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segunda-feira, 11 de abril de 2011

A riqueza, originada do urânio enriquecido, deve entrar para a caixa do tesouro nacional do Brasil



O concentrado de urânio é transformado, no Canadá, em gás (chamado “UF6”), que é enviado a um consórcio de empresas anglo-germânico-holandês onde as partículas de urânio são separadas por meio de processamento em ultracentrífugas.
Após o enriquecimento, o gás é reenviado ao Brasil e transformado em pó que será comprimido em pastilhas para alimentação dos tubos de combustível dos reatores nucleares onde gerará energia térmica e, posteriormente, energia elétrica.

O Brasil e as ameaças veladas
Guilhermina Coimbra*
Os contribuintes brasileiros de fato e de direito vem pagando, há longo tempo, por um programa nuclear que independa o país na área energética.
Não admitem ver o Brasil ameaçado veladamente, ou, não, por nenhum representante de Estado, em Brasília: principalmente, face aos negócios efetuados no território brasileiro, pelo representante ameaçador.
A ênfase se justifica, porque, a causa é justa. No Brasil, as pressões sobre a área da energia nuclear tem sido uma constante, desde 1953.
Naquele ano, o Almirante Álvaro Alberto (físico, introdutor de disciplina sobre Energia Nuclear, na Escola Naval, colega de Fermi, casal Curie, Einstein, Rutherford e outros, com os quais se correspondia) procurou o Presidente Getúlio Vargasalertando-o sobre a necessidade de o Brasil dar destinação utilitária à matéria-prima energética nuclear, que jaz no território do paíse foi, pelo Presidente, nomeado representante do Brasil na AIEA/ONU, onde defendeu o direito do Brasil utilizar a matéria-prima nuclear, que jaz no território brasileiro, beneficiando-a no país.
A perseverança e persistência do Brasil têm, portanto, mais de 86 anos, nos quais, admiravelmente, o país manteve-se firme nos seus propósitos, independentemente e apesar, das dificuldades, das tentativas de sabotagens e das tentativas, mais do que comuns, na América do Sul, de tentarem – e, às vezes, até conseguirem – colocar governantes no poder e tirar governantes do poder.
Considerando que agregar valor a qualquer tipo de matéria-prima significa enriquecê-la, de modo que possa valer mais no mercado internacional, o que significa economia extraordinária para o país extrator – não há como aceitar pressões para que essa riqueza, originada do urânio enriquecido, deixe de entrar para a caixa do tesouro nacional do Brasil.
Do mesmo modo, não há como aceitar a supervisão da Agência Internacional de Energia  Atômica-AIEA-ONU dentro dos programas nucleares fora das jurisdições dos Estados super nuclearmente desenvolvidos, porque, isso seria concordar com a espionagem industrial, prevista e penalizada, pelo Direito Internacional, Comercial, em todos os Estados de Direito. Logo, a questão é comercial, diz respeito a segredos industriais-comerciais, tanto quanto de soberania. (Soberania, diga-se, cada vez mais objeto de tantas e tantas “teses”, visando a sua extinção, nos Estados em desenvolvimento).
A política nuclear brasileira está cientificamente correta. O Brasil tem matéria-prima nuclear e tecnologia, não há como submetê-lo aos caprichos do mercado internacional – desleal, rasteiro e covarde: escondendo-se atrás  de seus governantes poderosos, que fazem as propostas indecentes, na área da energia nuclear.
Enquanto não se quebrar o conluio do silêncio a respeito desta simples questão de direito comercial, direito da concorrência, concorrência desleal em mercado relevante etc. – o Brasil, por ter programa para desenvolver os usos pacíficos da energia nuclear, vai continuar sofrendo todo tipo de pressão dos governantes de onde são originais os concorrentes.
A última dessas pressões foi a exibição das fotos e dos destinos que tiveram os presidentes da Iugoslávia, do Iraque e outros (Globo News, 19-5-10) quase ameaça, bastante ridícula, diga-se.
Pior ainda, foi a ameaça velada de representante de Estado estrangeiro em Brasília. O referido representante do qual se trata deve entender muito pouco sobre diplomacia e interesses econômicos do Estado que representa. A ele, os nossos sinceros pêsames, pela ignorância!
Informe-se melhor, senhor representante: às empresas aqui instaladas não interessam pressões, sanções sobre o Brasil, não! Inteligentemente reconhecem: – é no Brasil que auferem os seus maiores lucros!
Informe-se melhor, sobre o Brasil que o hospeda, senhor representante: Vossa Excelência vai verificar que o Brasil se basta, em todas as áreas da economia, sem mencionar o mercado consumidor brasileiro, de potencial imensurável.
Vossa Excelência vai verificar que, desde o Império, passando pela 2a. Guerra Mundial, todas as vezes nas quais tentaram fechar o Brasil para o mundo, o Brasil se voltou para dentro e – se desenvolveu, prosperou.
O Brasil é bem informado, perseverante, pertinaz, amigo, e inclusivo.
Não despreze a inteligência do Brasil, senhor representante! Lembre-se, o Brasil é, senão o único, pelo menos, um dos poucos amigos, no mundo, inteligente, bem informado e desinteressado!
O Brasil merece respeito!
*Guilhermina Lavos Coimbra é autora do livro
“Urânio Enriquecido – o combustível do século”
Comentário de Helio Fernandes:
Aplausos entusiasmados e empolgados a Guilermina Coimbra, do conselho do IAB e FIA. Como professora deu aula magna e magistral sobre o assunto, desvendou o que querem manter em sigilo e silêncio.
Seu texto límpido, claro, puro, admirável, devia ser mostrado em todos os lugares, começando nas escolas primárias, passando para as universidades, e que ninguém mais fosse enganado.
Como você ensina, professora: a energia nuclear é um comércio igual a qualquer outro. Para terminar, a confissão mais sincera: da primeira à última linha, gostaria de ter escrito o que você escreveu, perdão, E-N-S-I-N-O-U.http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=8826&cpage=1#comment-128645