domingo, 17 de janeiro de 2016

Holocausto silencioso da mineração usando o fraturamento hidráulico e russo chegou, adeus Tapajós, adeus Alter do Chão,....

A morte anunciada chegou: Contaminação dos Rios e Aquíferos do alto e baixo Amazônas, para extração do gás,  utilizando o fraturamento hidráulico.

Pobre Tapajós, foste condenado à morte

Resultado de imagem para fraturamento hidráulico no Solimões

Mineração e fraturamento está matando outro grande rio no Pará. Quem se importa com a Amazônia brasileira? Quem se importa com os Aquíferos brasileiros? Quem se importa com o povo brasileiro?

Por Manoel Dutra em seu blog, sob o título "A morte anunciada chegou: Adeus Tapajós, adeus encontro das águas, adeus praias, adeus Alter do Chão..." 

De nada adiantou mostrar, pedir, denunciar, publicar carta aberta ao governador do Estado, fazer abaixo-assinado, solicitar a interferência do vice-governador que nasceu às margens do Tapajós, prefeitos, vereadores, deputados. Até mesmo parte da sociedade da região Oeste do Pará parece ter imaginado que isso nunca aconteceria, aliás, que isso nunca se repetiria, como se verificou há quase três décadas: a contaminação de mais de 700 quilômetros de extensão do Rio Tapajós e de seus principais afluentes chegou à sua foz, diante de Santarém.
Imagem relacionada
ANP permitirá fraturamento hidráulico em rodada de licitações, sem regulamentação ambiental
Resultado de imagem para fraturamento hidráulico no Solimões
ATENÇÃO! ACONTECERÁ SISMOS IMPORTANTES NA REGIÃO AMAZÔNICA DEVIDO A ESSES CRIMES PRATICADOS  CONTRA AS LEIS DA NATUREZA. companhia russa Rosneft deu início a seus projetos de exploração na Bacia do Solimões. A  firmou compromisso com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para perfurar ao menos sete novos poços na região até 2019, com foco na avaliação das descobertas de gás natural, SEM REGULAMENTAÇÃO AMBIENTAL! e já lançou concorrência para contratar o primeiro levantamento sísmico desde que adquiriu a área da PetroRio, RECENTEMENTE.  Enfrentam dificuldades de monetização devido aos desafios para o aproveitamento e transporte do gás extraído. A AMAZÔNIA ESTÁ SENDO UTILIZADA PARA TRANSPORTE SUBTERRÂNEO DO GÁS  PARA ABASTECER A EURÁSIA E EUROPA.
Trabalhadores apresentaram denúncia ao Ministério Público do Trabalho sobre abandono por empresa e de explosivos em Tefé (Foto: Divulgação)Explosivos são inseridos no solo e detonação serve para avaliar potencial de jazidas de gás e petróleo (Foto: Divulgação)
(adendo: Trabalhadores dizem que petrolífera russa deixou 3 mil explosivos no solo da Amazônia. 
A Geokinetics decretou falência nos Estados Unidos. Ela havia sido contratada pela empresa russa chamada Rosneft.
13 de julho de 2018
Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Um grupo de trabalhadores da empresa norte-americana Geokinetics, responsável pelo serviço geofísico em um campo de extração de petróleo e gás no município de Tefé (a 522,027 quilômetros de Manaus), apresentou denúncia de abandono pela companhia no MPT-AM (Ministério Público do Trabalho no Amazonas) na manhã desta sexta-feira, 13. Conforme os trabalhadores, a Geokinetics, que decretou falência, abandonou mais de 1 mil funcionários, sendo 150 no campo de extração, e deixou mais de 3 mil explosivos no solo, em um campo minado no Rio Tefé.

E agora, como ficará a nascente indústria do turismo que hoje emprega milhares de pessoas ao longo do rio entre Santarém e Itaituba? E a saúde pública, ameaçada pela contaminação dos cardumes por metilmercúrio? E a economia, de modo geral, do Oeste do Estado? E as decantadas belezas daquela região, que atrai os próprios moradores e visitantes de muitas outras partes do Brasil e do exterior?

Talvez ainda agora, hoje, alguém haverá de negar a realidade que está aí diante dos olhos: a poluição por barro, mercúrio, cianeto, sabões, detergentes, graxas e combustíveis tudo isso está agora chegando à frente de Santarém, matando o o encontro das águas e fazendo desaparecer a coloração verde/azulada cuja beleza sempre foi uma das características da foz do Tapajós, onde o grande rio deságua no Amazonas.
Esta era a cor do Tapajós, na sua foz, até novembro passado, na foz, local em que ele deságua no Amazonas, de cor naturalmente amarelada. (Foto: Nil Vieira)
Esta era a cor do Tapajós, na sua foz, até novembro passado, local em que ele deságua no Amazonas, de cor naturalmente amarelada.
(Foto: Nil Vieira)
Hoje de manhã, o engenheiro agrônomo Nilson Vieira, uma voz quase solitária a mostrar a devastação das fontes de vida e beleza do Oeste do Pará, em sua página do Facebook, escreveu o que segue:
"As duas primeiras imagens foram feitas hoje (29/03/15) e mostram o Rio Tapajós com águas sem as cores verde-azuladas que lhe são características. As duas outras foram feitas em um passado bem recente, em agosto e novembro de 2014, apresentando cores bem típicas. Segundo moradores das margens do Tapajós, isso não resulta de um fenômeno natural, sendo consequência da atividade garimpeira no leito do Tapajós e de seus afluentes. Pelo jeito, a mistura de barro, lama e metais pesados chegou à foz do nosso lindo rio azul. E agora, José?"
Na frente de Itaituba, o Tapajós feito lama, em foto do dia 11 de março passado. Na imagem menor, à direita, o rio como ele foi até pouco tempo atrás. (blog José Parente)
Na frente de Itaituba, o Tapajós feito lama, em foto do dia 11 de março passado. Na imagem menor, à direita, o rio como ele foi até pouco tempo atrás. (blog José Parente)
Imagem do Tapajós e do lago de Alter do Chão, de dentro de um avião comercial, em setembro de 2012. À esquerda, a 600 metros de altura, já era possível observar a mudança de cor do Tapajós
A morte anunciada chegou: Adeus Tapajós, adeus encontro das águas ...
Imagem do Tapajós e do lago de Alter do Chão, de dentro de um avião comercial, em setembro de 2012. À esquerda, a 600 metros de altura, já era possível observar a mudança de cor do Tapajós
Alter do Chão, em setembro de 2013. Ainda se via a cor natural do rio. E agora, turismo?
A morte anunciada chegou: Adeus Tapajós, adeus encontro das águas ...
Alter do Chão, em setembro de 2013. Ainda se via a cor natural do rio. E agora, turismo?
Tapajós na frente de Itaituba, em dezembro de 2014. Um mar de lama, sem peixes. Rio morto. (Foto Padre Sidney Canto)
Tapajós na frente de Itaituba, em dezembro de 2014. Um mar de lama, sem peixes. Rio morto. (Foto Padre Sidney Canto)

Adendo 2021: Garimpo em rios de Rondônia é regulamentado por decreto do governador militar Marcos Rocha Texto foi publicado no Diário Oficial desta sexta-feira (29) e já está em vigor. Documento também revoga o decreto n° 5.197, que proibia extração de minério ou garimpagem no Rio Madeira. Por G1 RO29/01/2021. A
 intensa da garimpagem no Rio Madeira, e no Brasil, graças a falta de fiscalização e estímulo dos gestores públicos, a começar pelo Presidente da República, que, lamentavelmente, toma medidas que atendem aos interesses dos garimpeiros. 


 Fonte: blog do jornalista e professor Manuel Dutra
Para completar o Holocausto ocorrido em Mariana, Governador Valadares em Minas Gerais provocado pelas mineradoras Vale do Rio Doce e a BHP Billiton ,  o Brasil ganha outro holocausto criminoso na Amazônia brasileira a do Rio Tapajós. A mineração isenta do ICM pela criminosa Lei Kandir, está acabando com os principais rios do Brasil e o fraturamento pelo gás xisto contaminando os principais aquíferos brasileiros. Os governantes omissos, criminosos omitem, amparados pela ANA – Agência Nacional das Águas. 
http://niobiomineriobrasileiro.blogspot.com/2015/11/holocausto-caboclo-silencioso-lei.html

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Nióbio e terras raras em terras indígenas, pertence ao governo que não quer devolvê-lo!!!





















Mas, infelizmente, Seis Lagos está em terras indígenas e pertence ao Governo Brasileiro que parece não ter nenhum interesse em desenvolvê-lo.

Esse sim nos parece um crime de lesa-pátria, em um país que ainda luta para acabar com a pobreza. Não é dos contrabandistas fantasmas de nióbio que temos que ter medo, mas sim do Governo que se omite e nada faz.

Existe, agora, uma nova chance criada pelo novo Código Mineral, ainda não aprovado, que faz da CPRM a grande pesquisadora nacional. Talvez a CPRM volte ao Projeto Seis Lagos e finalize aquilo que começou, e nunca terminou, há quase 50 anos atrás. É o mínimo que o Governo deve fazer pela sociedade.

Este desinteresse do nosso Governo, junto com o possível tamanho de Seis Lagos nos leva a perguntar sobre os porquês.

Resultado de imagem para ROBERTO GAMA e SILVA Contra-Almirante Reformado

O NIÓBIO E A "OPEN" [1]


Por que o Brasil não desenvolve essa jazida que dizem estar sendo dilapidada por contrabandistas que usam os índios e até a Funai para extrair o nióbio?


A principal aplicação do nióbio é na indústria siderúrgica. Ele é um metal importante, pois os aços com nióbio tem uma maior resistência e tenacidade e melhor soldabilidade. Mas, como veremos a seguir, o metal ainda está longe de ser tudo aquilo que se propaga na internet e que nos faz, muitas vezes, ficar indignados.

Quando falamos de nióbio falamos, obrigatoriamente da brasileira controlada pelo Grupo Moreira Salles, a CBMM.

A  Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, CBMM, é a maior produtora de nióbio do mundo. Ela é, também, a detentora das maiores reservas de pirocloro, o principal mineral de nióbio e extraído em 97% dos jazimentos de nióbio do mundo.



A foto acima mostra a operação a céu aberto da CBMM em Araxá

Minas Gerais, onde é lavrado o pirocloro.

Mas o que a teoria da conspiração mais fala é sobre o Complexo Carbonatítico de Seis Lagos, um gigadepósito de nióbio que, segundo se fala, está enriquecendo compradores fantasmas de todo o mundo enquanto o Brasil patina no seu terceiro-mundismo.

O Carbonatito de Seis Lagos, localizado próximo a São Gabriel da Cachoeira, no meio da floresta amazônica, atiça a curiosidade pública e é o ponto mais controverso do assunto nióbio no Brasil.

Os recursos de Seis Lagos (imagem satélite), empiricamente testados pela CPRM, aparentam ser gigantescos. Um cálculo muito preliminar feito pela CPRM mostra um jazimento de mais de 2 bilhões de toneladas com teores de Nb2O5 acima de 2%. Se esses números forem confirmados a jazida tem condições de mudar o panorama do nióbio inundando o mundo com esse metal. Se esse for o caso o nióbio continuará tão valioso quanto hoje?

O que nós realmente sabemos sobre esse depósito é, ainda, muito pouco.

Foi no final da década de 60, com uso das imagens do RADAMBRASIL, que os geólogos da CPRM fizeram a descoberta de uma estrutura semi-circular com mais de 8.000m de eixo maior, imediatamente apelidada de Seis Lagos.

Nesta época a CPRM ainda fazia pesquisa mineral relevante.

Na fase inicial da pesquisa em Seis Lagos a CPRM plotou 4 furos exploratórios que intersectaram lateritas, gnaisses e carbonatitos. A laterita, que tinha espessura variando entre 9 a 255m, apresentava zonas enriquecidas em nióbio e terras raras. Esta cobertura laterítica, que é o minério de Seis Lagos, foi subsequentemente estudada pela CPRM que fez  apenas quatro novos furos com 60 metros de profundidade cada e cubou uma imensa jazida de nióbio.

A CPRM chegou a conclusão de que Seis Lagos era um depósito de 2,89 bilhões de toneladas com teor médio de 2,81% de Nb2O5. Essa reserva, sozinha,se existente, é muitas vezes maior do que todas as demais reservas de minério de nióbio conhecidas no mundo.

Será que esses números são reais?  Qual a confiabilidade que esses cálculos devem ter?

É muitíssimo improvável que eles se aproximem da realidade, pois são cálculos primários que jamais deveriam ter sido publicados da forma como foram.

Sabemos, através de estudos posteriores, que foram descobertos níveis estéreis, sem nióbio, dentro da laterita. Tratar, portanto, a laterita de Seis Lagos, como uma unidade única e homogênea é uma generalização que leva a erros que irão, provavelmente, inflacionar as reservas.

Mais ainda, cubar um jazimento de grande área, sem mapeamentos geológico e topográficos de ultradetalhe e sondagem em malha de alta densidade, onde ostodos os furos devem atravessar a mineralização é, com certeza, uma imensa inferência que nunca será certificada por nenhum protocolo usado fora do Brasil como o Jorc ou NI-43101.

Em outras palavras, quando se fala em números, Seis Lagos ainda é apenas um sonho que pode se transformar em pesadelo após um trabalho técnico adequado.

Isso sem falar na metalurgia, de que nada sabemos.

Ainda não foram feitas rotas econômicas para a extração do nióbio do rutilo de Seis Lagos. Não sabemos os custos da metalurgia desta jazida, que, com certeza, irão ser um importante componente no fluxo de caixa da mina.

A resposta a essas perguntas está logo ali, com a CPRM e com o MME. O Governo, que é o dono atual da jazida, deve à sociedade brasileira um trabalho de qualidade, que possa ser aceito pelo país, pelo mercado e pelos profissionais e empresas da área.

Enquanto isso não for feito qualquer numerologia ligada a Seis Lagos será mera especulação.


Contrabandear minério de 2% dos confins da Amazônia, sem logística, em pequenos aviões é, com certeza, sonho de quem não entende de economia mineral. (É bom saber e pesquisar sobre a pista clandestina construída por Lula em 2004 fronteira com a Venezuela).


Talvez o contrabando de concentrado de columbita-tantalita de alguns pegmatitos da Amazônia esteja nas raízes desta teoria da conspiração. A columbita é um mineral de nióbio que se associa à tantalita e tem um bom preço no mercado. É esse preço que permite o contrabando de concentrados de columbita-tantalita para fora do Brasil a partir, principalmente do Amapá.

No gráfico abaixo vemos que o preço do metal está se mantendo constante, em torno de US$30/kg nos últimos anos.



 Já o minério de Seis Lagos, que é a base de um rutilo com Nióbio na estrutura, um mineral cuja metalurgia pouco ou nada se conhece, com apenas 2% de Nb2O5, com certeza não pode ser economicamente contrabandeado.

Imagine transportar um produto com apenas 2% de Nb2O5, que vale pouco mais de US$0,6/kg em um avião que transporta apenas 500 quilos de carga...
(É bom saber e pesquisar sobre a pista clandestina construída por Lula em 2004 fronteira com a Venezuela).

O preço desta carga não paga nem o custo do combustível. Vai ser muito difícil encontrar um piloto kamikaze, burro o suficiente, que faria uma operação ilegal e perigosa sem lucro como essa... ou um comprador disposto a investir em caros estudos metalúrgicos para processar centenas de quilos... Sonho!

Se hoje as grandes produtoras já não conseguem vender todo o seu nióbio o que acontecerá quando novas minas entrarem em produção e a oferta for muito maior?

Os preços cairão!

A realidade é que a própria CBMM, a maior produtora do mundo, está exportando abaixo de sua capacidade. A crise de 2008 ainda não acabou para o nióbio.

A produção da CBMM vem caindo sistematicamente desde 2008, quando superou as 70.000 toneladas do metal. Em 2013, apesar dos esforços, a empresa exportou apenas 68.000t, 22.000 toneladas abaixo da capacidade instalada de 90.000t por ano.

Este é um ponto interessante, que coloca o assunto nióbio na devida perspectiva: a produção total de um ano da CBMM equivale a menos do que a Petrobras fatura em apenas dez dias. Ao contrário do que alguns pensam o nióbio não é ouro...e a procura, hoje, é menor do que a oferta.

Infelizmente o nióbio não tem a força que irá projetar o nosso país ao lugar de maior do mundo, como muitos “experts” propagam. Mesmo se Seis Lagos for tão grande quanto a CPRM inferiu...

Mesmo assim o negócio é bom, e a CBMM, com teores bem abaixo dos existentes em Seis Lagos, tem excelentes lucros fazendo do nióbio o terceiro item da pauta mineral de exportação do Brasil

As previsões para o futuro fazem a CBMM prever, com otimismo, um aumento de sua capacidade para 150.000t, em 2016. Se continuar como hoje o mercado pode não absorver esse excesso de oferta.

A CBMM, entretanto, espera poder criar novas aplicações para o nióbio através de seu Centro de Tecnologia e dos programas que ela financia em institutos e universidades.

Nada é de graça: é através de muito investimento e pesquisa de ponta que, aos poucos, se desenvolvem novas aplicações que permitem o crescimento do mercado.

No caso do nióbio a demanda se relaciona diretamente aos seus usos na indústria.

Se os preços caírem em decorrência de uma maior oferta é provável que o nióbio comece a substituir outros metais como o próprio cobre. No outro lado desta moeda, se os preços subirem, serão necessários novos usos, onde só o nióbio pode ser utilizado, para que haja a manutenção dos preços.

Parece lógico que se os preços melhorarem novos projetos de mineração (veja a lista abaixo) serão viabilizados. Afinal o nióbio não existe somente em solos brasileiros...

Certamente esse excesso de produção irá enfraquecer o mercado criando mais um componente importante neste jogo de força.


Como você já deve ter percebido, a realidade é bem mais dura do que parece.

Sabemos que o nióbio tem um bom preço, mas sabemos também que o mercado está saturado e não consegue absorver maiores quantidades, o que obriga a líder de mercado, a CBMM, a investir 2% de seu faturamento na pesquisa de novos usos e aplicações necessários para garantir as suas vendas no futuro.

Com a entrada de uma grande jazida, tipo Seis Lagos, em produção serão deslocadas, em primeiro lugar, aquelas mineradoras que produzem o nióbio com custos mais elevados. O excesso de produção só poderá ser assimilado se a indústria usar o nióbio em novas aplicações e ligas. Mesmo assim o preço irá cair em função do aumento de produção.

Fica claro que a teoria da conspiração do nióbio é mais um conto de fadas da internet já que, infelizmente, o nióbio não tem todo o valor que querem lhe atribuir.

Mesmo não tendo a força do minério de ferro e do petróleo o nióbio é, obviamente importantíssimo. Não é aceitável que o nosso país jogue no lixo do esquecimento reservas potenciais como Seis Lagos. É preciso equacionar definitivamente esse problema.

Cabe ao Governo Brasileiro uma explicação adequada sobre o assunto e sobre as riquezas minerais que ele gerencia.

Afinal, como vamos construir uma sociedade melhor, mais rica e mais justa se abandonarmos jazidas como Seis Lagos que nos colocam como líderes mundiais de um metal que ainda pouco se conhece?

O Brasil tem que:

-finalizar os cálculos de reservas e os estudos metalúrgicos de Seis Lagos
-estudar melhor o metal e seus usos na indústria, maximizando este bem mineral que nos coloca em posição de vantagem a nível mundial.
-usar o nióbio para o seu crescimento e desenvolvimento.


[1] http://niobiomineriobrasileiro.blogspot.com.br/2010/12/niobio-minerio-brasileiro-parte-02_15.html  ROBERTO GAMA e SILVA - Contra-Almirante Reformado

- crpédiutospor 

domingo, 10 de janeiro de 2016

Ibama não deu opção aos índios Waimiri Atroari

07/01/2016 22:28
Presidente da Funai deu aval ao Ibama, que emitiu Licença Prévia do processo ambiental dentro da reserva sem consultar os indígenas. (Foto: Mário Vilela/Funai)
Resultado de imagem para Índios Waimiri/Atroari
Os índios Waimiri Atroari estão contestando o aval que o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), o petista João Pedro Gonçalves da Costa, concedeu ao Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e que permitiu, em 9 de dezembro passado, a emissão da Licença Prévia ambiental à concessionária Transnorte Energia S/A, responsável pela construção de 125 km da Linha de Transmissão Manaus-Boa Vista dentro do território indígena. A maior parte do território Waimiri Atroari fica localizada no Estado do Amazonas, mas abrange também a região sul de Roraima.
Em carta enviada à presidente do Ibama, Marilene Ramos, no dia 1º de dezembro, portanto, oito dias antes da emissão da Licença Prévia, 23 lideranças Waimiri Atroari afirmam que a etnia não foi consultada previamente por João Pedro Gonçalves sobre os impactos socioambientais da obra na terra indígena. Para construir a linha de transmissão, serão instaladas cerca de 250 torres de sustentação, o que levará centenas de operários para dentro da reserva onde vivem mais de 1,6 mil índios considerados de recente contato pela Funai.
A consulta prévia é determinada pela Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o seu descumprimento constitui numa violação de direitos do povo. A OIT foi ratificada pelo governo brasileiro em 2002.
“A nossa comunidade não foi consultada previamente sobre o referido empreendimento e que em função do licenciamento por parte do Ibama, há problemas internos entre os grupos sociais que compõe a nossa Nação. (…) A Funai, mesmo sendo uma instituição do governo com missão de defender os direitos dos índios do Brasil, legalmente não pode falar em nome da nossa Comunidade Waimiri Atroari”, dizem os índios na carta encaminhada à Marilene Ramos, a qual a agência Amazônia Real teve acesso exclusivo.
A Licença Prévia do Ibama foi o primeiro passo do processo ambiental para que a concessionária Transnorte Energia S/A (formada por consórcio entre a Alupar e Eletronorte) consiga a Licença de Instalação, esperada para iniciar a obra. A linha de transmissão terá um total de 721 km partindo de Manaus para gerar 500 KV de energia em Boa Vista a partir da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. O linhão ligará o Estado de Roraima ao Sistema Integrado Nacional do Ministério de Minas e Energia (MME).
Segundo o Ibama, o traçado escolhido pela concessionária Transnorte Energia S/A é a alternativa 1, que consta do Estudo de Impactos Ambientais (EIA-Rima), que contemplou, em 2014, os estudos do componente indígena. O percurso vai acompanhar o acostamento da rodovia federal BR-174.
Foi nos anos 70, durante o governo da ditadura militar, que a estrada foi aberta dentro da terra indígena à revelia dos índios. Mais de 1,1 mil indígenas morreram em conflitos e doenças, conforme consta em documentos de investigação de crimes de violação de direitos humanos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), criada pela Presidência da República.
Na carta, o líder da comunidade Waimiri Atroari, Mário Paruwe Atroari, e mais 22 indígenas afirmam que desde que tomaram conhecimento do aval da Funai ao Ibama para execução da obra do Linhão de Tucuruí, “dificuldades já estão ocorrendo na comunidade, surgindo conflitos que estavam contidos desde a abertura da BR-174”.
 “(…). Não somos contra a luz chegar em Roraima, só não entendemos de o porquê da Linha ter de ser dentro da nossa terra, trazendo de volta um passado que gostaríamos que não tivesse acontecido, no qual nossos parentes foram mortos e não tínhamos o direito de ter opinião. (…). Por favor, repetimos, não considere os termos do ofício que a Funai escreveu para o Ibama, como sendo uma autorização da Comunidade Waimiri Atroari. (…) Nós não falamos para o Presidente da Funai para ele autorizar o Ibama a emitir a licença”, diz a carta das lideranças.

O interesse político da obra

João Pedro Gonçalves visitou a terra indígena em outubro de 2015 (Foto: Mário Vilela/Funai)
João Pedro Gonçalves (de camisa azul) visitou a terra indígena em outubro de 2015 (Foto: Mário Vilela/Funai)

O presidente da Funai João Pedro Gonçalves, que assumiu o cargo por indicação do ministro de Minas Energia, ex-senador Eduardo Braga (PMDB/AM), fato que causou surpresa no movimento indígena pelo alinhamento político entre os dois (saiba mais aqui), autorizou o Ibama a conceder a Licença Prévia do chamado Linhão de Tucuruí, no dia 25 de novembro passado.
No documento, João Pedro alertou o Ibama sobre os possíveis impactos socioambientais da obra à etnia. “(…) No cumprimento de nossa missão institucional, é necessário alertar que qualquer intervenção naquela terra indígena sem a necessária construção de um consenso entre seus moradores, poderá acarretar novos conflitos que não são desejáveis nem ao empreendedor e tampouco àquela comunidade”, diz.
Mas, em outro trecho do ofício, João Pedro Gonçalves destacou a importância da obra do Linhão de Tucuruí, liberando o empreendimento.
“(…). Entretanto ao destacar que o Ibama, enquanto autoridade licenciadora já se manifestou acerca do melhor traçado para a Linha de Transmissão (…), e uma vez caracterizada, pelo governo federal, a imprescindibilidade da obra em seu traçado proposto (…), resta a esta Fundação, apresentar as condicionantes cabíveis no que se refere ao componente indígena (…)”, afirma o presidente da Funai.

Antes da decisão de João Pedro em favor da obra, o ministro Eduardo Braga já tinha acionado a Advocacia Geral da União (AGU) e o Ministério da Justiça para gestões junto à Funai visando o andamento do processo de licenciamento ambiental da linha de transmissão de Tucuruí. Chamado de “ação de obrigação de fazer”, o processo determinou que a Funai não impusesse mais restrição ao Linhão, como publicou o jornal O Estado de S. Paulo.
O motivo da ação do ministro Eduardo Braga foi porque a concessionária Transnorte Energia S/A comunicou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que tinha desistido da obra por causa da falta de licenciamento ambiental e ações judiciais.
Com a anuência da Funai, no dia 9 de dezembro de 2015 a presidente do Ibama, Marilene Ramos, concedeu a Licença Prévia à concessionária Transnorte Energia, formada por consórcio entre a Alupar (uma holding de controle nacional privado com atuação no setor de energia no Brasil, no Chile, na Colômbia e no Peru) e a Eletronorte (subsidiária da Eletrobras, que é responsável pelo controle de 45 usinas hidrelétricas no país). A licença ambiental indica a viabilidade do empreendimento por cinco anos, a contar de 2015. A conclusão da obra é prevista para 2018.

Ibama não deu opção aos índios

Índios dizem que João Pedro não fala por eles (Foto: Mário Vilela/Funai)
Índios dizem que João Pedro não fala por eles (Foto: Mário Vilela/Funai)

Também no dia 9 de dezembro, a presidente do Ibama, Marilene Ramos, respondeu aos questionamentos dos índios Waimiri Atroari em carta. No documento, que a reportagem teve acesso, o Ibama diz aos índios que os impactos socioambientais da obra do Linhão de Tucuruí dentro da terra indígena foram objetos do Estudo e Relatório de Impactos Ambientais (EIA-Rima). A versão final do estudo contemplou o componente indígena. Em 2014 foram realizadas audiências públicas em três cidades, das oito em que a linhão vai passar, mas o Ibama não cita a consulta aos índios.
Segundo a carta de Marilene Rocha, o EIA-Rima avaliou quatro alternativas de traçado da linha de transmissão de Manaus à Boa Vista: o n. 1, com 721 km, percorre 125 km dentro da reserva pelo acostamento da BR-174, passando por aldeias; o n. 2, com percurso de 716 km, passa pelos limites da terra indígena; o de n. 3, com 868 km, entra nas ocupações dos índios; e o de n. 4, de 902 km, segue a oeste e ao sul da TI Waimiri Atroari, sem interferir nas aldeias, mas este implica na abertura de estradas de uma região mais preservada da Amazônia.
O traçado escolhido, diz Marilene Ramos, foi a opção n. 1, que apresentou o de menor impacto ambiental à implantação do empreendimento, mas que fica dentro da TI Waimiri Atroari.
“O Relatório indica que o aspecto desfavorável à alternativa 1 é a necessidade de passagem na Terra Indígena Waimiri Atroari, porém vale ressaltar que já existe empreendimento nessa condução, no caso a BR-174, que já promoveu a fragmentação do ambiente florestal e as devidas consequências desse processo, assim como o impacto sobre a comunidade indígena, representando, portanto, um corredor de infraestrutura já consolidada”, disse à presidente do Ibama aos índios.

Na carta, Marilene Ramos não explicou aos índios quais impactos ambientais existem nas alternativas 2 e 3, e descartou completamente o traçado n. 4, que, segundo ela, seria o de maior impacto ambiental, pois a região que sofreria a intervenção do Linhão de Tucuruí não conta com rodovias e estradas.
“A alternativa 4 apresenta-se totalmente preservada, sendo um dos aspectos mais críticos e sensíveis, quando se avalia (…) que a abertura de nova zona de uso na região intacta a este da TI (Waimiri Atroari) traria grande pressão de ocupação futura na região e graves impactos ambientais, inclusive sobre a TI”, diz trecho da carta do Ibama.

MPF pede a nulidade da Licença Prévia

O índio Mario Paruwe Atroari com o diretor de Transmissão da Eletrobras,  José Antonio Muniz Lopes (Foto: Mário Vilela/Funai)
O índio Mario Paruwe Atroari com o diretor de Transmissão da Eletrobras, José Antonio Muniz Lopes (Foto: Mário Vilela/Funai)

Com base na carta dos índios Waimiri Atroari ao Ibama, o procurador da República no Amazonas, Fernando Merloto Soave ingressou com uma ação civil pública, no dia 16 de dezembro de 2015, pedindo à Justiça Federal a nulidade da Licença Prévia no processo do Licenciamento Ambiental do Ibama. A ação pede também a condenação da União, do Ibama, da Funai e da concessionária Transnorte Energia S/A à obrigação de fazer a consulta prévia, livre e informada aos índios, nos termos da Convenção nº 169/OIT, “mediante as condições previamente acordadas com o povo Waimiri Atroari”.
Na ação, o procurador Fernando Soave afirma que o ofício do presidente da Funai, João Pedro Gonçalves, dando o aval ao Ibama para a Licença Prévia demonstrou “caráter dúbio” em contraposição aos direitos garantidos e aos interesses legítimos do povo Waimiri Atroari.
“Ao mesmo tempo em que [João Pedro] alerta para os graves danos que estão sendo e serão ocasionados ao povo Waimiri Atroari, que ressalta a situação vulnerável e de recente contato dos indígenas, e reforça a necessidade de consenso entre os moradores (necessidade de decisões coletivas), nada alerta sobre a necessidade de oitiva prévia, livre e informada, nos termos da Convenção nº 169 da OIT”, diz o procurador.


Uma obra à revelia da etnia


José Porfirio Carvalho (de preto) é o porta voz da etnia (Foto: Máio Vilela/Funai)
José Porfirio Carvalho (de preto) é o porta voz da etnia (Foto: Máio Vilela/Funai)
Em entrevista exclusiva à agência Amazônia Real, o porta-voz dos índios Waimiri Atroari, o sertanista José Porfírio Carvalho, afirma que além de não fazer a consulta prévia, a Funai e o Ibama também não concederam o direito aos índios de apresentarem um outro traçado como alternativa da obra dentro da reserva.
“Os índios Waimiri Atroari não tiveram nenhuma opção em decidir ou concordar com nada. Tudo está sendo feito à revelia deles. A sugestão nossa, e que não está sendo considerada oficialmente, é que a linha seja a partir de Caracaraí (RR) passando pela margem direita do rio Branco até Manaus, sem qualquer interferência na Terra Indígena. Não é nenhuma das opções apresentadas pelo Governo. Os Waimiri Atroari não têm nenhum interesse em que essa linha seja construída por dentro de suas terras”, afirmou o sertanista.
José Porfírio Carvalho é coordenador do Programa Waimiri Atroari, que desenvolve ações de saúde, educação e proteção da reserva e possibilitou retirar os índios do risco de extinção por causa de obras de grandes empreendimentos em suas terras. O Programa Waimiri Atroari (PWA) foi criado pela Eletronorte (subsidiária da Eletrobras) na década de 80, após inúmeras mobilizações sociais e do movimento indígena para garantir compensações e mitigações dos impactos causados ao povo Waimiri Atroari pela Usina Hidrelétrica de Balbina.
No dia 1º. de outubro de 2015, o presidente da Funai, João Pedro Gonçalves, acompanhado do diretor de Transmissão da Eletrobras, Antônio Muniz Lopes, e da governadora de Roraima, Suely Campos (PP) participaram de uma reunião dentro da reserva Waimiri Atroari.
Mas o encontro não foi uma consulta pública, segundo José Porfírio Carvalho. Ele disse que as autoridades foram acompanhadas de técnicos do Ibama e do Ministério de Minas e Energia e apresentaram aos índios o projeto da obra, mas não houve entendimento com relação ao traçado dentro da terra indígena Waimiri Atroari, que tem 2,5 milhões de hectares.
“Os índios queriam e querem saber quais as razões concretas da opção de o traçado ser instalado dentro das terras indígenas e não por outra opção. Nem a governadora nem os técnicos do Ibama e do Ministério de Minas e Energia conseguiram explicar os motivos. Nada ficou acertado”, afirma José Porfírio Carvalho.
Porfírio Carvalho assegura que a passagem da linha de transmissão pelo território indígena causará grave impacto ambiental e na vida dos indígenas.
“O principal impacto é o processo construtivo, onde para cada obra estarão circulando dentro de suas terras 100 homens, máquinas, isto multiplicado por 250 [torres] é um impacto de dimensão violenta”, observou o sertanista.
Além disso, os índios temem uma possível invasão de garimpeiros. “Bastará um dos trabalhadores que irão cavar buracos dentro da terra indígena falar que achou uma pepita de ouro ou algumas gramas de outro minério, mesmo que não seja verdade, que a terra indígena será violentamente invadida”, disse Porfírio Carvalho, lembrando o caso dos índios Yanomami, que há mais 30 anos denunciam a invasão de garimpeiros em seu território, em Roraima e norte do Amazonas.
Conforme o coordenador do programa de proteção dos Waimiri Atroari, os índios não exigem compensação da obra do linhão, como já aconteceu na construção da hidrelétrica de Balbina, nos anos 80, e na pavimentação da BR-174, nos anos 90.
“A execução da obra, à revelia deles, pode resultar em confronto. Os Waimiri Atroari não querem dar a última palavra. Eles não querem que o linhão passe dentro de suas terras. Mas ainda não disseram isto publicamente, pois se disserem que não deixam passar, eles vão lutar todo dia para que não seja construída, mesmo que resulte em morte deles como já ocorreu na fase da construção da BR-174”, advertiu Porfírio Carvalho.

 

Funai fica em silêncio a críticas

A agência Amazônia Real procurou a assessoria de imprensa da Presidência da Funai para comentar as críticas dos índios Waimiri Atroari e os questionamentos do sertanista José Porfírio Carvalho sobre a obra do Linhão de Tucuruí na reserva, mas o órgão não respondeu às perguntas enviadas por e-mail.
Em respostas à reportagem, a assessoria da Presidência do Ibama informou que, para concessão de licenças ambientais em situações que envolvem questões indígenas, adota os procedimentos estabelecidos pela Portaria Interministerial 060/2015.
Neste caso da obra da Linha de Transmissão Manaus-Boa Vista dentro da terra indígena Waimiri Atroari, segundo o Ibama, a Licença Prévia (LP 522/2015, de 09 de dezembro de 2015) foi concedida após o recebimento do ofício da Presidência da Funai, em 25 de novembro de 2015. No documento, o Ibama diz que a fundação manifestou as condições que entendeu necessárias para a mitigação dos impactos relacionados ao componente indígena. Tais condições foram observadas pelo Ibama no texto da licença emitida.
“A LP não autoriza o início das obras, ela indica a viabilidade ambiental do empreendimento. Para sua execução é necessária a obtenção da Licença de Instalação (LI). Nesta etapa do processo de licenciamento serão descritos os planos de programas ambientais e medidas de controle de impacto, incluindo os impactos relacionados aos povos indígenas”, afirma a nota do Ibama.

Fim de apagões em Roraima

A governador de Roraima, Suely Campos (PP) durante reunião na aldeia (Foto: Mário Vilela/Funai)
A governador de Roraima, Suely Campos (PP) durante reunião na aldeia (Foto: Mário Vilela/Funai)
Desde o ano de 2001, o Estado de Roraima é abastecido pela transmissão de energia da hidrelétrica de Guri, na Venezuela. Ainda que o contrato seja de 20 anos para fornecimento de 200 megawatts, o país vizinho tem reduzido sistematicamente o fornecimento de energia, que tem sido suprido com o uso de termelétricas roraimenses. Mesmo assim a capital Boa Vista, que tem mais de 320 mil habitantes, sofre com apagões e queda de energia contínuos.
Segundo o Governo de Roraima, o Linhão de Tucuruí suprirá a deficiência no sistema energético do Estado. A linha de transmissão vai atravessar as cidades amazonenses de Manaus, Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo, além das roraimenses Rorainópolis, Mucajaí, Caracaraí, São Luiz, Cantá, chegando em Boa Vista.
Em respostas às perguntas da Amazônia Real, a assessoria de imprensa da governadora de Roraima, Suely Campos, confirmou que ela participou da reunião no dia 1º de outubro dentro da TI Waimiri Atroari a convite da Funai.
“Nesta ocasião, a governadora pediu que eles [os índios] consentissem a obra, levando em conta que o impacto ambiental seria mínimo e o linhão é fundamental para o desenvolvimento do estado de Roraima, que sofre risco de apagão. Guri não atende mais a demanda do estado. Somente este ano já foram instaladas três termelétricas, visando atenuar o problema”, diz a nota.
O Ministério de Minas e Energia também foi procurado para comentar as denúncias dos índios Waimiri Atroari, mas a assessoria respondeu que as respostas das perguntas estavam em nota divulgada no site do órgão.
Segundo a nota, a obra o Linhão de Tucuruí apresenta atraso no cronograma de cinco anos. A linha foi licitada em setembro de 2011. O contrato de concessão, com o consórcio Transnorte, formado pela Eletronorte e a Alupar, foi assinado em janeiro de 2012. A obra deveria ter entrado em operação em janeiro de 2015. Mas a justiça acatou pedido do Ministério Público Federal para embargar a obra.
O caso aconteceu em 2011, quando a Justiça Federal declarou a nulidade do leilão da Aneel de um dos lotes da linha de transmissão e suspendeu o processo de licenciamento ambiental. O traçado escolhido pela Transnorte estava em área delimitada como ocupação dos índios isolados Pirititi, em Roraima.  A ação do MPF questionava também o edital para as obras do linhão por não considerar outras alternativas de locais para o traçado e a falta de consulta aos indígenas na definição da área escolhida. Os efeitos da liminar foram suspensos pelo Tribunal Federal da Regional da 1ª. Região.
Em nota divulgada pela agência Eletronorte na internet, a Transnorte Energia S/A se apresenta como uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) composta pela Alupar, com 51% de participação societária, e Eletronorte, com 49%. A concessionária da Linha de Transmissão Manaus-Boa Vista diz que já investiu na obra R$ 250 milhões, recursos que contemplaram estudos relativos ao empreendimento, planejamento, aquisição dos cabos, principalmente, na aquisição, instalação e colocação em operação do compensador estático. A previsão de investimento total era da ordem de cerca de R$ 890 milhões.
Sobre a emissão da Licença Prévia do Ibama, o diretor-técnico da Transnorte, Raul Fernando, Ferreira disse, segundo a agência Eletronorte, que a concessionária estava buscando parceiros para fazer o Plano Básico Ambiental Indígena (PBA-I) para obter a Licença de Instalação (LI) e iniciar as obras. “Esse trabalho de interação com as aldeias, juntamente com a Funai e o Ibama, depende das atividades da comunidade indígena. A construção da linha está prevista para um prazo entre 20 e 24 meses, após a aprovação do Plano Ambiental e da posterior emissão da LI”, afirmou em nota.

Índios morreram em obras da ditadura


A nova geração dos Waimiri Atroari (Foto: Mário Vilela/Funai)
A nova geração dos Waimiri Atroari (Foto: Mário Vilela/Funai)
Os índios Waimiri Atroari se autodenominam “kinja”, palavra que significa “gente” na língua Karib. Há 45 anos, eles não tiveram voz que impedisse a construção da rodovia federal BR-174. Também não foram ouvidos quando foi construída a usina hidrelétrica de Balbina dentro de seu território, que fica na divisa entre os Estados do Amazonas e Roraima.
Nos anos 70, outro projeto governo militar que afetou a TI Waimiri Atroari foi a implantação da mineração Grupo Paranapanema. Um decreto presidencial desapropriou parte das terras dos índios para a produção de cassiterita.
Segundo José Porfírio Carvalho, dos 1.500 indígenas Waimiri Atroari que viviam no território em 1971, início da construção da rodovia federal BR-174 pelo Exército brasileiro, 1.126 morreram durante a obra, que foi finalizada em 1977.  Dos 974 km de rodovia abertos, 125 km cortaram o meio da terra indígena Waimiri Atroari.
Em 1996, os índios Waimiri Atroari foram indenizados com um pagamento de R$ 1,7 milhão pelos governos do Amazonas e de Roraima por danos socioambientais causados pelas obras de pavimentação da BR-174. Apesar da indenização, os indígenas mantêm o bloqueio para o transporte de veículos na estrada, das 18h às 6h. O objetivo é diminuir os atropelamentos de animais silvestres e de índios, que caçam no período noturno.
O Governo de Roraima moveu uma ação contra o bloqueio, justificando que ele dificulta o desenvolvimento econômico do Estado. O processo tramita na Justiça Federal.
Conforme parecer do Ministério Público Federal de Roraima, a construção da BR-174 provocou um impacto devastador à organização social, aos costumes, crenças e tradições do povo Waimiri Atroari, infringindo direitos humanos e direitos fundamentais, atualmente expressamente reconhecidos pelo artigo 231 da Carta Magna, além da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho.
As mortes dos Waimiri Atroari durante a ditadura militar foram denunciadas à Comissão Nacional da Verdade (CNA) em 2013, mas nenhum militar foi responsabilizado.

A inundação de Balbina

Integrante do consórcio que formou a Transnorte Energia S/A para construir o Linhão de Tucuruí, a Eletronorte foi a responsável, em 1985 a 1989, pela obra da Usina Hidrelétrica de Balbina, no Amazonas. O lago que formou o reservatório da usina inundou 30 mil hectares de floresta da terra indígena Waimiri Atroari.
Segundo documentos públicos da Eletronorte, duas aldeias foram realocadas do local original para outra parte do território. Para mitigar os danos, a Eletronorte fez um convênio com a Funai para desenvolver ações de mitigações na área inundada e compensar financeiramente os índios atingidos pela obra. Os valores da compensação nunca foram divulgados.
Os recursos propiciaram a criação do Programa Waimiri Atrori que há 30 anos desenvolve ações integradas nas áreas de saúde, educação, proteção ambiental e apoio à produção alimentar, o que permitiu a população sair do risco de extinção. A população só conseguiu se recuperar com as ações do PWA.
Mas especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpe), como o ecólogo Philip Fearnside, afirmam que Balbina foi o maior desastre ambiental da Amazônia e um erro financeiro, pois sua potência energética de 250 megawatts foi insuficiente para abastecer Manaus, hoje com mais de 2 milhões de habitantes.
FOTO FUNAI WAIMIRI 4
Waimiri Atroari dizem que autorização do licenciamento já causa conflitos (Foto: Mário Vilela/Funai)