A Brasil Warrants, empresa de participações da família Moreira Salles, adquire a fatia de 35% da sócia americana Molycorp, controlada pela Chevron, na Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM). Com sede em Araxá, Minas Gerais, a CBMM é a maior exportadora de nióbio do mundo, com vendas externas de US$ 500 milhões por ano. O nióbio é usado na indústria siderúrgica - para a produção desde aço inoxidável a semicondutores - em oleodutos e em gasodutos.
Com a aquisição, a Brasil Warrants passa a deter 98,5% da CBMM. Cerca de 1,5% do capital é de José Alberto Camargo(José Alberto de Camargo era conselheiro do Instituto da Cidadania, fundado por Lula, e presidente da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, que pertence à família Moreira Salles. Ele comprou a peça Cristo e pagou r$ 60 mil a Dom Mauro, em janeiro de 2003. Por sugestão de Frei Betto, resolveu dá-la a Lula), executivo que foi por anos presidente da companhia. É importante notar que os investimentos da família Moreira Salles no Unibanco se dão por meio de outra empresa, a E. Johnston (?). A Brasil Warrants não faz parte das empresas da Unibanco Holdings. Outra empresa ainda, a Santana, concentra o caixa e investimentos em imóveis dos Moreira Salles.
MOMENTO HISTÓRICO (foto ao lado)
Pedro Moreira Salles, presidente do Unibanco (sentado, à esq.), Roberto Setubal, presidente do Itaú (sent. à dir.), Israel Vainboim, presidente do Conselho de Administração da Unibanco Holdings e anfitrião do encontro (em pé, à esq.), e Henry Penchas, ex-vice-presidente do Itaú
Israel Vainboim, vice-presidente da Brasil Warrants, não quis revelar o valor da aquisição. Mas confirmou ao Valor que a empresa tomou empréstimo sindicalizado (com a participação de vários bancos) de US$ 300 milhões, um pré-pagamento à exportação, para financiar a compra. O empréstimo, sob a liderança do ABN Amro, tem prazo de vencimento em cinco anos. O custo para a empresa ficou em torno de 1% ao ano sobre a Libor, a taxa interbancária de Londres. Como a Brasil Warrants é uma holding e não uma companhia exportadora, vai comprar performance de exportação da CBMM e de outras empresas no mercado específico para isso.
Foto abaixo:)IPATINGA - O presidente da Nippon Steel Corporation (NSC), Shoji Muneoka, foi recebido no Brasil pelo presidente da Usiminas, Wilson Brumer, e pelo presidente do Conselho de Administração da Usiminas, Israel Vainboim, para uma visita de cortesia, no início desta semana, às instalações industriais da siderúrgica brasileira. Seguindo uma tradição de seus antecessores, o executivo japonês pôde conhecer in loco o ciclo de investimentos em laminação, atualização tecnológica e galvanização empreendido pela Usiminas nas usinas de Ipatinga (MG) e Cubatão (SP).
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Segundo Vainboim, a Brasil Warrants não costuma se alavancar. "Uma holding não é um lugar para se fazer estripulias", diz. "É sempre necessário observar se o fluxo de dividendos das companhias operacionais será suficientes para pagar a dívida", lembra o experiente executivo. A opção de tomar o pré-pagamento à exportação se deveu ao custo "baixíssimo" do empréstimo, conta Vainboim, que faz parte do conselho do Unibanco e é presidente da diretoria da holding que o controla.
Segundo Vainboim, a decisão foi tomada pela própria Chevron. Em agosto de 2005, a gigante americana comprou a Unocal (Union Oil of California), que controlava a Molycorp, a sócia dos Moreira Salles na CBMM. Conforme o executivo, não fazia sentido estratégico à gigante do petróleo manter uma participação tão pequena, de 35% na CBMM, apesar de a empresa ser um "ótimo negócio", que rende dividendos "excelentes" e é líder no seu setor no mundo todo.
A Brasil Warrants viu então uma boa oportunidade de investimento e resolveu ampliar sua participação na CBMM. Na verdade, desde 2004, quando foi comprada pela Unocal, a Molycorp vinha reduzindo sua participação na empresa e a Brasil Warrants, ampliando. Inicialmente, a fatia era de 44,59%. A venda de 4,59% em 2004 rendeu ganhos de US$ 15 milhões antes dos impostos, à época. Depois, foram vendidos mais 5% e agora, outros 35%.
A filosofia da discreta Brasil Warrants é investir em empresas "éticas e certinhas", como definiu Vainboim, que não tenham contingências fiscais, por exemplo, para manter o legado do patriarca banqueiro e embaixador Walther Moreira Salles, morto em fevereiro de 2001. A holding só está presente nos conselhos, nunca nas diretorias, das empresas nas quais participa, dando amplos poderes aos executivos. Mas ajuda a selecionar e acompanhar a administração dessas companhias. "Nosso principal 'know-how' é financeiro e, por isso, buscamos sempre ver se as atividades de nossas controladas estão financiadas da melhor forma, no melhor prazo e na melhor moeda", diz Vainboim.
Recentemente, a Brasil Warrants fez um desinvestimento importante: vendeu os direitos de explorar a marca Blockbuster no Brasil para a Lojas Americanas* (*grupo Lemann, Ambev ,Bc.Garantia), da GP Investimentos, por R$ 186,2 milhões. A marca americana foi implantada no país pela Brasil Warrants em parceira com o Unibanco, 40% a 60%, há 11 anos, mas os ganhos ano a ano foram "medíocres", não muito superiores à Libor, taxa interbancária de Londres, diz o executivo. No entanto, como a empresa estava desvalorizada por causa disso, sua venda vai proporcionar ganho contábil "considerável", que ele preferiu não revelar.
Mais rentável foi a participação na incorporação do Centro Empresarial Nações Unidas (CENU), na avenida Roberto Marinho com a Marginal Pinheiros, por meio da Imopar. O empreendimento foi vendido para o Hilton, Funcep e Tishman Speyer. "Obtivemos ganhos mais próximos ao DI", disse.
A holding ainda tem algumas salas no CENU que aluga e vende. Tem participação na Aracruz e já esteve na rede Novo Hotel e na Carbocloro, entre outras empresas.
A empresa nasceu nos anos 50, quando a Brazilian Warrants foi adquirida pelo patriarca Walther Moreira Salles na bolsa de Londres. Na época, a companhia era uma grande fazenda em Matão (SP), de 55 mil hectares, que havia sido usada para a produção de café antes da crise de 29. Logo foi nacionalizada e virou Brasil Warrants. Aos poucos, partes da fazenda foram sendo vendidas para capitalizar o Unibanco e hoje restam 15 mil hectares na Fazenda de Cambuí.