que passou a consumir maior quantidade de carne bovina e segundo foi a paralisação do crescimento do rebanho bovino. Hoje Roraima importa carne bovina, suína e de aves. Mas foi a produção de arroz irrigado que ocupou o lugar da carne bovina no comércio de Roraima com Manaus, como produto da agropecuária. No ano de 1977, foi introduzida a mecanização agrícola em Roraima para o cultivo do arroz nos lavrados. O sistema de produção de arroz de sequeiro não teve êxito esperado, mas possibilitou o aproveitamento da tecnologia da produção mecanizada para a cultura do arroz irrigado nas várzeas (parte baixa às margens dos rios, também conhecida como igapó). As várzeas em Roraima são abundantes ao longo dos rios Branco, Tacutu, Uraricoera, Amajari e Cauamé.
O arroz produzido nas várzeas com o sistema de irrigação tem dado ótima produtividade e é de boa qualidade. Serve para abastecer o Estado e seu excedente é comercializado com Manaus. Outras culturas como o milho, a mandioca e o feijão também são produzidas mas não atingem o nível de produção do arroz . No caso da mandioca, o Estado é auto-suficiente na produção de farinha de mandioca. Até a década de 60, Roraima importava farinha de mandioca do Amazonas e do Pará. Hoje já existe um pequeno excedente capaz de inverter o fluxo comercial desse produto.
Roraima produz também apenas para seu abastecimento, frutas tropicais como mamão, melão, abacaxi, laranja, banana, tangerina, caju, limão, melancia e outros. Na produção das hortaliças, tem havido grande progresso nos últimos anos. No extrativismo vegetal, Roraima sempre ocupou posição secundária na economia da Amazônia. Produz em pequena quantidade: castanha-do-Pará, sorva e madeira. A castanha-do-Pará e a sorva são comercializadas com Manaus. A madeira teve seu ponto máximo de produção entre 1975 e 1978 com a comercialização de madeira em toras semi-beneficiadas, para a Venezuela. Em 1982 a Venezuela aumentou o importo de importação da madeira oriunda de Roraima e inviabilizou o comércio desse produto. Hoje, Roraima exporta para a Venezuela madeira semi-acabada como em compensado e pranchas.
No extrativismo animal, o Estado, no baixo rio Brando notadamente nos rios Água Boa do Univini e Xeruini, produz muito peixe ornamental (principalmente o cardinal, de grande procura no comércio internacional), mas a fazenda estadual de Roraima não recebe nenhum centavo de imposto por falta de fiscalização. Quanto à produção mineral, esta teve início em 1930. Severino Mineiro, que apesar do apelido, era paraibano, chegou ao vale do rio Branco no início do século XX e começou os trabalhos de garimpagem de ouro e de diamantes na região das serras no norte do Estado.
A garimpagem é uma atividade permanente em Roraima, mas com altos e baixos quanto ao seu nível. Nas localidades de Tepequém, Mutum, Cotingo, Suapi, Mau, Água Fria e Surucucus a produção varia de acordo com a maior ou menor ênfase que o governo dá a questão ambiental e indígena. Na região de Surucucus já se produziu cassiterita e ouro na década de 80. Hoje está totalmente paralisada depois que foi criado o Parque Nacional dos Índios Ianomâmi em 1991. Roraima é uma província mineral de grande potencialidade já identificada pelo Projeto RADAM (Radar da Amazônia) em 1978 mas ainda não foi explorada economicamente como deve ser.
A indústria roraimense dispõe de um Distrito Industrial em Boa Vista. Nele estão localizadas pouco mais de 20 indústrias de pequeno porte que produzem refrigerantes, derivados do leite e beneficia cereais, madeira e outros. O comércio apresenta-se tradicionalmente como importador de outras peças, principalmente de São Paulo e Manaus. Com as facilidades de importação, iniciadas com abertura comercial do Brasil, em 1990, o comércio roraimense tem importado da Venezuela, diversos produtos como: cimento, ferro, combustível, cerveja, refrigerantes e produtos industrializados para a alimentação. A prática do comércio exterior é um fator importante para o desenvolvimento de Roraima. 
 

 
Leiam também o link Almirante Roberto Gama e Silva:
http://www.mar.mil.br/diversos/Artigos_selecionados/Documentos/Amazoniaeacobicainternacional.pdf

SOLDADOS DO BRASIL - 1983

MIN EX GEN WALTER PIRES - PARTE 01


Os "militares" caíram em desgraça, aqui no Brasil, mas, não entregaram o objeto de cobiça maior deles, o sonho de cada um deles: o território, solo e subsolo brasileiros. Desagradaram demais esses militares brasileiros, que ousadia a desses militares brasileiros! Viva eles, viva o Brasil que não se entrega não, por maior que seja a oferta.(GC.)

http://brasileafragilrepublica.blogspot.com.br/2008/12/a-soberania-compartilhada-chega-as-ffaa.html

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA Roberto Gama e Silva

  • Os dirigentes hoje instalados em Brasília, por outro lado, movidos por um furor insano "NEOLIBERALISTA" contra a presença do Estado no setor econômico, pretendem vender as empresas públicas prestadoras de serviços, pelo menos aquelas dos setores de energia e de comunicações. Consumada a transferência dessas empresas para a iniciativa privada, cairão elas nas mãos de grupos internacionais, que estão comprando tudo no Brasil. Aí então a Amazônia voltará a ser o que era antes da década de 40, ou seja, um domínio de grupos inteiramente dissociados da comunhão nacional. —  Quando ocorrer essa reiteração histórica, o que não demorará muito, de nada valerá para o Brasil a dinamização do “Projeto Calha Norte”, ou a entrada em operação do sistema de vigilância radar do espaço aéreo regional, ou a intensificação do serviço de patrulha fluvial pela centenária Flotilha do Amazonas. —  Essas atividades, hoje essenciais à afirmação da soberania nacional, sofrerão um rebaixamento brusco a partir do momento em que passarem a atender aos interesse dos “Mestres Globais”, já donos do compartimento econômico da região. —  Do ponto de vista geopolítico, a “heartland” do Brasil retornará à condição de mera colônia de outros povos.

Roberto Gama e Silva

Dias atrás a imprensa divulgou duas notícias conflitantes, que bem servem como atestado da inconseqüência com que os atuais governantes encaram as questões que afetam a soberania do País.
Primeiramente, foi divulgada, com o devido alarde, declaração de responsável pela “Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM” que, por se dizer “não xenófobo” e “não militarista”, anunciava a venda de todas as áreas amazônicas bloqueadas pela empresa, o que, na prática, significa a transferência desses trechos comprovadamente mineralizados para as mineradoras estrangeiras que rondam, há muito tempo, a região.
A “CPRM”, é bom saber, foi criada na segunda metade da década de 60, a fim de desempenhar, no cenário brasileiro, a mesma função que a “Societé d’Études et des Recher
ces Géologiques et Minières – SEREM” exerce na França. 

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Na ocasião, já dispunha o Brasil de um “Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM”, criado à semelhança do “Bureau de Recherches Géologiques et Minières – BRGM”, mas, para reproduzir o modelo francês, de tanto sucesso, faltava um braço operativo, isto é, uma empresa pública que se dedicasse à pesquisa básica do subsolo.
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Todavia, o ato de criação da “CPRM” não foi perfeito, uma vez que não autorizou a exploração das áreas pesquisadas que se revelassem férteis. Nesse particular, pois, a empresa pública assemelha-se ao touro-rufião, capaz de detectar o cio das vacas, contudo, impossibilitado fisicamente de cobri-las !
Essa limitação poderia explicar a razão da penúria em que vive a “CPRM”, a ponto de impedir que cumpra a sua tarefa principal. Só na Amazônia, por exemplo, mais da metade da área ocupada pelos dois Escudos permanece opaca para os brasileiros, por não ter sido sequer coberta por reconhecimento aerogeofísico. Não obstante, quando superiormente dirigida e inteligentemente apoiada, como ocorreu nas décadas de 60 e 70, a empresa obteve alguns êxitos, dentre os quais merece destaque a pesquisa do complexo carbonatítico do morro dos Seis Lagos, primeiramente detectado por equipe do RADAMBRASIL. A chaminé dos Seis Lagos, localizada no município de São Gabriel da Cachoeira, antigo Uaupés, aloja, entre outras riquezas minerais, o maior depósito de nióbio do planeta.
Pois bem, a ânsia de fazer caixa às custas da entrega total do patrimônio dos brasileiros para grupos desvinculados da comunhão nacional, está longe de caracterizar procedimento “não xenófobo” e “não militarista”, como valentemente arrota o atual titular da “CPRM”. Trata-se, na verdade, de postura neoliberal, símbolo da subserviência aos interesses dos países industrializados. Se, por acaso, prevalecer essa idéia antinacional, agigantar-se-á a cunha já introduzida no subsolo da Amazônia, com a venda da “Companhia Vale do Rio Doce” para homens-de-palha de grupos alienígenas.
Além da transferência completa das reservas nacionais de nióbio para forasteiros (as reservas de Araxá e Catalão são controladas, respectivamente pela “Molycorp”, subsidiária da “Occidental Petroleum”, e pela “Anglo American of South África”), um sem número de áreas mineralizadas tomará o mesmo rumo.
De particular interesse, para as mineradoras de fora, há uma área superior a 12 mil quilômetros quadrados (metade da superfície de Sergipe), que compreende boa parte do domínio do Grupo Vila Nova, idêntico ao Grupo Grão Pará (Província Mineral de Carajás) por ser o prolongamento deste para além da sinéclise do Amazonas. Esse ambiente geológico promissor foi transformado em “Reserva Nacional”, conforme decreto de 24 de fevereiro de 1984, baixado por proposta do extinto “Grupo-Executivo para a Região do Baixo-Amazonas – GEBAM”, após reconhecimento efetuado sob a direção do mesmo órgão. A transformação em “Reserva Nacional”, necessário explicar, afastou da região várias multinacionais da mineração, que já haviam protocolado centenas de pedidos de pesquisa incidentes sobre o “Vila Nova”. A área reservada está hoje sob a guarda da “CPRM”.
A empresa pública dispõe, ainda, de diversos ambientes próprios para ouro, distribuídos pelos Escudos e áreas adjacentes, de depósitos ponderáveis de caulim tipo “coating”, na bacia do rio Capim (PA) e, mesmo, um grande bloco reservado no Granito Surucucu, situado no coração do território yanomami.
Todo esse patrimônio, de propriedade dos brasileiros, está sendo colocado à venda, sob o patrocínio do “soi-disant” cidadão do mundo que, ainda por cima, é avesso aos militares.
Será que os patriotas ainda terão estômago para engolir mais esse sapo?
Alguns dias depois de revelada essa nova tramóia contra a soberania brasileira na Amazônia, eis que outra matéria de jornal, desta vez, artigo subscrito pelo titular da “Secretaria de Assuntos Estratégicos – SAE” tenta desfazer a preocupação que pairava no ar. No artigo está dito, com toda a ênfase, que “a Amazônia já ocupa posição de relevo nos cenários alternativos do futuro do País” e, ainda, que “não há como pensar a Amazônia sem o Brasil, nem o Brasil sem a Amazônia”. Um pequeno comentário sobre os dois pensamentos: assim já raciocinava Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, em 1750, quando despachou o seu próprio irmão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, para a Amazônia, com instruções expressas para reconstruir antigas obras militares e levantar novas, de modo a tamponar todas as vias de acesso do exterior para dentro da grande região.

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Aliás, nessa tentativa clara de passar uma imagem de zelo das autoridades governamentais em relação à região-chave do País, o estratego cita, primariamente, as atividades das Forças Militares, a começar pelo sistema de sensoreamento-radar a ser implantado e pelo tão decantado “Projeto Calha-Norte”, o primeiro destinado a interromper as vias de penetração que o espaço aéreo propicia e o segundo voltado para a vivificação da epiderme do valioso território, nos trechos em que são raros os habitantes e mais débil se faz a presença do Poder Público. Portanto, tudo conforme a bem sucedida estratégia portuguesa, responsável pela incorporação e manutenção da Amazônia como parte do Brasil.
Resta saber se os resultados das ações governamentais, mencionadas pelo titular da “SAE”, serão capazes de suplantar a influência dos grupos estrangeiros que se vão assenhoreando das atividades econômicas regionais, mormente, depois que os políticos neoliberais decidiram sepultar as idéias patrióticas injetadas no País pelo Presidente Getúlio Vargas, mormente aquela que reservava aos nacionais o desbravamento da Amazônia.
Durante muito tempo, desde a virada do século até o início da década de 40, a Amazônia foi de fato, colônia européia, embora, de direito, parte de um país soberano.
Recordo-me, ainda, de meus dos meus primeiros anos de vida, passados em Manaus, onde nasci, quando tudo na região pertencia aos europeus. A energia elétrica, os bondes, o abastecimento de água, o sistema de esgotos, o cais do porto, a companhia de navegação fluvial, os navios de cabotagem e longo curso, o telégrafo, o principal banco, enfim, todos os serviços estavam nas mãos dos súditos da Coroa Britânica, que compunham a maior comunidade estrangeira na área. O melhor clube da cidade era mantido pelos ingleses e, tal qual ocorria nas demais possessões do Império, nele era vedado o ingresso de nativos, exceção feita para os serviçais. O comércio da borracha, já em franco declínio, ainda assim se mantinha sob controle de empresas inglesas, francesas e alemães.
A situação era tão extravagante que despertou a atenção de estudiosos de outras plagas, como a do renomado norte-americano Derwent Stainthorpe Whittlensey, professor emérito de Harvard e autor do tratado “The Earth and the State”, editado em 1939, obra-prima da ciência geopolítica. Num trecho da citada obra, em que o autor apresenta o “mundo explorável”, como ele chamou a parcela do globo terrestre onde as Grandes Potências poderiam obter os bens naturais para sustentar o seu progresso, encontra-se o seguinte comentário sobre a Amazônia: - “O restante do núcleo central da África é ocupado pelo Congo Belga, colônia que compreende boa parte da bacia do rio Congo. O núcleo central da América do Sul corresponde, igualmente, à bacia de um único rio. Politicamente, quase toda essa área é território do Brasil, embora seja explorada, integralmente, por europeus. A distinção legal entre o Congo, colônia de um Estado europeu, e a Amazônia, parte da soberania brasileira, não é suficiente para mascarar a sua semelhança geopolítica”.
É impossível quantificar, hoje, o que foi subtraído dos brasileiros nessa longa noite de domínio estrangeiro sobre a Amazônia. Mas, para que se tenha uma pálida idéia dos prejuízos decorrentes, basta lembrar que, só em conseqüência do descaminho das sementes de seringueira pelos ingleses, consumada em 1876, a Amazônia deixou de gerar divisas da ordem de 150 milhões de libras esterlinas, como ocorreu entre 1900 e 1910, para se tornar uma simples supridora de 35% das necessidades nacionais de borracha natural. O estado do Amazonas, ademais, que se manteve como o segundo maior exportador do país, durante vinte anos consecutivos, nem por isso experimentou progresso significativo, como demonstração de que a dependência econômica é uma trilha fatal. No final da década de 30, por exemplo, não se achava em Manaus, um único brasileiro com estudos de nível superior, a não ser uns poucos médicos e dentistas formados em outros centros e um certo número de advogados, boa parte deles diplomados por uma faculdade local, a única existente, que portava o significativo apelido de “Jaqueira”.
Quanto ao conhecimento da região pelos estrangeiros, basta mencionar que os depósitos de linhito presentes na “Formação Solimões”, submetidos a pesquisa detalhada pela “CPRM”, na década de 70, já eram explorados pelos ingleses desde o início do século, para movimentar os “Gaiolas” da “Amazon River Steamship Company”, que monopolizava o transporte fluvial da região.
Dentre as conseqüências mais relevantes da II Guerra Mundial, no tocante ao Brasil, figura a retomada da Amazônia pelos brasileiros.
Aproveitando-se da situação, bem desfavorável aos europeus sediados na região, o Presidente Vargas nacionalizou todos os serviços, estatizando as concessionárias estrangeiras, e, ao mesmo tempo, determinou providências para aumentar a presença do Poder Público em todos os seus quadrantes. Fazia cumprir, com esses atos, as disposições do Decreto-Lei n° 406, de sua inspiração, que proibia a constituição de núcleos coloniais formados exclusivamente por estrangeiros e determinava que a colonização da Amazônia fosse reservada aos nacionais.

Para ressaltar o procedimento patriótico desse vulto da História do Brasil, que durante muito tempo desdenhei, destaco uma decisão sua, quase desconhecida, que impediu a separação do Brasil de todo o Baixo-Amazonas Setentrional, assim entendido o trecho da Amazônia que abrange o Amapá e todos os municípios paraenses situados à margem esquerda do rio Amazonas.
De José Júlio de Andrade, que o multimilionário Daniel Ludwig adquiriu as terras no final da década de 1960. 
MUITO ESTRANHO!!! Em 23 de setembro de 1938, o Interventor Federal no Pará, José da Gama Malcher, encaminhou ao Presidente da República uma proposta de assentamento de 50 a 60 mil famílias europeias, de origem judaica, em terras a serem adquiridas por intermédio do senhor José Júlio de Andrade, coronel da Guarda Nacional e ex-senador do Pará, parte delas situadas nas bacias dos rios Cajari, Jarí e Parú. Uma empresa, com capital de um milhão de libras esterlinas, constituída na França, mas com garantias de bancos ingleses e franceses, encarregar-se-ia da execução do plano, urgente porque havia pressa em retirar tais famílias dos locais de origem, devido às perseguições étnicas desencadeadas pelos nazistas.
Entusiasmado com as cifras envolvidas e com o nível sócio-cultural dos colonos em perspectiva, o Interventor do Pará sugeriu ao Presidente que autorizasse o empreendimento.
Esqueceu-se, contudo, o governante estadual de que essa autorização colocaria em sério risco a integridade territorial do Brasil, uma vez que implicaria em alojar um contingente de 250 a 300 mil estrangeiros numa região escassamente povoada, onde o número de brasileiros não excedia o patamar de 10 mil almas. Ademais, não se deu conta o InterventoR Gama Malcher de que se o motivo da iniciativa fosse puramente humanitário, muito mais expedito seria assentar essas famílias nas Guianas, principalmente nas duas que eram colônias dos países de origem das entidades patrocinadoras.
Em 10 de dezembro de 1938, um parecer exarado pelo Conselho de Imigração e Colonização, presidido pelo ilustre brasileiro João Carlos Muniz, que desaconselhava peremptoriamente a aceitação da proposta, mereceu a aprovação entusiástica do Chefe do Governo, como seria lógico esperar de um dirigente preocupado com o futuro de seu país.
Julguei muito oportuna a revelação desse episódio singelo, porque os atuais governantes, desprovidos da visão própria dos estadistas, estufam o peito para proclamar o fim da “Era Vargas”, o que, na realidade, corresponde a uma confissão de culpa de quem está abandonando as idéias nacionalistas que permitiram ao país ultrapassar a condição de mero produtor de café, para atingir o estágio industrial, tornando-se apto, destarte, à disputa de um assento na assembléia das grandes potências.
Além desse aspecto, de suma importância, a lembrança de fatos como esse tem o mérito de demonstrar que a última batalha para derrubar os obstáculos restantes, que ainda impedem o Brasil de conquistar a posição que lhe compete, por decisão do Criador, será travada bem no coração da América do Sul, ou seja, na majestosa bacia do Amazonas.


Antes disso, todavia, os patriotas que comungam dos mesmos ideais de Plácido de Castro e de Veiga Cabral, os dois heróis mais recentes da luta pela integridade da Amazônia, precisam expulsar de nosso meio todos aqueles que vendem a Pátria por quaisquer trinta moedas.
O processo sutil de entrega da Amazônia aos forâneos avança a todo o vapor, muito embora até brasileiros atentos ainda não tenham captado os seus sinais. As grandes distâncias, talvez, tenham esmaecido os movimentos dos tentáculos do polvo internacionalizante.
Um dos tentáculos, com certeza o mais antigo, envolve a Zona Franca da Manaus, posta para funcionar a partir de 1966, com dois propósitos sadios e bem definidos:“capitalizar a região (Amazônia Ocidental) e compensar a sua excentricidade”.
Para capitalizar a região, emana claro que as facilidades concedidas para a importação de bens teriam que ser canalizadas para empreendimentos que viessem a usar as matérias-primas regionais, gerando renda para toda a Amazônia Ocidental, além de criar postos de trabalho formais tanto em Manaus quanto nas áreas interioranas. Ao invés disso, instalaram-se em Manaus, com todos os incentivos possíveis e imagináveis, linhas de montagem exóticas, de aparelhos, equipamentos e máquinas que dispensam totalmente o aproveitamento de insumos locais. Resumindo: não se capitalizou a região, mas sim um pequeno grupo de pessoas, nele incluídos alguns trânsfugas e/ou trambiqueiros.
A compensação da excentricidade deveria incluir várias ações, todas elas destinadas a provocar uma diminuição dos preços das mercadorias de maior consumo, que na Amazônia Ocidental são sempre superiores àqueles praticados no resto do país, devido à grande distância que separa a região dos centros dinâmicos de produção. Nada foi feito nesse sentido e, paradoxalmente, até os bens produzidos no Distrito Industrial de Manaus, via de regra, são mais caros lá do que em outras partes do Brasil.
Entretanto, um objetivo indesejável foi alcançado: o parque industrial, montado em Manaus, está sob controle de grupos estrangeiros.
O outro tentáculo da internacionalização é o que abrange o setor mineral.
No período que antecedeu a elaboração da Constituição promulgada em 1988, publiquei um livro e elaborei diversos mapas para demonstrar a voracidade com que os grupos econômicos ultramarinos disputavam o subsolo amazônico. Naquela época, tais grupos chegaram a bloquear mais de 30 milhões de hectares, entre áreas reservadas para pesquisa e áreas de servidão para exploração de jazidas, tudo isso nos dois Escudos Amazônicos. A divulgação desses números alarmantes, que juntos equivaliam à superfície da Itália, talvez tenha influído na decisão dos Constituintes de reservar a pesquisa e a lavra dos minerais para empresas com maioria de capital votante em mãos de nacionais. Nada mais sábio.
A atual maré neoliberal que vem afundando o país, alterou a situação, abrindo as portas do nosso subsolo para qualquer forasteiro que se apresente nos balcões de atendimento do “DNPM”. Com a venda da “Companhia Vale do Rio Doce” para homens-de-palha de grupos alienígenas, a invasão tornou-se mais fácil, não só pelo estoque de direitos minerários em poder da empresa, mas também devido ao fato da “CVRD” sempre ter sido empregada como um dique de contenção contra as arremetidas dos integrantes dos oligopólios que dominam, mundialmente, o setor mineral. Uma conseqüência imediata dessa operação antinacional, promovida pelo atual governo, foi a perda do controle que os nacionais exerciam nos empreendimentos minero-industriais localizados na Amazônia.
Agravando ainda mais a situação, surge, agora, a infeliz iniciativa da “CPRM”, que redundará na cessão quase gratuita de todas as áreas mineralizadas plotadas pela empresa pública, desde o início de sua atuação na Amazônia. Choca, ainda mais, essa entrega inconveniente de patrimônio dos brasileiros, quando se percebe ter sido ela alvitrada sem uma análise lúcida das suas implicações. Vou exemplificar:
· Pretendem os “mundanos” ceder os direitos minerários sobre o depósito de nióbio dos “Seis Lagos”, por uma entrada simbólica de 600 mil reais, à qual, se somará, no futuro, uma participação nos lucros gerados pela presumível exploração da jazida;
· mantido o atual nível de produção nacional de óxido de nióbio (80% da produção mundial), as atuais minas brasileiras, localizadas em Araxá (MG) e Catalão (GO), sustentarão a demanda de minério por prazo superior a 400 anos;
· as unidades de beneficiamento, brasileiras e ultramarinas, têm capacidade instalada duas vezes maior do que do que as necessidades mundiais;
· a empresa que arrematar a jazida dos “Seis Lagos”, portanto, não terá qualquer motivação econômica para explorá-la, embora possa haver interesse em sentar-se em cima dela, aguardando uma melhor ocasião para entrar no mercado.
Como conclusão do que foi exposto, a “CPRM” não deverá receber, tão cedo, um único centavo sequer de participação de lucro, exatamente a parte da transação que poderia tirá-la da situação de inoperância em que se encontra. Todavia, se a vencedora da licitação for a “Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM”, que já explora as minas de Araxá, conceder-se-á, ao grupo liderado pela “OCCIDENTAL PETROLEUM” o privilégio nefasto de controlar 97,5% das reservas mundiais de nióbio.
No tocante ao subsolo, há, ainda, que registrar, a iminência da invasão da Amazônia pelas “irmãs do petróleo”, uma vez que os entreguistas de plantão já alteraram a legislação para permitir que tais empresas operem no país. A Amazônia brasileira, única parte do território pátrio a exibir uma fratura abortada no processo de separação dos continentes, local ideal para acumulação de depósitos gigantes de petróleo, certamente será o alvo prioritário dessas empresas altamente capitalizadas.
O que sobrará para os brasileiros ?!!
O processo de internacionalização da Amazônia, porém, não para por aí !

Madeireiras estrangeiras, responsáveis pela extinção das “hardwoods” encontradas nas florestas tropicais úmidas da África e do Extremo-Oriente, já operam livremente na Amazônia brasileira, sem que tenham cumprido a exigência de aprovar planos de manejo e, conseqüentemente, sem o necessário acompanhamento das atividades que exercem. Essas falhas redundam na exploração predatória da maior riqueza do Brasil, pois, as madeiras de lei contidas na Hiléia valem, estaticamente, para mais de 1 trilhão de dólares. Se, ao contrário do que vem acontecendo, a exploração das madeiras amazônicas estivesse sendo feita em locais apropriados, selecionados por um competente zoneamento ecológico-econômico, além de apoiada em técnicas de manejo bem assentes nas realidades da região, seria ela de grande proveito para os brasileiros, uma vez que o valor acima apontado como estático, permaneceria constante para sempre, em virtude da regeneração natural das espécies abatidas.
A adesão incondicional dos governantes ao acordo sobre patentes, ademais, acabou com as inibições dos forâneos em avançar sobre as dádivas da biodiversidade regional. Além do acapú, dos angelins, do cedro, do cumarurana, do ipê, da maçaranduba, do mogno, das sucupiras, das ucuubas e mais uma centena de espécies já atingidas pelas moto-serras das madeireiras, dezenas de outras espécies , de uso potencial na indústria química (açoita-cavalo, andiroba, angico, axuá, barbatimão, os breus, os jutaís, etc.), na fabricação de sabões, cosméticos e perfumes (ucuubas, andirobas, cumarús, louro-pachuri, pau-rosa, etc.) e na indústria farmacêutica (acácia-dourada, caferana, cangerana, cassipá, catuaba, copaíba, guaraná, jejuíra, jenipapo, jucá, jaborandi, mama-de-porco, mangue-vermelho, marapuama, marupá, mutamba, paineira, ipê amarelo e roxo, etc.), poderão ser prejudicadas pela perseguição implacável dos forasteiros.
Os dirigentes hoje instalados em Brasília, por outro lado, movidos por um furor insano contra a presença do Estado no setor econômico, pretendem vender as empresas públicas prestadoras de serviços, pelo menos aquelas dos setores de energia e de comunicações. Consumada a transferência dessas empresas para a iniciativa privada, cairão elas nas mãos de grupos internacionais, que estão comprando tudo no Brasil. Aí então a Amazônia voltará a ser o que era antes da década de 40, ou seja, um domínio de grupos inteiramente dissociados da comunhão nacional.
Quando ocorrer essa reiteração histórica, o que não demorará muito, de nada valerá para o Brasil a dinamização do “Projeto Calha Norte”, ou a entrada em operação do sistema de vigilância radar do espaço aéreo regional, ou a intensificação do serviço de patrulha fluvial pela centenária Flotilha do Amazonas.
Essas atividades, hoje essenciais à afirmação da soberania nacional, sofrerão um rebaixamento brusco a partir do momento em que passarem a atender aos interesse dos “Mestres Globais”, já donos do compartimento econômico da região.
Do ponto de vista geopolítico, a “heartland” do Brasil retornará à condição de mera colônia de outros povos.

Roberto Gama e Silva
Contra-Almirante (RRm)
Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1997
RECEBIDO POR E-MAIL enviado pelo próprio Almirante.