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terça-feira, 26 de outubro de 2021

Genocídio dos índios cintas-largas em Aripuanã Rondônia: Rockfeller e a cobiça pelos minérios raros

Por que, batizaram de Reserva Roosevelt a área indígena dos cintas largas em Rondônia? Eu escrevi sobre esse assunto em nov/2020, sem saber que no local existiu a chacina dos índios cintas-largas. Em 1914, a cobiça de Roosevelt na Amazônia brasileira Rondônia, a procura por ouro,  diamante, minérios raros, Rosevellt até malária  contraiu na floresta quase morreu, mas descobertas importantes fez dos minérios existentes nas terras indígenas. Foi o Marechal Rondon e militares que o guiou na excursão, até  batizaram o "Rio da Dúvida" como Rio Roosevellt.  O gringo Roosevellt retornou aos EUA e  levou com ele as descobertas para o chefe Rockfeller. E Rockfeller com sua clã demoníaca, genocída, retornou na Amazônia para remover os indígenas como ele disse: sentados em cima das riquezas existentes. Jamais, o povo brasileiro ficou sabendo desses crimes praticados, por que os militares guardiões da floresta se calaram?  por que permitiram? Infelizmente, a matança dos indígenas continua nos dias atuais. [1]
As vítimas eram cintas-largas, uma pequena tribo indígena da Amazônia brasileira;
Mas agora, empresas brasileiras e estrangeiras ambicionavam suas terras;

"depósitos de metais raros estavam sendo encontrados na área [ dos cintas-largas].

Que tipo de metais, não ficou bem claro. Uma espécie de blecaute de segurança foi imposta, apenas esporadicamente rompida por vagos relatos das atividades de empresas americanas e européias e o contrabando para os EUA dos metais raros não identificados"

Os índios estavam marcados para a remoção.

GERARD COLBY

COM

CHARLOTTE DENNETT

 

SEJA FEITA A VOSSA VONTADE

A Conquista da Amazônia: (Podemos chamar de conquista genocida dos indígenas)

Nelson Rockefeller e o Evangelismo na Idade do Petróleo [2]

  • Tradução de JAMARI FRANÇA
  • EDITORA RECORD
  • Rio de Janeiro • São Paulo - ISBN 85-01-04532-2
  • Aos 47 jornalistas assassinados na Guatemala durante ditaduras militares entre 1978 e 1985 e a seus colegas mortos em condições similares no Brasil e em outros países quando tentavam levar ao mundo o que estava acontecendo dentro das fronteiras de nações "em desenvolvimento"
  • A perda da liberdade seria logo seguida da supressão da liberdade de imprensa; como esta é um ramo essencial da liberdade, talvez preserve o todo.
  • - JOHN PETER ZENGER
  • (1697-1746)

 

Tentar sensibilizar outras pessoas sobre crimes contra humanidade não é uma tarefa fácil, especialmente quando estes crimes ocorrem em terras distantes e  nomes poderosos do próprio país são levantados.

No Brasil, documentos que poderiam ter sido úteis na identificação dos responsáveis por crimes sérios contra os povos indígenas desapareceram num incêndio misterioso nos arquivos ao Serviço de Proteção ao Índio. Felizmente, relatórios de antropólogos e circunstâncias políticas pouco comuns permitiram que o procurador geral do Brasil conduzisse sua própria investigação.

Mas a conquista da Amazônia não é apenas sobre a Amazônia brasileira. A bacia do rio Amazonas, incluindo seus poderosos afluentes, também abrange boa parte do Peru, Equador, Bolívia, Colômbia e parte da Venezuela, uma área do tamanho dos Estados Unidos. Nem a conquista é sobre atrocidades. Relatórios de antropólogos e funcionários do governo geralmente descrevem genocídios e etnocídios como um processo cruel desnecessário no desenvolvimento da fronteira.

No fim de nossa investigação, tínhamos constatado que este processo tem similaridades marcantes com a conquista do Oeste americano e envolvia algumas das mesmas e poderosas forças políticas e econômicas americanas.

Nos países da bacia amazônica, a conquista seguiu a tendência geral de exploração de petróleo, borracha e minerais, construção de estradas e pistas de pouso, apoio a pesquisas visando à colonização, expansão da agricultura comercial (em detrimento da agricultura de subsistência dos indígenas), devastação da floresta tropical e competição dos EUA com outras grandes potências por esferas geopolíticas de influência. Tudo isso assistido por um sistema de ajuda gradualmente montado ao longo de trinta anos por Nelson Rockefeller, começando como coordenador de Assuntos Americanos de Roosevelt, durante a Segunda Guerra Mundial, e a seguir como arquiteto de ajuda externa de Truman.

Os missionários entraram no lado político, cultural e social da conquista, sendo seu líder influenciado pela filantropia de Rockefeller, e uma rede de contra insurreição que atendia aos objetivos desenvolvimentistas de Nelson Rockefeller. Pg.19,


O Instituto Summer de Lingüística (SIL) foi contratado por ditaduras militares e governos civis, geralmente liderados por aliados de Nelson, para pacificar as tribos e integrá-las a economias nacionais cada vez mais sintonizadas com o mercado americano. O SIL usou a Bíblia para ensinar os povos indígenas a "obedecer ao governo, porque toda autoridade vem de Deus". Na nossa pesquisa descobrimos que os contestadores desse pressuposto e do legado deixado por Rockefeller e Townsend geralmente pagavam o preço do repúdio recebendo críticas, rejeição e um silêncio ensurdecedor. Lembramos particularmente o falecido Michael Lambert, um ex etnobotânico formado pela Universidade de Harvard que fez pesquisa de campo na Amazônia. Ele será lembrado por sua calma determinação de chamar a atenção de seus colegas de Harvard para o genocídio dos índios da Amazônia. Ele descreveu sua experiência como dolorosa.

Ninguém, no entanto, sofreu mais do que os povos indígenas. Desvendar os segredos levou muitos anos para nós, mas, em última análise, para eles. Se este livro tomar futuras investigações mais fáceis e mais criteriosas, então terá servido aos seus propósitos.  Janeiro de 1995 pg.20 


O silêncio escuro e confortante do confessionário rompeu-se quando a pequena porta corrediça bateu ao ser aberta, espalhando a luz através de uma pequena tela. "Sim, meu filho?", encorajou o sacerdote quando a voz masculina, sussurrante, balbuciou. Então, das sombras, jorrou uma torrente de crimes tão esmagadora que o voto de silêncio do padre Edgar Smith tremeu até as fundações jesuítas. Não podia mais viver com a consciência. Além disso, não lhe pagaram os quinze dólares prometidos. 

As vítimas eram cintas-largas, uma pequena tribo indígena da Amazônia brasileira. Batizados numa alusão aos largos cintos de casca de árvore que eram sua única vestimenta, este grupo de mais ou menos quatrocentas almas vivera durante séculos ao longo do rio Aripuanã, caçando e pescando com flechas embebidas em curare, resistindo com sucesso a todos os intrusos. Mas agora, empresas brasileiras e estrangeiras ambicionavam suas terras. Os índios estavam marcados para a remoção. Uma vez que a legislação brasileira protegia tecnicamente os índios como tutelados pelo Estado, só a violência sub-reptícia poderia ser usada. Era uma solução bastante comum. O supervisor geral de uma empresa local de borracha, Francisco de Brito, já ostentava o título de Assassino Campeão de índios, por levar qualquer índio capturado para uma "visita ao dentista": a vítima era forçada a "abrir bem" e levava um tiro de pistola na boca. Um bando de cintas-largas escapara da solução final se internando bem dentro da floresta. Felizmente para Brito, encontrou-se um homem que conhecia o suficiente da cultura dos cintas-largas para saber o dia preciso em que a maioria do povo desta aldeia deveria se reunir. A ocasião seria traiçoeiramente festiva: a reunião anual de famílias. Os índios se agrupariam no centro da aldeia para rezar, celebrar e consultar os espíritos dos ancestrais, representados por dançarinos mascarados. (Pg.21)


Brito concluiu que a cerimônia seria o alvo perfeito para um bombardeio aéreo. Contratou um piloto e um Cessna comercial que sobrevoou a aldeia no dia sagrado, jogando açúcar na primeira passada e dinamite na segunda. Para caçar os sobreviventes, Brito virou-se para seu capanga, Chico, um homem muito afeiçoado ao facão. Pereira era um dos recrutas de Chico.

"Subimos de lancha o rio Juruena", disse Pereira. Havia seis de nós, homens experientes, comandados por Chico, que costumava apontar a metralhadora em nossa direção sempre que dava uma ordem. Levamos uns bons dias corrente acima na serra do Norte. Depois disso, nos perdemos no mato, embora Chico tivesse trazido uma bússola japonesa. Por fim, um avião nos encontrou. Foi o mesmo avião usado para o massacre dos índios e eles nos jogaram algumas provisões e munições. Depois disso, seguimos durante cinco dias e ficamos sem comida outra vez. Atravessamos uma aldeia indígena que tinha sido arrasada

( ... ) colhemos um pouco da mandioca dos indígenas para nos alimentar e pescamos alguns peixes pequenos. Àquela altura, estávamos enfastiados e vários de nós queriam voltar, mas Chico disse que mataria qualquer um que tentasse desertar. Foram mais cinco dias depois disso antes que víssemos uma fumaça. Mesmo assim, os cintas-largas estavam a dias de distância. Estávamos com bastante medo uns dos outros. Neste tipo de lugar, as pessoas atiram umas nas outras e são alvejadas, pode-se dizer, sem saber a razão.

Quando abrem um buraco em você, eles têm mania de enfiar uma flecha na ferida, para colocar a culpa nos índios.

Os homens abriram caminho através da selva, lutando contra hordas de insetos, agüentando o calor e os temporais. "Fomos escolhidos a dedo para a tarefa, tão quietos quanto qualquer grupo de índios quando se tratava de esgueirar-se por baixo e por fora das árvores.

"Quando chegamos ao território dos cintas-largas, não houve mais fogueiras nem conversas. Assim que avistamos a aldeia, acampamos para passar a noite.

Levantamos antes do amanhecer, depois nos arrastamos metro a metro através dos arbustos até ficarem ao nosso alcance. Depois disso, esperamos o sol surgir."

O clamor da noite na selva aquietou-se com o amanhecer. Um indígena pequeno, de uns cinco anos, acabara de sair para ver os mais velhos trabalharem nas novas cabanas que estavam construindo, quando urna barragem assassina de balas caiu sobre a aldeia, derrubando os homens onde se encontravam. Brancos armados apareceram entre as cabanas, disparando as armas indiscriminadamente, até que só sobraram o garoto e urna jovem índia (para quem ele correra em busca de proteção). A criança horrorizada estava "se esgoelando". Pereira tentou deter Chico quando ele andou na direção da criança, mas Chico lhe deu um safunão. (Pg.22)


Chico varou a cabeça da criança com um tiro. Pereira pediu pela vida da garota, lembrando a Chico que·Brito gostava de prostituir jovens índias e invocando o apetite sexual do próprio grupo. Chico não se sensibilizou. Ele conseguia satisfação sexual através da violência.

"A gente pensou que ele tinha ficado maluco", contou Pereira, e ficamos muito assustados. Ele amarrou a garota índia de cabeça para baixo numa árvore, as pernas separadas, e a rasgou ao meio com o facão. Quase com um único golpe, eu diria. A aldeia parecia um matadouro.

Ele se acalmou depois de cortar a mulher e nos disse para queimar as cabanas e jogar os corpos no rio. Depois disso, pegamos nossas coisas e retomamos o caminho de volta. Fomos em frente até o cair da noite, tomando cuidado para esconder nossas pegadas. ( ... ) Levamos seis semanas para encontrar os cintas-largas e uma semana para voltar.

Quando chegaram em Aripuanã, urna Dodge City tropical, traziam amostras de minério encontradas na área para entregar a Brito e "agradar à companhia". O padre Smith se conteve. Usando todos os poderes de absolvição ao seu alcance, ele convenceu Pereira a repetjr a história diante de um gravador: "Gostaria de dizer agora que nada tenho pessoalmente contra os índios", alegou Pereira. Mas as terras indígenas eram ricas em ouro, diamantes e minerais raros. "O fato é que os índios estavam sentados sobre terras valiosas e nada faziam com elas. Eles têm urna maneira de achar a melhor terra para plantações e há também todos aqueles minerais valiosos por perto também. Eles têm de ser convencidos a partir e, setudo mais fracassa, então resta a força.,, 1

O padre Smith entregou a fita às autoridades locais, exigindo urna investigação, mas durante anos o massacre dos cintas-largas em 1963 foi abafado. Três promotores se retiraram do caso, alegando conflito de interesses. interesses. Somente em 1968, quando um clamor no Congresso sobre as vendas crescentes de terras da Amazônia para empresas estrangeiras estimulou revelações do ministro do Interior sobre o genocídio generalizado de índios, foi que o procurador-geral pressionou por um julgamento. O massacre dos cintas-largas não foi um caso isolado.

Mais de 62 milhões de dólares em propriedades indígenas tinham sido roubados na década anterior e pelo menos mil crimes -variando de malversação a assassinato  foram colocados na soleira da porta da elogiada autarquia indígena governamental, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Uma comissão especial passara 58 dias viajando dezesseis quilômetros para fazer um levantamento das tribos indígenas, visitando mais de 130 postos. Pg.23


As evidências de genocídio eram esmagadoras. Vinte volumes de provas foram coletados, documentando a destruição de tribos inteiras. Ataques de estranhos usando de tudo, desde comida envenenada a roupas infectadas com varíola, resultaram na morte de dezenas de milhares de índios. Os antropólogos estimam que a população indígena do Brasil variava de pouco menos de cem mil a um máximo de duzentos mil em 1957 .

2 Em 1968, as estimativas tinham sido reduzidas em 50% 3: de alguma coisa em torno de quarenta a cem mil homens, mulheres e crianças haviam sido mortos. Os índios ao norte do rio Amazonas tinham sofrido especialmente após 1964, quando um golpe milita derubou o governo eleito. Oficiais nacionalistas do Exército, liderados pelo general Albuquerque Lima, ministro do Interior, queriam que o holocausto parasse  junto com a ocupação da Amazônia por empresas estrangeiras que, alegavam, tinham atiçado as chamas. Àquela altura, a maior parte das testemunhas do massacre dos cintas-largas já desaparecera ou morrera. Os arquivos do SPI foram destruídos num incêndio misterioso. Finalmente, canhões e tanques intervieram. O endurecimento do regime, com a edição de medidas que davam poderes extraordinários ao executivo, levou à deposição do procurador-geral nacionalista e do ministro do Interior. Nenhum dos 134 funcionários do SPI acusados de crimes jamais iria a julgamento.

A acusação do procurador-geral de que o SPI se corrompera por estar privado de recursos governamentais e o "impacto desastroso da atividade dos missionários" permaneceram oficialmente ignorados. Da mesma maneira ignorou-se a denúncia do Jornal, do Brasil em 1968 de que "na realidade, aqueles no comando destes postos de proteção aos índios são missionários norte-americanos  eles estão em todos os postos - que desfiguram a cultura indígena original e forçam a aceitação do protestantismo" .

4 Mas funcionários da organização missionária fundamentalista americana que trabalhavam com o SPI junto às tribos - O Instituto Summer de Lingüística (SIL), conhecido nos Estados Unidos por sua alcunha menos científica, os Tradutores da Bíblia Wycliffe - negaram a ocorrência de qualquer genocídio. O diretor da sede brasileira do SIL descartou todas as informações sobre genocídio/ e o fundador do SIL, William Cameron Townsend, negou conhecimento dos massacres.6 Pg.24


O caso dos cintas-largas - e os próprios índios - parecia condenado ao esquecimento até que o jornal The Sunday Times, de Londres, ressuscitou em 1969 a acusação de genocídio. Norman Lewis mais uma vez levantou o espectro de empresas estrangeiras mudando-se para a Amazônia brasileira. Ele informou que "depósitos de metais raros estavam sendo encontrados na área [ dos cintas-largas].

Que tipo de metais, não ficou bem claro. Uma espécie de blecaute de segurança foi imposta, apenas esporadicamente rompida por vagos relatos das atividades de empresas americanas e européias e o contrabando para os EUA dos metais raros não identificados" .7 Pouco mais de um ano depois, a Academia Internacional de Polícia, uma escola em Washington patrocinada pela Agência para o Desenvolvimento Internacional (AID) mas, na verdade, dirigida pela CIA,1  informaria que uma nova Guarda Indígena estava sendo treinada no Brasil. 9 A Guarda, nos moldes da Polícia Tribal do Departamento de Assuntos Índios (BIA) dos EUA, foi colocada sob a autoridade do substituto que o regime arranjou às pressas para o SPI,  a Fundação Nacional do Índio (Funai). A Funai, por sua vez, foi colocada sob o comando do ex-chefe do serviço militar de informações. Seriam necessários mais dois anos para que um agente graduado da Funai revelasse que a Guarda Indígena estava arrebanhando índios para serem "reeducados" num campo de concentração em Crenaque, no estado de Minas Gerais.10  "Estou cansado de ser um coveiro dos índios", declarou o agente ao pedir demissão da Funai. "Não pretendo contribuir para o enriquecimento de grupos econômicos ao custo da extinção de culturas primitivas." 11 Na época, a Funai já adotara a política do BIA de arrendar terras indígenas para empresas mineradoras, enquanto os superiores militares do Ministério do Interior cooperavam com a agência americana Pesquisa Geológica num levantamento aéreo da Amazônia patrocinado pelo BIA. 12 Entre as empresas americanas que receberiam permissão para entrar na reserva dos cintas-largas para explorar a cassiterita, componente vital da produção de estanho, estava uma firma parcialmente controlada por um amigo de Nelson Rockefeller.  

De 1969 até meados da década de 1970 na Ditadura Militar, a Fundação Nacional do Índio (Funai)  manteve silenciosamente em Minas Gerais dois centros para a detenção de índios considerados “infratores”.https://www.youtube.com/watch?v=FwSoU3r1O-Q&t=4s  [5]


Em junho de 1969, um enorme jato prateado com as palavras "The United States of America" desceu na direção do aeroporto de Brasília, a futurística capital do país no Planalto Central. Enquanto a sombra do avião passava sobre os prédios brilhantes de aço e vidro que simbolizavam o compromisso do Brasil de conquistar seu interior selvagem, milhares de soldados cercavam o ultramoderno aeroporto e alinhavam-se nas ruas. O Air Force Two pousou com um guincho e rolou na direção de uma multidão de dignitários que aguardavam perto do terminal. Uma porta se abriu e um homem desceu a rampa com sua conhecida mandíbula quadrada aninhando um amplo sorriso. 

Nelson Rockefeller chegara. Pg.25 


Para a maior parte da equipe da embaixada americana, Rockefeller era apenas mais um político poderoso que por um acaso era muito rico. Ele era o governador republicano de Nova York que por duas vezes tentara inutilmente ser o candidato presidencial de seu partido. Segundo a opinião geral, ele ainda não estava liquidado. A presença dele numa missão exploratória presidencial deixava pouca dúvida sobre suas ambições políticas.

Mas, para muitos dignitários brasileiros presentes, Nelson Rockefeller era muito mais do que um político rico. Ele era, até certo ponto, uma personificação de suas mais caras esperanças num mundo conturbado. Talvez mais importante, era também um símbolo vivo do passado, trinta anos antes, quando o conheciam simplesmente como o Coordenador.

Estes brasileiros sabiam de um outro Rockefeller, muito menos público: o Rockefeller Latino-Americano. Durante a Segunda Guerra Mundial, como coordenador de Assuntos lnteramericanos dos EUA, de promoveu no hemisfério uma implacável guerra econômica e psicológica contra trabalhadores indígenas grevistas e simpatizantes nazistas. Depois, como secretário de Estado assistente para a América Latina no governo Franklin Roosevelt, lançou a Guerra Fria antes mesmo que fosse declarada, fundindo uma unidade hemisférica contra os soviéticos na Conferência Pari-americana de 1945 e na conferência que fundou as Nações Unidas no mesmo ano. Seu sucesso em lançar as fundações legais de um pacto militar regional pavimentou o caminho para a Organização dos Estados Americanos (OEA), para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e para a Organização do Tratado do Sudeste Asiático SEATO que se tomou a raison d'être para a guerra do Vietnã. Ali estava um aliado confiável contra o comunismo, fosse interno ou externo.

Era também um valioso aliado econômico. Seu conceito pessoal de missão, fruto das tradições religiosas e da inabalável crença calvinista de sua família na capacidade de promoção do capitalismo, tinha sido amenizado por um respeito pela cultura latino-americana raro entre americanos. Seu entusiasmo quase evangélico pelo desenvolvimento do capitalismo no Terceiro Mundo tinha sido vital no lançamento dos programas americanos de ajuda externa, especialmente o programa Ponto IV de Harry Truman. Sob Dwight Eisenhower, ele levou seu compromisso ao extremo, como elemento pessoal de ligação do presidente com a CIA e assistente especial para estratégia de Guerra Fria e guerra psicológica. Antigo confidente do presidente e de lideranças empresariais em toda a América Latina, Rockefeller era um  parceiro confiável e proprietário discreto de vastas fazendas, bancos gigantescos, minas e até, através da IBEC, uma das corporações mais diversificadas do hemisfério, de supermercados. Herdeiro de propriedades petrolíferas nas Américas do Sul e Central, ele também era irmão de David Rockefeller, presidente de uma das principais fontes de capital para a região, o Chase Manhattan Bank. Pg.26


Nelson Rockefeller era, em resumo, o emissário perfeito de Richard Nixon aos círculos mais poderosos do Hemisfério Sul-americano. Um entusiasta vigoroso escolado nas sutilezas das altas finanças e da ajuda externa, impregnado da rica vida cultural e política da América Latina e conhecedor das mais secretas operações de informação dos EUA na região um insider entre insiders na Junta de Assessoramento de Informação no Exterior. Todo este poder, por sua vez, provinha da riqueza criada pela Standard Oil, a empresa que seu legendário avô tinha fundado e conduzido para uma definitiva hegemonia sobre o comércio de petróleo da América Latina.

Nelson devia ao avô sua presença no Brasil naquele dia, John D. Rockefeller, pai, era a fonte de seu poder e a inspiração de sua vida. Estrategicamente colocado como um robber baron • medieval na encruzilhada de um mundo que se industrializava, o velho Rockefeller extraíra um tesouro pessoal maior do que qualquer coisa já vista no mundo e - em termos relativos  jamais se veria ou permitiria  novamente. Desta vontade de ferro forjara-se um império, estendendo- se ao longo de trilhos de trem através da América e depois para as nascentes petrolíferas da América Latina e os mercados do mundo. O petróleo trouxera Nelson Rockefeller ao Brasil décadas antes e o país sempre foi um de seus favoritos. Seu vasto interior amazônico guardava o sonho brilhante de uma nova fronteira para o Ocidente, assim como o Oeste americano capturara a imaginação da geração de seu avô. O desafio do Oeste, simbolizado pelos índios e as terras virgens que defendiam, tinha sido enfrentado não apenas por tropas e estradas de ferro; os missionários religiosos financiados pelo avô e os missionários seculares enviados pela grande Fundação do avô tinham desempenhado papéis vitais. Agora o zelo missionário impulsionava a arrancada de Nelson Amazônia adentro. E por este zelo, Nelson tinha uma grande dívida com suas lembranças de infância do mundo de seus pais. Pg.27


NOTAS:

1.  https://mudancaedivergencia.blogspot.com/2020/11/rio-aripuana-no-mato-grosso-998-km-de.html

2.https://drive.google.com/file/d/16DppK0hO3jL74ZpGkXY6gP_rVJl9VPYM/view?fbclid=IwAR0uZJ97Y7GOJyqciI61qyYOKN4Fh9MPBJ03o0K7xr6lWMNoiv8EqRzQoSQ

3. http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/ro-a-terrivel-historia-dos-cinta-larga/

4. https://www.ufrgs.br/museumin/MINDiamantes_Brasil.htm

5. https://reporterbrasil.org.br/2014/04/ditadura-criou-campos-de-concentracao-indigenas/

6. Créditos: Rogerio Brito


quarta-feira, 9 de março de 2011

Nióbio o Brasil deixa que o preço do minério seja ditado pelos estrangeiros que o compram como acontecia no Ciclo da Borracha

Floresta Nacional de Jamari-Rondônia (Ibama)

O interesse das potências estrangeiras pelas riquezas naturais brasileiras é antigo. Os brasileiros prestaram mais atenção ao nióbio em 2010, quando o site  Wikileaks disse que o governo americano incluiu as minas de nióbio de Araxá (MG) e Catalão (GO) no mapa de áreas estratégicas para os EUA. O mapa certamente inclui agora as grandes jazidas dos Estados do Amazonas e Roraima e o pouco conhecido potencial de Rondônia.

Bem que o governador de Rondônia, o médico Confúcio Moura, ficou meditando sobre o interesse da China por este Estado da Amazônia. As primeiras delegações estrangeiras que ele recebeu na Capital, Porto Velho, após tomar posse como novo governador foram de chineses.  Primeiro veio um grupo de empresários , logo seguidos pela visita do próprio embaixador da China no Brasil,  Qiuiu Xiaoqi e da embaixatriz Liu Min.

Os chineses não definiram, nas palavras do governador, o que lhes interessa em Rondônia. Mas, é possível que a palavra “nióbio” tenha sido pronunciada durante as conversações.

Confúcio Moura comentaria após as visitas partirem que “algo de sintomático paira no ar” e fez uma visita à Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais em Rondônia (CPRM) para saber  de suas  atividades no Estado.

Oficialmente, o governador nunca se referiu ao nióbio como um dos temas das conversas com os chineses. Mas, o súbito interesse do médico governador por geologia gerou comentários.

Seria ingenuidade descartar o nióbio dos motivos que levariam os chineses a viajar do outro lado do planeta para Rondônia. Este é um dos Estados da Amazônia que tem esse minério estratégico de largo uso em engenharia civil e militar de alta tecnologia. A China não tem nióbio e importa do Brasil 100 por cento do que usa.

O problema é que as jazidas atualmente conhecidas em Rondônia estão localizadas na Floresta Nacional (Flona) do Jamari, por onde o governo petista de Lula começou a “vender”  a Amazônia para particulares (são concessões com prazo de 60 anos.)

O então  presidente dos Estados Unidos, George Bush, fez uma visita ao Brasil e abraçou  o presidente Lula quando o Brasil decidiu leiloar a Amazônia.

Os particulares vencedores do leilão da floresta, historicamente, acabam  se consorciando a estrangeiros, e riquezas da bio e geodiversidades de Rondônia poderão continuar a migrar para o Exterior, restando migalhas para o povo rondoniense.

O nióbio, hoje, representa o que foi a borracha há um século para o desenvolvimento industrial das  potências mundiais da época. O Brasil, que tem o monopólio mundial da produção desse minério estratégico e vive um Ciclo do Nióbio, está, no entanto, repetindo erros ocorridos durante o Ciclo da Borracha na Amazônia entre os séculos 19 e 20.

O nióbio (Nb) é elemento metálico de mais baixa concentração na crosta terrestre, pois aparece apenas na proporção de 24 partes por milhão.

Em países desenvolvidos, são usados de oitenta gramas a cem gramas de nióbio por tonelada de aço. “Isso deixa o carro mais leve e econômico”. Na China, são usadas apenas 25 gramas em média de nióbio por tonelada.

Analistas dizem que no mercado asiático estão as chances de expansão das exportações – e utilização do minério. O Japão também importa 100 por cento do nióbio do Brasil. No Ocidente, os Estados Unidos importam 80 por cento e a Comunidade Econômica Européia, 100.

O diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Ribeiro Tunes, citado por Danielle Nogueira, disse  que “boa parte do potencial de expansão de nossas exportações de nióbio está na China.”

“Em 2010, a receita com vendas externas de nióbio foi de US$ 1,5 bilhão. Foi o terceiro item da pauta de exportações minerais, atrás de minério de ferro e ouro. As duas empresas que atuam no setor no Brasil são a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, do grupo Moreira Sales e dona da mina de Araxá (MG), e a Anglo American, proprietária da mina de Catalão (GO.)”

É provável, portanto, que o principal interesse dos chineses por Rondônia seja exatamente o nióbio escondido no sub solo do Estado, em números ainda não bem conhecidos, especialmente em terras que podem ser compradas ainda que indiretamente por estrangeiros.

Até o momento, segundo o Mapa Geológico de Rondônia feito pelo CPRM, foram descobertas jazidas desse minério na região da Floresta Nacional (Flona) do Jamari.

A área tem mais de 220 mil hectares de extensão, localizada a 110 km de Porto Velho, atinge os municípios de Itapuã do Oeste, Cujubim e Candeias do Jamari. Além da enorme quantidade de madeira e água, o subsolo da floresta a ser leiloada é rico, além de nióbio, de estanho, ouro, topázio e outros minerais.

As jazidas de Araxá (MG) e Catalão (GO) eram consideradas as maiores do mundo até  serem descobertas as da Amazônia.

As jazidas de Rondônia são as menores da Amazônia,  mas há ainda muito a ser investigado. Na região do Morro dos Seis Lagos, município de São Gabriel da Cachoeira (AM), encontrou-se o maior depósito de nióbio do mundo, que suplanta em quantidade de minério, as jazidas de Araxá (MG) e Catalão (GO), antes detentoras de 86% das reservas mundiais.

Por que os chineses desembarcaram em Rondônia – se um de seus supostos interesses, o mais óbvio, seriam negócios com nióbio, embora existam poucas jazidas aqui? Porque o minério estratégico está na Floresta Nacional do Jamari, que o governo petista de Lula escolheu, em 2006, através da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.para iniciar a privatização da floresta.

Não seria surpresa se os chineses resolvessem, de alguma forma, em participar do leilão da Flona do Jamari. Em outras áreas, como em Roraima, onde se supõe existir uma reserva de nióbio maior do que todas as conhecidas no país, é mais difícil extrair o minério porque ele está, em princípio, preservado e inalienável por pertencer ao território indígena da Raposa do Sol. A venda de florestas em Rondônia abre caminho para a exploração de sua biogeodiversidade por estrangeiros.

O plano do governo federal é dividir a Flona do Jamari em três grandes áreas (17 mil, 33 mil e 46 mil hectares) e usá-la como modelo, concedendo o direito de exploração à grandes empresas com o discurso de que preservariam melhor o meio ambiente.

Das oito empresas que se inscreveram para entrar na disputa, não há nenhuma das pequenas e médias madeireiras que já atuam na região há vários anos.

A privatização da floresta tem sofrido embargos judiciais. E o senador Pedro Simon (PMDB/RS) declarou na época que a proposta que trata a concessão de florestas públicas, transformada na Lei 11.284 em março de 2006, "foi no mínimo, uma das mais discutíveis que já transitaram no Congresso Nacional, além de ter sido aprovada sem o necessário aprofundamento do debate."

Frequentemente a CPRM e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) são acusados de sub avaliar o tamanho das jazidas, das reservas.

Ainda assim, considerando-se válidas as estimativas da CPRM, o Brasil seria o dono de um superdepósito de nióbio, com 2,9 bilhões de toneladas de minérios, a 2,81% de óxido de nióbio, o que representaria 81,4 milhões de toneladas de óxido de nióbio contido, nada menos do que 14 vezes as atuais reservas existentes no planeta Terra, incluindo aquelas já conhecidas no subsolo do país.

Os minérios de nióbio acumulados no "Carbonatito dos Seis Lagos" (AM), somados às reservas medidas e indicadas de Goiás, Minas Gerais e do próprio estado do Amazonas, passariam a representar 99,4% das reservas mundiais.

O nióbio, portanto, é um minério essencialmente nacional, essencialmente brasileiro, mas  quem fixa os preços é a "London Metal Exchange - LME", de Londres.

O contra-almirante reformado Roberto Gama e Silva, sugeriu, na condição de presidente do Partido Nacionalista Democrático (PND), a criação pelo governo do Brasil da Organização dos Produtores e Exportadores de Nióbio (OPEN), nos moldes da Organização dos Produtores de Petróleo (OPEP), a fim de retirar da "London Metal Exchange (LME) o poder de determinar os preços de comercialização de todos os produtos que contenham o nióbio.

A LME fixa, para exportação, preços mais baixos do que os cobrados nas jazidas.

“Evidente que as posições do Brasil, no novo organismo, seriam preenchidas com agentes governamentais que, não só batalhariam para elevar os preços dos produtos que contém o nióbio, mas, ainda, fixariam as quotas desses materiais destinadas à exportação” – diz Silva.

De qualquer forma, em 2010, a receita com vendas externas de nióbio foi de US$ 1,5 bilhão. Foi o terceiro item da pauta de exportações minerais, atrás de minério de ferro e ouro.

Num encontro com jornalistas, realizado em 7 de fevereiro/11, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que um novo marco regulatório da mineração no Brasil será encaminhado ao Congresso ainda no primeiro semestre deste ano.

Lobão disse que serão encaminhados três projetos independentes: um que trata das regras de exploração do minério, outro que cria a agência reguladora do setor e um terceiro que trata exclusivamente dos royalties.

Segundo Lobão, o Brasil tem hoje um dos menores royalties do mundo. “Nós cobramos no Brasil talvez o royalty mais baixo do mundo. A Austrália e países da África chegam a cobrar 10% e o Brasil apenas 2% ".  
Matéria produzida por Nelson townes e publicada no portal www.noticiaro.com. (Postado em Porto Velho, Rondônia,  em 6/3/2011, domingo, às 18h06 GMT -4)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Rondônia o Nióbio escondido na floresta "doado" pelo Estado, o mineral mais estratégico e raro no mundo.

Vista do alto da Serra dos Pacaás Novos, em Rondônia | Sergio Marques de Souza/Prefeitura de Campo Novo de Rondônia


Vista aérea da floresta Nacional (Flona) do Jamari em Rondônia - Foto Wigold Schaffer
Com o início da Era Espacial, aumentou muito o interesse pelo nióbio brasileiro, o mais leve dos metaisa refratários. Ligas de nióbio, como Nb-Ti, Nb-Zr, Nb-Ta-Zr, foram desenvolvidas para utilização nas indústrias espacial e nuclear.

As jazidas atualmente conhecidas em Rondônia estão localizadas na Floresta Nacional (Flona) do Jamari.
  • Adendo 2022. No Amazônas desde a visita do ex-presidente Roosevelt em 1914 junto com marechal Rondon, o presidente yanque com o militar brasileiro e entreguista, camuflaram entre MS e Rondônia, imensa área de terras, de floresta, até então desconhecida, como  'VASIO GEOGRÁFICO!" Somente agora 2022, com os militares de Cá junto com os militares de Lá, e dentro da Amazônia Legal, "DESCOBRIRAM TAIS TERRAS" e as estão demarcando como pertencentes a Rondônia. Pergunto: a Amazônia Legal, os militares estão querendo fazê-la pertencer a quem? Em 2010, o site  Wikileaks disse que o governo americano incluiu as minas de nióbio de Araxá (MG) e Catalão (GO) no mapa de áreas estratégicas para os EUA. O mapa certamente inclui agora as grandes jazidas dos Estados do Amazonas e Roraima e o pouco conhecido potencial de Rondônia.
Retorno: O ABSURDO É QUE ESTÃO UTILIZANDO BILHÕES DE VERBAS DO BNDES PARA A EXTRAÇÃO DO VALIOSO MINÉRIO NIÓBIO QUE O BRASIL DETÉM 98% DE SEU ESTOQUE. O QUE DEVERIA ESTAR ACONTECENDO  É O INVERSO.  OS EXTRATORES É QUE DEVERIAM PAGAR PARA O BRASIL E NÃO O BRASIL DOAR O MINÉRIO E AINDA PAGAR A ELES PARA EXTRAIR. É O IMPATRIOTISMO E NÃO NACIONALISMO DOS DIRIGENTES BRASILEIROS QUE NÃO DESTINA OS BENS DO BRASIL PARA O BRASIL PROGREDIR COMO NAÇÃO SOBERANA. E COMO OS LOBISTAS INTERAGEM NOS TRÊS PODERES DA REPÚBLICA, ACONTECE O DESCAMINHO SEM PUNIÇÃO. E QUEM PERDE É O BRASIL. 

O nióbio, hoje, representa o que foi a borracha há um século para o desenvolvimento industrial das  potências mundiais da época. O Brasil, que tem o monopólio mundial da produção desse minério estratégico e vive um Ciclo do Nióbio, está, no entanto, repetindo erros ocorridos durante o Ciclo da Borracha na Amazônia entre os séculos 19 e 20. ASSIM, o então  presidente dos Estados Unidos, o lúcifer George Bush, visitou o Brasil.


Embora seja o maior produtor do mundo, o Brasil deixa que o preço do minério seja ditado pelos estrangeiros que o compram (como acontecia no Ciclo da Borracha.)

O nióbio (Nb) é elemento metálico de mais baixa concentração na crosta terrestre, pois aparece apenas na proporção de 24 partes por milhão.

Quase anônimo, entrou na lista dos "novos metais nobres" por suas multiplicas utilidades nas recentes “tecnologias de ponta”. Praticamente só existe no Brasil (que tem entre 96 a 97 por cento das jazidas.

O nióbio é usado principalmente para a fabricação de ligas ferro-nióbio, de elevados índices de elasticidade e alta resistência a choques, usadas na construção pontes, dutos, locomotivas, turbinas para aviões etc.

Por ter propriedades refratárias e resistir à corrosão, o nióbio é também usado para a fabricação de superligas, à base de níquel (Ni ) e, ou de cobalto (Co), para a indústria aeroespacial (turbinas a gás, canalizações etc.), e construção de reatores nucleares e respectivos aparelhos de troca de calor.

Na década de 1950, com o início da corrida espacial, aumentou muito o interesse pelo nióbio, o mais leve dos metaisa refratários. Ligas de nióbio, como Nb-Ti, Nb-Zr, Nb-Ta-Zr, foram desenvolvidas para utilização nas indústrias espacial e nuclear, e também para fins relacionados à supercondutividade. Os tomógrafos de ressonância magnética para diagnóstico por imagem, utilizam magnetos supercondutores feitos com a liga NbTi.

Com o nióbio são feitas desde ligas supracondutoras de eletricidade a lentes óticas.  Tudo o que os chineses  estão fazendo, desenvolvendo-se como potência tecnológica, industrial e econômica.

“O nióbio otimiza o uso do aço na indústria de aviação, petrolífera e automobilística”, explica a jornalista Danielle Nogueira, em artigo no site Infoglobo.

Em países desenvolvidos, são usados de oitenta gramas a cem gramas de nióbio por tonelada de aço. “Isso deixa o carro mais leve e econômico”. Na China, são usadas apenas 25 gramas em média de nióbio por tonelada.

Analistas dizem que no mercado asiático estão as chances de expansão das exportações – e utilização do minério. O Japão também importa 100 por cento do nióbio do Brasil. No Ocidente, os Estados Unidos importam 80 por cento e a Comunidade Econômica Européia, 100.

O diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Ribeiro Tunes, citado por Danielle Nogueira, disse  que “boa parte do potencial de expansão de nossas exportações de nióbio está na China.”

“Em 2010, a receita com vendas externas de nióbio foi de US$ 1,5 bilhão. Foi o terceiro item da pauta de exportações minerais, atrás de minério de ferro e ouro. As duas empresas que atuam no setor no Brasil são a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, do grupo Moreira Sales e dona da mina de Araxá (MG), e a Anglo American, proprietária da mina de Catalão (GO.)”

É provável, portanto, que o principal interesse dos chineses por Rondônia seja exatamente o nióbio escondido no sub solo do Estado, em números ainda não bem conhecidos, especialmente em terras que podem ser compradas ainda que indiretamente por estrangeiros.

Até o momento, segundo o Mapa Geológico de Rondônia feito pelo CPRM, foram descobertas jazidas desse minério na região da Floresta Nacional (Flona) do Jamari.

A área tem mais de 220 mil hectares de extensão, localizada a 110 km de Porto Velho, atinge os municípios de Itapuã do Oeste, Cujubim e Candeias do Jamari. Além da enorme quantidade de madeira e água, o subsolo da floresta a ser leiloada é rico, além de nióbio, de estanho, ouro, topázio e outros minerais.

As jazidas de Araxá (MG) e Catalão (GO) eram consideradas as maiores do mundo até  serem descobertas as da Amazônia.

As jazidas de Rondônia são as menores da Amazônia,  mas há ainda muito a ser investigado. Na região do Morro dos Seis Lagos, município de São Gabriel da Cachoeira (AM), encontrou-se o maior depósito de nióbio do mundo, que suplanta em quantidade de minério, as jazidas de Araxá (MG) e Catalão (GO), antes detentoras de 86% das reservas mundiais.

Por que os chineses desembarcaram em Rondônia – se um de seus supostos interesses, o mais óbvio, seriam negócios com nióbio, embora existam poucas jazidas aqui? Os EUA vai deixar? visto que os governantes brasileiros apenas dizem SIM!

Não seria surpresa se os chineses se os EUA deixar, resolvessem, de alguma forma, em participar do leilão da Flona do Jamari. Em outras áreas, como em Roraima, onde se supõe existir uma reserva de nióbio maior do que todas as conhecidas no país, é mais difícil extrair o minério porque ele está, em princípio, preservado e inalienável por pertencer ao território indígena da Raposa do Sol. A venda de florestas em Rondônia abre caminho para a exploração de sua biogeodiversidade por estrangeiros.

O plano do governo federal é dividir a Flona do Jamari em três grandes áreas (17 mil, 33 mil e 46 mil hectares) e usá-la como modelo, concedendo o direito de exploração à grandes empresas com o discurso de que preservariam melhor o meio ambiente.

Das oito empresas que se inscreveram para entrar na disputa, não há nenhuma das pequenas e médias madeireiras que já atuam na região há vários anos.

A privatização da floresta tem sofrido embargos judiciais. E o senador Pedro Simon (PMDB/RS) declarou na época que a proposta que trata a concessão de florestas públicas, transformada na Lei 11.284 em março de 2006, "foi no mínimo, uma das mais discutíveis que já transitaram no Congresso Nacional, além de ter sido aprovada sem o necessário aprofundamento do debate."

O interesse das potências estrangeiras pelas riquezas naturais brasileiras é antigo. 

Frequentemente a CPRM e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) são acusados de sub avaliar o tamanho das jazidas, das reservas.

Ainda assim, considerando-se válidas as estimativas da CPRM, o Brasil seria o dono de um superdepósito de nióbio, com 2,9 bilhões de toneladas de minérios, a 2,81% de óxido de nióbio, o que representaria 81,4 milhões de toneladas de óxido de nióbio contido, nada menos do que 14 vezes as atuais reservas existentes no planeta Terra, incluindo aquelas já conhecidas no subsolo do país.

Os minérios de nióbio acumulados no "Carbonatito dos Seis Lagos" (AM), somados às reservas medidas e indicadas de Goiás, Minas Gerais e do próprio estado do Amazonas, passariam a representar 99,4% das reservas mundiais.

O nióbio, portanto, é um minério essencialmente nacional, essencialmente brasileiro, mas  quem fixa os preços é a "London Metal Exchange - LME", de Londres.

O contra-almirante reformado Roberto Gama e Silva, sugeriu, na condição de presidente do Partido Nacionalista Democrático (PND), a criação pelo governo do Brasil da Organização dos Produtores e Exportadores de Nióbio (OPEN), nos moldes da Organização dos Produtores de Petróleo (OPEP), a fim de retirar da "London Metal Exchange (LME) o poder de determinar os preços de comercialização de todos os produtos que contenham o nióbio.

A LME fixa, para exportação, preços mais baixos do que os cobrados nas jazidas.

“Evidente que as posições do Brasil, no novo organismo, seriam preenchidas com agentes governamentais que, não só batalhariam para elevar os preços dos produtos que contém o nióbio, mas, ainda, fixariam as quotas desses materiais destinadas à exportação” – diz Silva.

De qualquer forma, em 2010, a receita com vendas externas de nióbio foi de US$ 1,5 bilhão. Foi o terceiro item da pauta de exportações minerais, atrás de minério de ferro e ouro.

Edison Lobão ministro de minas e energia prometeu em 2011, em 2015  ele não cumpriu o que prometeu!! (adendo 2015).  Num encontro com jornalistas, realizado em 7 de fevereiro, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que um novo marco regulatório da mineração no Brasil será encaminhado ao Congresso ainda no primeiro semestre deste ano.

Lobão disse que serão encaminhados três projetos independentes: um que trata das regras de exploração do minério, outro que cria a agência reguladora do setor e um terceiro que trata exclusivamente dos royalties.

Segundo Lobão, o Brasil tem hoje um dos menores royalties do mundo. “Nós cobramos no Brasil talvez o royalty mais baixo do mundo. A Austrália e países da África chegam a cobrar 10% e o Brasil apenas 2% ".

Resultado de imagem para ROBERTO GAMA e SILVA Contra-Almirante Reformado

Notas:

Selecione a cidade para exibir a lista de Extração de minérios de nióbio e titânio: http://empresasdobrasil.com/empresas/ro/extracao-de-minerios-de-niobio-e-titanio

Matéria produzida por Nelson townes e publicada no portal www.noticiaro.com. 
(Postado em Porto Velho, Rondônia,  em 6/3/2011, domingo, às 18h06 GMT -4)
Nelson Townes, via Notícia RO e lido no Portal dos Estudos Estratégicos

Se o site não abrir é porque foi censurado pelo governo!

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